terça-feira, 07 de junho, 2016

Máquinas de venda direta vão além do refrigerante com salgadinho

As máquinas de venda direta têm potencial para movimentar mais que os cerca de R$ 1 bilhão que devem gerar no Brasil neste ano.
O cálculo é da empresa EPS, que organiza, em setembro, a Expo Vending e OCS ("office coffee service", serviço de café para escritórios).
Há hoje cerca de 80 mil máquinas no país, uma média de 2.500 habitantes para cada uma. No Japão, o recordista, são 5,6 milhões - um aparelho para cada 23 pessoas.
Mas, apesar da baixa penetração, as máquinas vêm ganhando espaço vendendo itens mais caros.
A i2GO começou neste ano a vender assessórios para celular e tablet, como capinhas e carregadores, por meio das "vending machines".
"A principal vantagem é o funcionamento 24 horas", diz Daniel Doho, 35, um dos sócios da empresa.
As 12 máquinas da empresa estão em aeroportos, rodoviárias e estações do Metrô e custaram cerca de R$ 20 mil cada. Embora representem uma ínfima parcela dos 4.000 pontos de venda da companhia, já devem responder por 3% da receita no ano. A previsão de faturamento da i2GO para 2016 é de R$ 20 milhões.
Além do vandalismo e depredação, outro entrave ao crescimento é cultural.
"Padarias e vendinhas que oferecem o mesmo que as máquinas", diz Carlos Millitelli, 45, diretor da EPS.
O público está mais habituado, também, a perguntar ao vendedor sobre o produto, diz Rogério de Almeida, 56, diretor da Vending Vitrine, que aluga e vende máquinas para empresários.
O preconceito também é visto como problema.
"Existe a ideia de que a máquina rouba empregos, com a qual não concordo. O homem pode fazer mais do que apenas entregar um produto", diz Almeida.
TRADIÇÃO
Antônio Chiarizzi Jr., 68, está no mercado de "vending machines" desde 2009, à frente da Mr. Kids.
O futuro aponta para pagamentos digitais e diversificação de produtos. Mas ele aposta nas máquinas mecânicas, acionadas por moedas.
A Mr. Kids, que faturou R$ 4 milhões em 2015, tem 133 franqueados operando com as tradicionais versões de aço e acrílico, que vendem balas, chicletes e brinquedos, por até R$ 3. "A vantagem é não consumirem energia elétrica", diz o empresário.
A taxa de franquia da empresa é R$ 18,5 mil. O franqueado paga cerca de R$ 1.200 por módulo simples, que, adicionado lado a lado, cria estruturas maiores.
O funcionário público Wanderlei Garcia, 48, é franqueado desde 2012 e possui 40 máquinas.
"É o meu complemento de renda", diz ele, que fatura até R$ 6.000 por mês.
Sozinho, ele visita os pontos de venda uma vez por semana, reabastece as máquinas, faz a limpeza, manutenção, e recolhe as moedas. Ele garante que vale a pena.
"Produto para criança, a esse preço, nunca encalha."
RESISTÊNCIA
O mecanismo das "vending machines" é simples, diz Rogério de Almeida, diretor da Vending Vitrine, que aluga, vende e modifica máquinas sob demanda.
Isso permite que elas comercializem basicamente qualquer produto, mediante adaptações.
Foi Almeida quem desenvolveu para a floricultura Flavia Rocco, de São Paulo, as "vending machines" de flores, em 2014.
Mas a empresa desistiu do modelo. Segundo Carol Rocco, sócia, os clientes não abraçaram a ideia e a rentabilidade não compensou.
Alugar ou comprar o equipamento para empreender é uma escolha que depende do capital disponível. Uma máquina que vende snacks e bebidas custa cerca de R$ 25 mil. Seu aluguel por 24 meses custa R$ 1.400 mensais.
Os proprietários costumam ganhar um ano de consultoria e assistência técnica para operar as máquinas. Cada dono ou locatário é responsável pelo abastecimento.
Quem compra ou aluga uma máquina tem ainda de definir o ponto onde ela vai ser colocada. O Metrô, por exemplo, cobra aluguel mensal de R$ 1.500 por cada máquina em suas estações.
Empresas normalmente não cobram nada, uma vez que as máquinas são vistas, nesse caso, como benefícios para os funcionários.
Folha de S. Paulo
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