sexta-feira, 10 de junho, 2016

Fabricantes de utensílios domésticos apostam em itens intermediários

São Paulo - Diante da piora no quadro econômico brasileiro, as fabricantes de utilidades domésticas vêm apostando em produtos intermediários e ao mesmo tempo funcionais para impulsionar as vendas.
De acordo com dados da consultoria Euromonitor, as vendas de utensílios para armazenagem e preparo de alimentos passaram de R$ 1,5 bilhão em 2010 para R$ 2,3 bilhões em 2015, um crescimento de 56,6% - desconsiderados os efeitos da inflação. As vendas devem continuar avançando daqui para frente, mas em um ritmo mais lento, em função da perda de poder de compra dos brasileiros pelo avanço da inflação e a queda do emprego, dizem executivos.
A previsão da consultoria é que até 2020 esse segmento movimente R$ 3,1 bilhões, uma expansão de 30,8% sobre o último ano. O aumento pode vir de investimentos em nichos pouco explorados, diz o diretor técnico da DirectBiz Consultants, consultoria especializada em venda direta e estratégia multicanais, Rui Adriano Rosas.
"Esse é um mercado capaz de crescer, apesar da crise econômica. Diferentemente de outros setores". Na visão de Rosas, os produtos disponíveis hoje, em sua maioria, são de maior valor agregado "e caros" ou relativamente baratos, o que deixa o consumidor sem opções intermediárias. "Há espaço para esse meio termo, com um pouco mais de qualidade e preço competitivo. É um nicho meio vazio e a indústria percebeu que poderia ocupar esse espaço. Por isso há maneiras de crescer", afirma.
Iniciativas
A Jaguar Plásticos investiu em uma tecnologia diferenciada de gestão plástica dentro do próprio molde para melhorar a qualidade e aparência do produto. "Hoje o consumidor vê tanto valor na decoração quanto na resistência. Os produtos diferenciados são muito bem vistos", avalia a gerente de novos negócios da Jaguar, Renata Martins.
A empresa teve alta de 18% no faturamento no ano passado sobre um ano antes, mas não informou a expectativa de desempenho para 2016.
Já a PMI, fabricante de garrafas e utensílios térmicos das marcas Stanley e Aladdin, investe em frequentes lançamentos para manter o interesse dos clientes, revela o diretor de marketing da empresa, Pedro Ipanema.
"Notamos alguns nichos, como os produtos de hidratação [garrafa para água e suco], que tem sido nosso foco desde o ano passado. Nossa proposta é oferecer qualidade, design e performance, muito importante nesse segmento."
Ipanema considera a perspectiva de crescimento para os próximos anos bastante realista, apesar avaliar que o último ano foi "bastante desafiador". "Às vezes sofremos um pouco mais por não ser um produto de primeira necessidade", observou, destacando, porém, acreditar em um crescimento nos próximos anos. No ano passado as vendas da empresa cresceram 10% sobre 2014, um pouco abaixo da alta de 13% no exercício anterior.
Ele afirma que, apesar da queda no ritmo de crescimento das vendas, a empresa quer estar preparada para a retomada do consumo interno com um mix de novos produtos.
A Plasútil também aposta nos diferenciais para avançar, segundo o diretor comercial da fabricante, Edson Begnami. A fabricante colocou em fase de testes uma linha de recipientes plásticos com sistema de localização que deve chegar ao mercado no segundo semestre deste ano. "Sempre buscamos inovação e vamos lançar esse produto acessível por smartphones e tablets a partir de um código de identificação", explicou ao DCI o executivo.
"Estamos olhando o cenário futuro. Apostamos em estabilidade econômica e geração de emprego", declarou.
No primeiro trimestre, a Plasútil registrou queda e 10% no faturamento em relação ao mesmo período de 2015.
Custos
O começo do ano difícil também foi pelo aumento de despesas com frete e matéria-prima, em partes influenciadas pela variação cambial, comentou Ipanema. "Só agora conseguimos vislumbrar um cenário pouco mais favorável quanto a valorização do dólar."
A PMI importa as ampolas das garrafas térmicas e dependem da cotação do dólar para definição de preço, de acordo com o executivo.
"Neste momento de crise é impossível repassar essa alta de custos para o preço final, porque influenciaria toda nossa rentabilidade", calcula o executivo.
A Jaguar, que tem 100% da sua produção local, também enfrenta dificuldade para repassar custos. Segundo Renata Martins, os custos do frete é um dos maiores pesos.
DCI
Ver esta noticia em: english espanhol
Outras noticias
DATAMARK LTDA. © Copyright 1998-2024 ®All rights reserved.Av. Brig. Faria Lima,1993 3º andar 01452-001 São Paulo/SP