segunda-feira, 18 de novembro, 2013

Motorola retoma celular mais barato

Fã de corridas do tipo Ironman - que envolvem nadar 3,86 quilômetros, pedalar outros 180 e correr os 42,2 km de uma maratona -, o executivo-chefe da Motorola Mobile, o americano Dennis Woodside, tenta manter uma rotina de treinamento diária.
A ideia é manter-se em forma para conquistar marcas cada vez melhores nas provas, que são realizadas durante um dia inteiro e têm tempos máximos para a realização de cada etapa. Mas a preparação de Woodside também será útil para enfrentar um desafio ainda mais intenso: recolocar a fabricante de celulares Motorola na lista de empresas com relevância de um setor que hoje corre para alcançar a Apple e a Samsung.
O primeiro passo nessa disputa foi dado em setembro, com o lançamento do Moto X, o primeiro celular desenvolvido pela companhia após a aquisição pelo Google, concluída em maio de 2012. Agora, a empresa inicia a segunda etapa, ao lançar o Moto G, uma versão mais simples e mais barata do primeiro aparelho. Nos EUA, o Moto G será vendido a US$ 180, sem contrato com uma tele; é menos da metade do preço do Moto X.
"Estamos em busca de crescimento e o mercado de smartphones baratos tem muito potencial. A estimativa é que haverá um mercado de 500 milhões de unidades no mundo no ano que vem", disse o executivo ao Valor. Woodside veio ao Brasil nesta semana para lançar o aparelho. O país será um dos 30 primeiros a receber o modelo.
O celular será vendido no Brasil em quatro versões com preços de R$ 649 a R$ 999. Segundo a empresa de pesquisa Nielsen, a média de preço dos smartphones no país foi de R$ 650 no primeiro semestre.
O mercado de telefones mais baratos tem atraído os fabricantes por conta da saturação de mercados mais maduros. Nos EUA, por exemplo, as vendas de smartphones já representam 50% do total. A saída para manter o crescimento é desenvolver aparelhos mais baratos, acessíveis a moradores de países emergentes, onde o uso dos aparelhos avançados é menor. No Brasil, o índice de uso é de 30%.
Preços mais baixos, no entanto, representam margens de lucros menores. Para equilibrar isso, os fabricantes optam por fazer aparelhos com configurações mais simples, que muitas vezes não exibem vídeo em alta resolução, ou não executam alguns aplicativos.
Com o Moto G, a Motorola adotou uma postura diferente e incluiu recursos avançados, como câmera frontal para videoconferência e um processador de oito núcleos - presente em aparelhos na faixa de R$ 1,5 mil. Mesmo com um custo mais alto, Woodside diz que a Motorola terá retorno financeiro com o Moto G.
Segundo o executivo, a "mágica" para que isso acontecesse envolveu medidas como reduzir o número de componentes usados na montagem do Moto G e negociar preços com fornecedores. Com a fabricante de chips Qualcomm, a empresa conseguiu valores mais atrativos ao assumir o compromisso de compra de um volume mais alto de um novos componentes. "É interessante para os fornecedores conseguir um volume alto de vendas", afirmou.
O equilíbrio dos custos é um aspecto primordial para a Motorola em sua nova fase. Desde que passou a fazer parte do Google, a fabricante tem pesado no balanço da empresa de internet. No trimestre encerrado em 30 de setembro, a Motorola teve um prejuízo de US$ 248 milhões, 30% a mais do que o registrado no mesmo período do ano passado. O resultado decorreu de uma redução de 33% nas vendas, que ficaram em R$ 1,18 bilhão. O objetivo, é reduzir essa dependência do Google o quanto antes. "Queremos volume de vendas. E quanto mais a receita subir, melhor será o resultado final", disse.
O investimento em aparelhos mais baratos já trouxe problemas para a Motorola. Quando o mercado caminhava para modelos mais avançados, em 2006, a empresa apostou nos telefones mais simples, em busca de ganhos com volume de vendas. A estratégia foi abortada em 2008, quando decidiu se concentrar apenas em smartphones com o sistema operacional Android, do Google.
Pela estratégia de Woodside, a ideia é equilibrar a oferta em diferentes faixas de preços, com o aumento na linha de produtos da Motorola em 2014. A expansão geográfica também será importante. Apesar de ser uma marca conhecida globalmente, nos últimos anos a Motorola vinha concentrando suas forças em mercados em que tinha uma presença mais significativa, como a América Latina. "É o telefone que as operadoras querem. Temos a oportunidade de chegar a mercados que não estávamos investindo nos últimos anos, como a Europa e a Ásia", disse Woodside, referindo-se ao Moto G.
Segundo a empresa de pesquisa Strategy Analytics, a Motorola representou menos de 2% das vendas de smartphones em todo o mundo no 3º trimestre.
Valor Econômico - 17/11/2013
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