quinta-feira, 17 de outubro, 2013

BlackBerry muda estratégia para driblar crise financeira

SÃO PAULO - Em meio a uma recente turbulência e um possível processo de venda, a canadense BlackBerry aposta em reestruturação e novos modelos de mercado para se manter relevante. Após um número inferior de vendas de smartphones no último trimestre fiscal (6,8 milhões de unidades contra uma expectativa superior a 7 milhões) puxado principalmente pelo forte desempenhos dos rivais Apple e Samsung, a companhia decidiu aumentar o foco na criação de softwares e soluções corporativas. "Nosso número de celulares será menor, teremos apenas quatro modelos em nosso catálogo", conta Adriano Lino, gerente de comunicação da BlackBerry Brasil.
Presente em 90% das empresas Fortune 500 (lista com as 500 maiores corporações do mundo), a BlackBerry aposta no DNA empresarial para alavancar seus atuais combalidos números. Seu mais recente lançamento é o BlackBerry Entreprise Service 10 - ou BES 10 -, um software que surge como solução para a consumerização ou BYOD (traga seu próprio dispositivo, em inglês), nome dado à prática de usar aparelhos pessoais móveis - como smartphones e Tablets - no trabalho. Um sinal que sugere novos tempos à companhia é a adaptação da plataforma a outros sistemas operacionais, como iOS e Android. "Nós percebemos que temos segurança de gerenciamento. E decidimos levar isso para outras plataformas (...) O BYOD fez a BlackBerry deixar de gerenciar só a nossa plataforma e aderir também a iOS e Android", revela Lino.
Os números recentes da BlackBerry não são nada animadores. No último balanço divulgado em junho - referente ao primeiro trimestre do ano fiscal de 2014, findo em 1º junho -, a companhia revelou prejuízo de US$ 84 milhões. Em setembro, anunciou a demissão de 4,5 mil funcionários para reduzir custos. "A empresa está se reestruturando para este novo foco", conta Renato Gil Martins, gerente de vendas corporativas da BlackBerry Brasil.
Softwares e serviços representaram 26% da receita da BlackBerry no último ano fiscal. E a ideia da empresa é que essa margem aumente a partir dessa reestruturação iniciada. "Estamos, sim, focando em softwares. É uma tendência natural. Mas é importante salientar que não estamos saindo do mercado de hardwares", pondera Matt Gueiros, gerente técnico de soluções da BlackBerry na América Latina.
A BlackBerry tem motivos para acreditar numa guinada a partir de uma nova estratégia. De acordo com pesquisa feita pela IDC em parceria com a Intel e divulgada no início do mês, o mercado de TI e telecom movimentou, ao todo, US$ 3,5 trilhões em 2012. O segmento tem média de 5% de crescimento anual. No Brasil - que tem metade do mercado na América Latina - , os números são ainda mais positivos: média de crescimento de 11% ao ano.
De acordo com especulações surgidas no início do mês, a BlackBerry estaria em negociações para vender participações ou a totalidade de seus ativos. Segundo a imprensa internacional nomes como Google, Cisco Systems e SAP estão entre as companhias interessadas na empresa canadense. Fontes ligadas ao setor ainda afirmam que os possíveis compradores estariam interessados essencialmente nos servidores de rede da BlackBerry e na patente de seu portfólio.
Diário Comércio Indústria e Serviços – 16/10/2013
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