terça-feira, 05 de setembro, 2017

Negócios sustentáveis querem elevar exportações nos próximos três anos

São Paulo - Os negócios sustentáveis do Brasil pretendem elevar a participação das exportações em seus faturamentos nos próximos três anos e apostam nos Estados Unidos (EUA) para ajudar a alavancar vendas.
A marca de vestuário Flávia Aranha e a indústria de cortinas hospitalares BR Goods, por exemplo, reuniram-se com compradores norte-americanos e de outros países na semana passada, na segunda rodada de negócios da Brazilian Sustainable Solutions (BBS), promovida pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), na cidade de São Paulo.
Na avaliação das empresas, além dos EUA terem demanda por produtos e soluções sustentáveis, o tamanho do mercado consumidor permite ganho de escala.
A sócia-fundadora da BR Goods Beatriz Cricci conta que as vendas externas representam 5% do faturamento anual da empresa hoje, com mercados consolidados na Argentina, Uruguai e Panamá. "No entanto, queremos chegar a 30% nos próximos dois ou três anos", diz Beatriz, comentando que durante a BBS encontrou potenciais compradores na Nigéria e nos EUA, mas ainda não fechou nenhum negócio.
"Apesar dos meus principais concorrentes estarem nos Estados Unidos, meu produto tem a mesma qualidade que o deles, mas com um preço inferior", relata.
A BR Goods, fundada em 2001, já chegou a ter 10% da sua produção voltada para o mercado externo, tendo exportado para Emirados Árabes, Arábia Saudita, Omã, Venezuela, Portugal e EUA. Porém, agora, a empresa pretende crescer a partir de um planejamento estratégico. "Antigamente, as exportações eram muito esporádicas", comenta Beatriz.
Ela pontua que esta visão mais estruturada surgiu a partir da sua participação em um projeto da Apex, em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV), o chamado ICV Global - Inovação e Sustentabilidade nas Cadeias Globais de Valor. Esta iniciativa dá suporte para que as pequena e médias empresas do Brasil, com foco em sustentabilidade, consigam se posicionar no mercado internacional.
Moda sustentável
Flávia Aranha, estilista que assina uma marca de vestuário com o seu nome, também participou do projeto da Apex e da FGV. Ela, que iniciou as suas operações em 2009 vendendo mais para outros países do que para o Brasil, possui, hoje, menos de 5% do seu faturamento anual voltado para o mercado externo. Como a marca começou a crescer muito rápido, ela preferiu interromper as operações internacionais para reestruturar processos internos.
No entanto, o intuito da Flávia Aranha é expandir a participação da exportação no faturamento para 20% nos próximos três anos. Ela destaca que a marca se preparou para encontrar com potenciais compradores dos EUA na rodada de negócios.
A estilista identificou neste mercado demanda por roupas sustentáveis. Como o foco da marca é o tingimento natural a partir de plantas e técnicas artesanais nacionais, que valorizem a biodiversidade e a mão de obra, Flávia avalia que pode ser um bom momento para entrar nos Estados Unidos.
"Na Europa, há muita preocupação com a sustentabilidade, mas o consumo local é menor. Nos EUA, temos boas chances de crescer, pois o mercado é grande", diz Flávia, que já tem pontos de venda consolidados na Alemanha e na Suíça. Ela acrescenta que o objetivo não é crescer rápido.
"Não é interessante para nós realizarmos uma grande venda pontual, mas, sim, pequenas exportações que gerem um relacionamento mais consistente com o cliente, que se traduza em futuras compras", relata. "Este pensamento mais estratégico e de longo prazo adquirimos ao longo do projeto da Apex", conclui a estilista.
Beatriz, da BR Goods, detalha ainda que a sustentabilidade está em toda a estrutura da empresa. Ela trabalha, por exemplo, com lâmpadas econômicas e telha transparente para aproveitar a luz solar; reutiliza o máximo dos insumos para não produzir resíduos, além de ter desenvolvido cortinas hospitalares que demandam menos água na higienização, do que as outras que estão no mercado.
Adriana Rodrigues, coordenadora de competitividade da Apex, analisa que a exportação de produtos e soluções sustentáveis está em expansão. A Europa é o mercado mais maduro neste sentido, mas há potencial de crescimento para o Brasil na China, Israel, Letônia, Africa do Sul, Nigéria, México, Peru, Colômbia.
Apesar de não ser uma regra, Adriana diz que muitos negócios sustentáveis no Brasil já nascem globais. "Há uma fábrica nacional que produz embalagem biodegradável a partir de fécula de mandioca, produto com alta demanda na Alemanha, mas que, no Brasil, é caro para produzir."
DCI – 04/09/2017
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