quinta-feira, 08 de junho, 2017

Hoteleiras menores aproveitam oportunidades na maré baixa

São Paulo - Enquanto o mercado não se recupera, administradoras hoteleiras nacionais de pequeno e médio porte aproveitam para expandir suas operações. O desafio agora será conseguir manter o ritmo de expansão em meio a um cenário instável com demanda reduzida, alta dos custos e queda na diária média praticada no País.
"É uma questão de relacionamento. O perfil do investidor mudou e as pequenas ganharam espaço, porque durante muito tempo as grandes não investiram nisso", destaca a gerente geral da Nobile Suítes Congonhas, Renata Beraldo, sobre as oportunidades de conversão de bandeiras no setor.
Na opinião da executiva, o investidor pulverizado está cada vez mais informado e tem exigido das administradoras uma maior transparência e atenção. "Hoje não basta ser grife. Isso é uma oportunidade para as administradoras menores e já vemos grandes preocupadas com o movimento", acredita Renata.
Só em São Paulo, a Nobile realizou seis conversões entre 2016 e 2017. "E temos obtido bons resultados. O Nobile Suítes Congonhas [o primeiro da rede na capital] fez um ano de operações e conseguimos passar de 40% de ocupação para 70%. No mês passado estávamos com 75%", conta. Em 2017, a rede anunciou conversões em Petrolina (PE), São João do Meriti (RJ), Rio Branco (AC), Aracaju (SE) e Recife (PE), antes pertencentes a redes como Best Western, AccorHotels e Atlantica Hotels.
De acordo com o fundador e presidente da Nobile, Roberto Bertino, a meta para o ano é atingir 28% de crescimento do faturamento e 18% de incremento na oferta de apartamentos. Atualmente são 36 hotéis na rede. "Os novos empreendimentos já abertos e a serem abertos em 2017 somam investimentos de R$ 180 milhões com recursos de terceiros", diz Bertino.
No caso da Vert Hotéis, que encerrou 2016 com 14 unidades, o objetivo é atingir entre 20 e 22 empreendimentos (entre administrados e franqueados) no portfólio. "O grande foco será a cidade de São Paulo e o interior do estado. Em três anos queremos 12 hotéis na região", explica o diretor de vendas e marketing da Vert Hotéis, Bruno Guimarães. O cálculo é que os novos empreendimentos exijam um aporte de R$ 141 milhões, com recursos de terceiros. Atualmente, a rede opera marcas próprias e licenciadas como o Ramada.
Mesmo com taxas de ocupação médias entre 55% e 66%, consideradas baixas para a hotelaria, o executivo aponta que a rede se prepara para a retomada do País. Uma estratégia que a rede irá utilizar para aumentar a demanda é a parceria recém anunciada com a administradora argentina Aadesa Hotels. A ideia deste contrato é aproveitar o fluxo de passageiros entre a Argentina e o Brasil em ambas as marcas. "Vamos trabalhar em três frentes: a primeira foi conectar os sites, depois trabalhar comunicação visual nos hotéis e por último usar a força da equipe de vendas local. Se um cliente daqui quiser ir para a Argentina, minha equipe pode negociar os hotéis da Aadesa."
Atualmente, o contrato é apenas comercial, mas de acordo com Guimarães, a empresa não descarta a possibilidade de uma sociedade acionária no futuro.
Outras questões que podem ajudar na retomada da demanda, segundo ele, são a mudança nas leis trabalhistas e a regulamentação dos cassinos. "Queremos que os direitos do trabalhador sejam respeitados, mas precisamos da regulamentação da terceirização no turismo para não trabalhar apenas com mão de obra linear e conseguir ter mais funcionários nas horas de pico", analisa. Sobre os cassinos, ele destaca que a atividade vem em linha com os novos investimentos da hotelaria em entretenimento. "Acreditamos que o hotel não é apenas um quarto e a lei vem de encontro com isso", analisa.
Análise de mercado
Segundo o sócio-diretor da consultoria HotelInvest, Diogo Canteras, hoje, com a queda da rentabilidade dos hotéis, há uma procura maior por conversões. No entanto, o executivo aponta que a situação financeira das administradoras hoteleiras também ficou em modo 'sobrevivência' com a crise. Por isso, é necessário que grandes e pequenas tenham cuidado com o endividamento. "Expandir é oportunidade do momento, mas tem que ter um sócio capitalizado que banque o prejuízo neste cenário", explica.
Segundo ele, a demanda teve uma queda de mais de 20% na comparação com 2012, o que deixou a rentabilidade da administradora a um terço do que era em períodos anteriores à crise. "Aumentar o número de hotéis com o mesmo número de pessoal para atender pode gerar uma situação muito ruim", diz.
Uma oportunidade, citada por ele, é a consolidação de mercado. "Neste momento, quem comprar ou unir com outras e consolidar aproveita a oportunidade [de expansão], porque assim você ganha fôlego e escala", diz Canteeas. Sobre colocar esta teoria na prática, ele cita que várias redes já ensaiaram a oportunidade, mas ainda nada foi 'fechado'.
Para ele, a retomada do mercado depende diretamente do crescimento econômico do País. "A ocupação se recupera de forma mais rápida, mas a retomada do crescimento [ocupação, receita e diária média] deve demorar um pouco mais", conta. A projeção é que o mercado volte a patamares de rentabilidade de 2012 a partir de 2022.
DCI - 07/06/2017
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