terça-feira, 07 de junho, 2016

Lactalis já briga pela liderança em queijos

Desde que chegou ao Brasil em agosto de 2013, a francesa Lactalis deu sinais claros de que tinha grandes ambições para o mercado de queijos do país. Quase três anos depois, a companhia - fundada em 1933 em Laval, na França, como uma pequena fábrica de queijos artesanais - dá passos importantes para buscar se consolidar como líder no segmento no Brasil.
A empresa, que em 2013 comprou a Balkis e no ano seguinte os ativos de lácteos da BRF e fábricas da LBR, iniciou no país a produção de mozzarella fresca com a marca Galbani, tradicional na Itália e em outros países europeus. Além disso, está começando a fabricar queijos mozzarella e prato, em peça, com a reconhecida marca francesa Président em unidades brasileiras.
Embora o mercado para a mozzarella fresca seja mais restrito, o início da produção das duas marcas internacionais no Brasil é o sinal mais visível da importância que o país tem na estratégia da companhia francesa, maior produtora de queijos do mundo, com faturamento global de € 16,5 bilhões em 2015.
A mozzarela fresca está sendo produzida na fábrica da Lactalis em Santo Antônio do Aracanguá (SP). Já os queijos mozzarela e prato, em peça com a marca Président, são fabricados nas plantas de Ijuí e Três de Maio, ambas no Rio Grande do Sul, e também na unidade paulista.
O CEO da Lactalis do Brasil, o polonês Marek Warzywoda, é econômico nas informações sobre as novas linhas de produção no país, mas não esconde o entusiasmo com o potencial de crescimento no mercado brasileiro de queijos. "O grupo tem uma ambição gigante (...) de ser o número um em queijo no Brasil. É exatamente o que o grupo está fazendo no mundo todo", afirmou em entrevista ao Valor. Segundo ele, para garantir essa posição no país, a Lactalis prevê investimentos por um período de cinco anos. O montante do aporte, porém, o executivo não revela.
Para produzir a mozzarella fresca Galbani no Brasil, a Lactalis reorganizou a fábrica de Santo Antônio do Aracanguá, onde foram instalados equipamentos importados da Itália. Warzywoda diz que o plano do grupo francês é seguir no Brasil a mesma estratégia introduzida em outros países em que a empresa está.
A Lactalis adquiriu a Galbani, líder em queijos na Itália em 2006. Hoje, o grupo francês tem 20 fábricas no mundo produzindo itens da marca italiana. "A estratégia é ter uma produção local, fabricar aqui uma parte de portfólio Galbani, de produtos frescos, e ao mesmo tempo importar outros queijos da marca produzidos na Itália, como o grana padano", explica.
A crise no Brasil não amedronta a Lactalis. De acordo com Warzywoda, o interesse pela mozzarella fresca cresce no mundo todo, independentemente da situação macroeconômica. "Temos certeza de que existe um mercado para esse produto. O que está em análise é como esse mercado vai se desenvolver. Sabemos que temos grande oportunidade com esse tipo de queijo, mas temos de analisar a velocidade de desenvolvimento dessa categoria aqui no Brasil".
Numa primeira etapa, a capacidade de produção de mozzarella fresca com a marca italiana no Brasil será de 300 a 400 toneladas para um período de 12 meses. Mas o executivo avalia que haverá espaço para volumes maiores e diz que a empresa tem flexibilidade para produzir mais se houver demanda. O produto será vendido no varejo e no food service. Inicialmente, será distribuído no Estado de São Paulo, mas o plano é ter distribuição nacional.
Sobre a produção de mozzarella e queijo prato com a marca Président no país, o CEO da Lactalis do Brasil, novamente, revela pouco. Foram necessários investimentos em equipamentos nas unidades e feitas adaptações em linhas já existentes, diz. O alto consumo do mozzarella no país surpreende Warzywoda, que admite que a capacidade de produção desse item é elevada. "Temos possibilidade de produzir em três fabricas, mas flexibilidade para nos adaptarmos à demanda".
Segundo ele, os dois produtos se enquadram na categoria commodities e serão comercializados no varejo, em peça para fatiamento ou já fatiados, em todo o país. Os queijos finos da marca Président, como brie, camembert, continuarão a ser importados da França.
A visão da Lactalis, afirma Warzywoda, é que "para ser número 1 no mercado de queijo local, é preciso ter a possibilidade de produzir marcas locais mas também internacionais nesse mercado". Ademais, é preciso "aproveitar a oportunidade de usar matéria-prima local, para ter competitividade", acrescenta.
De fato, a decisão de passar a produzir queijos mozzarella e prato com a marca Président no Brasil era uma passo natural para a Lactalis. Isso porque, ao adquirir os ativos de lácteos da BRF, foi acordado que a francesa usaria a marca Sadia para esses queijos por um período determinado. Quando essa transição acabar, a marca Sadia não será mais utilizada pela Lactalis em seus queijos.
No setor, a estimativa é de que a Lactalis já seja a líder em volume no mercado de queijos do Brasil. Em valor, porém, a empresa fica atrás da Bongrain, que produz queijos com a marca Polenghi, e é controlada pela também francesa Savencia Fromage e Dairy.
De acordo com a Euromonitor, a Bongrain teve uma participação de 10,5% do valor das vendas de queijos no varejo em 2015, que somou R$ 19,406 bilhões. A Lactalis ficou com 8,2% desse total. O Laticínios Tirolez foi o terceiro, com 4,9%. O valor não considera vendas no food service.
Segunda maior na captação de leite no país, a Lactalis produz queijos em cinco de suas 17 fábricas de lácteos no Brasil e tem duas marcas locais para esse produtos, Balkis, focada em São Paulo, e Boa Nata, com presença em Minas Gerais e Rio de Janeiro, principalmente. No mundo, a francesa, que é dona da Parmalat, tem mais de 200 unidades de produção em 42 países, e captou 15,6 bilhões de litros de leite em 2015.
Valor Econômico
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