Mercado de franquias no Rio avança e redes adaptam negócios para o estado

Considerada polo do setor de franquias no território nacional, o Estado do Rio de Janeiro se torna terreno fértil para expansão das marcas. Com a retomada do preço do metro quadrado dos grandes centros, redes elaboram novos modelos de negócio e apostam na personalização da operação à cultura dos fluminenses. “A cidade do Rio de Janeiro é um marco do setor de franchising, considerando que proporcionalmente o valor das marcas localizadas no estado é maior do que em São Paulo, o ente mais rico da federação. Mesmo com as crises que passamos, quando o PIB [Produto Interno Bruto] caia 3,8%, o franchising mostrava resiliência no local e registrava crescimento de 5%”, afirmou o diretor da Associação Brasileira de Franchising (ABF), Beto Filho.Nesse sentido, um exemplos de rede de franquias com intensa presença no território fluminense é a iGUI – especializada na venda e limpeza de piscinas. “O Rio de Janeiro é o segundo maior mercado de piscinas do Brasil. Nossa meta é abrir mais 30 franquias de manutenção e limpeza de piscinas até 2020. Percebemos que houve uma certa desaceleração no processo de abertura de novas lojas da iGUI no período de crise. Isso fez com que a nossa outra marca [TRATABEM], focada em limpeza de piscinas, ganhasse escala”, afirmou a diretora do braço empresarial, Lilian Marques, destacando que os cariocas escolheram realizar a manutenção da piscina antiga em vez de comprar outra nova.Para a executiva, o mercado carioca possui peculiaridades. Entre elas, está o tíquete médio maior dos cariocas em relação aos cuidados com a piscina ante outras regiões do Brasil e também a necessidade de treinamento de funcionários e uniformização da operação no estado. “Existem muitos golpes de bandidos dentro dos condomínios no Rio e isso fez com que houvesse a exigência de padronizar nossas operações de limpeza”, complementou ela. Para Lilian, outra aspecto relevante para ressaltar é que o gasto dos cariocas com piscina é 30% maior do que o resto do Brasil. Por fim, a executiva conta a intenção da rede em diversificar cada vez mais os locais de atuação. Ela conta que houve retomada dos preços de aluguel desde o fim de 2018, fator que promoveu uma guinada do negócio em direção a outros locais, como por exemplo de postos de gasolina para shoppings com alto índice de vacância. O faturamento da rede foi de R$ 500 milhões ano passado. Para esse ano, a expectativa é crescer 10%. Na mesma linha de raciocínio, o diretor de desenvolvimentos de negócios da rede alimentícia Bob’s, Marcelo Tristao, diz ser interessante realizar o lançamento de produtos sazonais e aposta em produtos locais a partir do ano que vem. De acordo com ele, pelo fato da empresa ter construído a história no Rio de Janeiro, o leque de faixa etária dos consumidores é maior em relação às outras regiões do Brasil. “Enquanto que nosso público majoritário são jovens e adultos jovens em vários estados, aqui no Rio essa gama é ampliada também para o público idoso”, declarou.Para ele, existe espaço para a abertura de mais unidades no estado, tendo em vista que cerca de 30% do faturamento da rede vem do Rio. “O modelo de delivery tem aberto portas para a nossa operação, no sentido de atingir mercados onde não atuamos. Além disso, há interesse de interiorização pelo estado também, em razão da recuperação dos preços de aluguel nos maiores centros”, conta. Em todo o território nacional, o Bob’s tem 1050 lojas. Em perspectiva similar a traçada pelo diretor de desenvolvimento do Bob’s, o CEO da rede Espetto Carioca, Bruno Gororicht, revela que a ferramenta para expandir no mercado do Rio de Janeiro é justamente ampliar os formatos de negócio e focar em bairros de alto poder aquisitivo. “Nós passamos a entender melhor o público regional por meio de uma adaptação de cardápio. Além da busca por ganhos com abertura de novas lojas, nossa estratégia é elevar os ganhos individuais de cada unidade”, disse, ressaltando que a rede fechará 2019 com receita de R$ 83 milhões. /*O repórter viajou a convite da ABFRio