Volkswagen define estratégia para enfrentar fim da cinquentona Kombi

Sem a lendária Kombi, que sai de linha no fim deste ano, e com a General Motors (GM) em seu encalço na disputa pela segunda posição em vendas no país, a Volkswagen vai se lançar a um novo segmento popular do mercado automotivo para recuperar o mais rápido possível o espaço perdido em 2013.
Em breve, a montadora começa a produzir, na fábrica de Taubaté (SP), o aguardado modelo subcompacto que estará posicionado numa gama abaixo do Gol, o carro mais popular do país. O lançamento é aguardado até fevereiro.
Oficialmente, a empresa não confirma prazos, preços e nem mesmo o nome do veículo. Mas o presidente da Volks no Brasil, Thomas Schmall, parece não se esforçar mais em esconder que o modelo de entrada será o subcompacto Up!, hoje produzido na Alemanha. Ao participar, ontem, de congresso organizado na capital paulista pela Autodata, o executivo mostrou em um dos slides de sua apresentação a imagem de um carro coberto por um tecido e brincou com a plateia. "Quem tem conhecimento de nosso portfólio sabe o que está embaixo", disse, acrescentando que, assim como a economia, a Volks também tem seus "ups and downs". Não se fez necessária qualquer explicação para a maior parte da plateia, formada por executivos do setor, entender o quê Schmall estava dizendo.
Essa é a grande aposta da Volks para voltar a crescer a partir do ano que vem no Brasil, seu segundo maior mercado global - atrás da China - e, portanto, estratégico nos planos do grupo de se tornar o maior fabricante de carros do planeta. O carro vai concorrer com alguns dos modelos mais emplacados do país como, o Uno, da Fiat; o Celta, da GM; e o Ka, da Ford.
Nas contas da direção da Volks, esse segmento será o que mais vai crescer nos próximos anos e representar 20% das vendas da indústria automobilística brasileira até 2018, saindo da parcela de 11,6%.
O Up!, assim como a nova geração do Golf - que, em dois anos, será produzida no Paraná - faz parte do que a Volks tem chamado de terceira fase de desenvolvimento no país. Depois de passar por uma reestruturação com foco em custos de produção e ampliar a linha de produtos, a montadora inicia agora um ciclo de atualização das plataformas brasileiras ao padrão tecnológico global do grupo.
Espera-se que a chegada desse carro ajude a minimizar o impacto provocado pelo fim da produção da Kombi, modelo de 56 anos, mas ainda líder no segmento de furgões comerciais compactos. Sem encontrar formas economicamente viáveis para adequar o veículo à introdução dos novos dispositivos de segurança que passarão a ser obrigatórios em 2014, caso do airbag e do freio ABS, a Kombi não poderá mais ser fabricada.
Ontem, Schmall disse que a montadora pretende preencher com outros modelos de alta escala o espaço deixado na fábrica de São Bernardo do Campo (SP) pelo fim da produção da Kombi. O executivo, porém, informou que ainda não foi definido um substituto para a perua. Ele disse que a montadora precisa ocupar a fábrica paulista para diluir os custos, mas não adiantou quais carros serão produzidos no local. Segundo o executivo, tanto modelos novos como os já existentes poderão ocupar o espaço deixado pela Kombi.
Neste ano, a Volkswagen, apesar do recuo nas vendas, tem mantido a segunda colocação no ranking das marcas de carros mais emplacados no país. Contudo, a montadora está sendo acompanhada de perto pela GM, que ganhou espaço após concluir uma ampla renovação de sua linha.
Enquanto a participação de mercado da Volks caiu de 21,2% para 18,8%, a fatia da concorrente americana subiu de 17,7% para 18% no acumulado até setembro, comparativamente a igual período do ano passado.
Ontem, o presidente da GM no Brasil, Santiago Chamorro, disse que a meta da empresa será defender no ano que vem a posição conquistada em 2013 e evoluir na nacionalização de sua gama de produtos, o que significa a maior utilização de conteúdo local nos carros.