segunda-feira, 07 de julho, 2014

Fatia dos pequenos fabricantes tem queda drástica

O refrigerante Mineirinho, criado em Ubá, Minas Gerais, estampa com orgulho a inscrição "Desde 1946" em seu rótulo alviverde. O produto é fabricado hoje em São Gonçalo, região metropolitana do Rio de Janeiro, mas apesar disso, o nome continuou o mesmo. Após sete décadas, a bebida à base de chapéu de couro, erva que ajuda no tratamento de problemas estomacais e renais, integra a lista de refrigerantes regionais que está em extinção.
Há cerca de 180 pequenos produtores no país, número bem abaixo do observados no início dos ano 2000, quando eram cerca de 850. Essas companhias, que antes representavam 30% do setor, agora têm fatia de 10% no mercado de refrigerantes, apontam dados da Associação dos Fabricantes de Refrigerantes do Brasil (Afrebras).
"A concorrência é muito forte e as grandes empresas dominam as cadeias de distribuição. A nossa luta é para sobreviver", afirma Marco Taboadela, que ao lado de Roberto Ferah, dirige a empresa.
Com 300 funcionários em sua fábrica de cerca de 24 mil metros quadrados, Ferah contou que, no momento, a produção está baixa, em apenas um turno. "A Copa do Mundo não está sendo muito boa para nós, porque as pessoas tomam mais cerveja. O tempo frio também não favorece", disse ele, revelando que no verão a produção chegou a crescer, aproximadamente, 25% frente a igual estação do ano anterior, mas isso não se manteve ao longo de 2014.
Ainda assim, o Mineirinho se mantém no mercado, abrange todo o Estado do Rio, e tem um público cativo. Mineirinho é a quarta marca mais lembrada, no segmento de refrigerantes, pelos cariocas, atrás apenas de Coca-Cola, Pepsi e Guaraná Antarctica, segundo pesquisa do jornal "O Globo".
Outros fabricantes tentam diversificar as fontes de receita. "Para sobreviver, estamos terceirizando nossos serviços. Estamos fabricando energéticos e sucos para outras empresas", conta o diretor de produção do Refrigerantes Piracaia, Hamilton Lima. A marca produz refrigerantes com sabores guaraná, uva, limão e laranja. Atualmente, a produção está em cerca de 30 mil pacotes - engradados com seis unidades de garrafas - por dia. Em 2007, essa média era de 250 mil. "Minha vontade, às vezes, é de largar tudo", afirma Lima.
Se as vendas estão frias para os produtores de refrigerantes, ao mesmo tempo, uma parte do setor está próxima de receber um alento fiscal. É que no início do mês, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou a inclusão de empresas fabricantes de refrigerantes e de compostos para a sua produção no Supersimples. Falta agora a aprovação do Senado, que deverá apreciar o projeto este mês.
Se entrar em vigor, a medida dará uma "sobrevida" a uma parte dos pequenos produtores de refrigerantes do país, mas a tendência ainda é negativa para o segmento como um todo, com a diminuição no número de empresas. A avaliação é do presidente da Afrebras, Fernando Rodrigues de Bairros, que representa os pequenos produtores.
Das quase 180 pequenas empresas de refrigerante, aproximadamente 33% terão acesso ao benefício fiscal. Tratam-se de companhias com faturamento de até R$ 3,6 milhões por ano.
"Nossa perspectiva ainda é negativa, de fechamento de mais empresas nos próximos anos", afirma De Bairros, acrescentando que as recentes conquistas ainda são insuficientes.
Ele disse que, passada a questão fiscal, os esforços da Afrebras serão concentrados em conversas com o governo para facilitar o acesso a crédito, via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A maioria das pequenas produtoras de refrigerante está muito endividada, o que dificulta acesso a esse tipo de financiamento, conta De Bairros.
Valor
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