segunda-feira, 24 de agosto, 2015

Aumenta demanda por novos tamanhos de embalagens

A demanda por embalagens em formatos econômicos tem aumentado, na medida em que a inflação avança e os brasileiros procuram alternativas para reduzir gastos. Diante desse cenário, as fabricantes de bens de consumo ampliaram a oferta de embalagens em diferentes tamanhos.
"Essa mudança na demanda por embalagens maiores era esperada. Em 2014, essa tendência se intensificou, com o consumidor final reduzindo a ida aos pontos de venda", afirma o consultor de consumo, Olegário Araujo, se referindo ao quadro macroeconômico. Atualmente, a inflação acumulada nos últimos 12 meses é de 9,56%, o que diminuiu o poder de compra do brasileiro.
Ele cita um levantamento feito consultoria Nielsen, que identificou três fases pelas quais a demanda passa em períodos de economia menos aquecida. Primeiro, o consumidor final procura cortar gastos, depois começa a migrar de marcas e, por último, passa a buscar embalagens maiores e formatos considerados mais econômicos.
"Nesse momento, se a indústria não oferece o produto que o consumidor busca, em embalagem maior, corre o risco de perder participação, porque ele vai buscar um similar da concorrente", diz.
A consultoria Euromonitor, também identificou que o atual momento pode ser uma oportunidade para as empresas do setor. "Uma maneira de capitalizar é oferecer descontos por meio de embalagens maiores com múltiplas unidades ou pacotes de tamanho família, uma prática que não é bem desenvolvida no País", destaca a consultoria em relatório sobre o mercado de consumo brasileiro.
Essa é a estratégia da fabricante de alimentos Forno de Minas, que lançou três embalagens em formatos maiores para o varejo este ano. Antes, os pacotes com maior volume eram voltados apenas à demanda de food service (serviços de alimentação).
"Tínhamos uma embalagem em formato maior que migrou do food service para o varejo há alguns anos, mas agora intensificamos o movimento de ampliação da oferta para atender uma demanda crescente", conta o diretor industrial da empresa, Vicente Camiloti.
A demanda por alimentos em embalagens maiores da Forno de Minas entre janeiro e julho deste ano foi cerca de 25% superior aos sete primeiros meses de 2014.
Já as vendas de produtos em embalagens menores tiveram avançou em ritmo inferior, com taxa média de 20%, na mesma base de comparação, conforme a empresa.
"O meu custo de produção para embalagens maiores é um pouco menor, então eu consigo oferecer um preço mais atrativo para o varejo e ele repassa isso para o consumidor final", diz. Camiloti estima que o produto na embalagem maior chega com preço entre 5% e 6% menor no ponto de venda frente a mesma quantidade, em embalagem menor.
No setor de bebidas, a Brasil Kirin anunciou recentemente investimentos na embalagem de dois litros da marca Itubaína. Segundo a empresa, a embalagem é uma das mais vendidas do portfólio da marca.
A Ambev, dona da marca Guaraná Antarctica, por sua vez, decidiu ampliar a oferta das embalagens retornáveis "garantindo um preço mais acessível aos consumidores de forma rentável", de acordo com relatório financeiro divulgado pela companhia no último mês. As embalagens retornáveis têm preço menor em relação às garrafas PET e latas.
A Unilever do Brasil também investiu em embalagens de 1,5 litro na linha de sucos Ades. "As embalagens maiores são para pessoas e famílias que consomem Ades com mais frequência, gerando um benefício econômico por litro consumido", detalha a gerente de marketing da marca Ades, Luciana Guernieri.
Segundo Luciana, nos últimos meses, as vendas das embalagens de 1,5 litro tem crescido, mas ainda representam a menor fatia de vendas dentro do portfólio da marca.
No caso da fabricante de laticínios Piracanjuba, a estratégia tem sido observar as diferentes demandas por região pelo País, conta a gerente de marketing da empresa, Lisiane Guimarães. "Em algumas regiões, na qual a renda média é menor, a demanda por embalagens menores pode ser mais expressiva, porque o consumidor não tem condições de pagar pela embalagem maior, mesmo que mais econômica", destaca ela.
Já no segmento de limpeza, a Unilever Brasil vem apostando no aumento do consumo de produtos concentrados, explica o presidente da companhia, Fernando Fernandez. "O produto concentrado é mais econômico e não vem necessariamente em uma embalagem maior. Além disso, tem a vantagem de reduzir custos com logística, o que impacta o preço final dos produtos", explica.
DCI
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