sexta-feira, 11 de março, 2016

Crise afeta lançamentos de shoppings e novos espaços terão formato menor

São Paulo - Os shopping centers que serão lançados nos próximos anos deverão ser mais compactos em comparação aos que já existem. Nada de complexos enormes. A tendência do setor são projetos compactos para driblar a crise econômica, que leva as empresas a buscarem reduzir custos operacionais e investimentos.
Se antes era possível encontrar lojas de até três andares nos centros de compras - conhecidas como lojas âncoras -, os espaços a serem inaugurados não devem oferecer tamanhos tão grandes para as empresas que pretendem operar nos locais, pois quanto maior o local, mais alto será o custo de operação.
"Essas lojas [âncoras] continuam sendo muito importantes para o empreendimento em si, pois atraem um fluxo maior de consumidores. No entanto, não são tão vantajosas do ponto de vista de vendas ou de colaboração com aluguéis e outros custos neste momento de crise econômica", explica a superintendente da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), Adriana Colloca.
Por isso, de acordo com ela os empreendimentos a serem inaugurados nos próximos anos no mercado brasileiro devem deixar de oferecer espaços para o conceito de megastores, mais difíceis de serem comercializados em momentos de instabilidade. Segundo Adriana, até dezembro deste ano serão abertos 30 novos shoppings pelo Brasil, sendo que ano passado foram apenas 18. "Mas nos próximos anos esses números devem cair bastante", diz. Dos anunciados para 2016, pelo menos 23 devem ser lançados em cidades do interior do País. Ainda segundo ela, os malls que serão abertos este ano foram projetados há três ou quatro anos, quando a crise econômica ainda não dava sinais da gravidade atual, além do fato de que alguns espaços tiveram suas aberturas adiadas. "Por isso teremos quantidade menor de novos shoppings nos próximos anos. Serão espaços projetados em um momento de economia desaquecida".
Sobre a compactação das lojas, Adriana crê que a dificuldade em encontrar grande terrenos nas principais metrópoles do País também possa ser um empecilho. "É uma adequação de formato. São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, são cidades onde o metro quadrado é bastante caro. Isso também resulta em uma redução dos espaços para lojas âncoras", conta.
A Abrasce estima que empresas do setor invistam até R$ 14 bilhões em novos projetos e expansões ainda este ano. Mas ao anunciar seu balanço consolidado, a companhia Iguatemi Shoppings Centers divulgou que deve diminuir em quase R$ 200 milhões seus investimentos no setor. Se no ano passado, a empresa injetou R$ 360 milhões em expansões e novos empreendimentos, neste ano a companhia aponta que serão apenas R$ 170 milhões. Conforme a informação que consta na divulgação do balanço, a Iguatemi deve focar na inauguração de outlets nos próximos anos, já que estes empreendimentos demandam menos recursos.
Marcas internacionais
Parte da estratégia por lojas menores também é resultado da chegada de marcas internacionais ao País que aumentaram a competição pelo consumidor. Para a sócia-diretora da Vecchi Ancona - Inteligência Estratégica, Ana Vecchi, o desembarque dessas marcas no País com produtos a preços mais acessíveis trouxe uma concorrência que as redes que já atuavam no País há mais tempo desconheciam.
"A concorrência também leva a uma adaptação. Por exemplo, quando a Forever 21 chegou ao Brasil, lojas como a C&A e Riachuelo tiveram de rever também seus espaços", diz.
"A gente teve também um crescimento absurdo de construções e inaugurações de espaços em um momento de economia aquecida, então o varejo apostou nas megastores e lojas grandiosas", acrescenta.
Com a crise, diz ela, os custos dessas operações se tornaram muito altos e a concorrência, mesmo com varejistas de menor porte, ficou apertada, o que resultou no abandono de projetos de lojas enormes. A taxa de vacância (espaços vagos) nos shoppings chegou a 3,9% em 2015, segundo dados da Abrasce.
DCI
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