Wednesday, July 13, 2016

PET: Técnica de transformação evolui e reduz consumo de resina por unidade

O uso da resina PET no Brasil deve fechar o ano com queda em relação a 2014. No primeiro semestre, os cálculos da Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet) apontam uma redução 4% e 6%. No ano passado, depois de vários anos de crescimento elevado, houve redução no uso do PET pela primeira vez no mercado brasileiro. Foram consumidas 608 mil toneladas, contra 620 mil toneladas em 2013.
Do total, em torno de 70% foi destinado para a indústria de refrigerantes, sendo o restante dividido entre outras aplicações. Merece destaque especial o mercado de água mineral. Também promissores são os segmentos de leite, sucos, chás, óleos comestíveis, cosméticos e materiais de higiene e limpeza, entre outros. O total consumido representa a demanda aparente, leva em conta o total de resina virgem consumida no país mais os dados das transações internacionais de pré-formas. Em 2014, as importações de pré-formas superaram em 115 mil toneladas as exportações.
No ano passado, o Brasil se tornou autossuficiente na produção da matéria-prima. Conta com dois produtores instalados junto à petroquímica Suape, em Pernambuco, capazes de abastecer com folga o mercado interno e ainda exportar parte da produção. Um deles é a PQS, ligada à Petrobras, que começou a operar no final do ano passado e tem instalações voltadas para atingir a capacidade máxima de 450 mil toneladas por ano. A outra é a empresa de origem italiana Mossi & Ghisolfi (M&G), que já atua há um bom tempo por aqui e tem capacidade de produção em torno de 550 mil toneladas por ano.
De acordo com Auri Marçon, diretor executivo da Abipet, os dados de mercado precisam ser avaliados com certo cuidado. Para ele, a redução do consumo verificada de 2014 para cá não deve ser toda creditada à crise econômica, é preciso levar em conta uma atenuante. Com a evolução da tecnologia, o peso das garrafas usadas para embalar os refrigerantes e demais produtos vem sofrendo queda significativa.
“Houve a combinação de dois fatores. Em uma primeira etapa, as formulações da resina oferecidas ao mercado se aperfeiçoaram. Em seguida, os equipamentos usados para a transformação se sofisticaram, em especial os de injeção, utilizados na fabricação das pré-formas. Mesmo mais leves, as embalagens de hoje apresentam a mesma resistência, aguentam a pressão das bebidas gaseificadas e podem ser empilhadas sem qualquer problema”. Dessa forma se tornou possível aumentar o número de garrafas obtidas com o mesmo volume da resina.
O dirigente apresenta alguns números que ajudam a compreender esse cenário. “Nos últimos dez anos o peso da garrafa de refrigerante caiu 26%. Nos últimos cinco anos, algumas garrafas de água tiveram seus pesos reduzidos de 18 para 11 gramas”. Por isso, a queda estimada entre 4% a 6% do consumo da matéria-prima não significa a redução na mesma proporção no número de encomendas de embalagens. Não existem dados atualizados sobre o total de unidades produzidas.
Em uma análise baseada em sua experiência, Marçon acredita em pequena redução no consumo de refrigerantes no mercado interno esse ano, motivada pela crise econômica. Essa queda é compensada em parte pelo fortalecimento do uso da resina em outras aplicações. Entre elas, o nicho de garrafas para água mineral, que se torna a cada dia mais promissor para os transformadores. “A demanda por garrafas para água vem crescendo na casa dos dois dígitos mesmo com a crise”, assegura. Os mercados de leite, sucos, óleos comestíveis e energéticos são outros com evolução acima da média.
Um novo aspecto deve alterar os resultados do setor no segundo semestre. Trata-se do forte aumento da cotação do dólar. Para Marçon, a variação cambial já está provocando consequências. “O real fraco já está provocando a queda na importação da resina”. Esse fato também se deve, é lógico, à entrada em funcionamento da PQS em setembro do ano passado. No caso das pré-formas a situação é um tanto diferente, as consequências da variação cambial não vão ser sentidas em curto prazo. “Somos abastecidos por outros países do Mercosul, os fornecedores contam com contratos de longo prazo”.
Vale uma ressalva. Os preços internacionais das matérias-primas são calculados com base nas cotações da moeda norte-americana em diversos locais do mundo. “Na verdade, toda a indústria química funciona em torno do valor do dólar”. Por isso, com a desvalorização do real, os transformadores sofrem. Menos mal que os preços dos derivados do petróleo sofreram redução nos últimos tempos, o que ameniza a situação. “O pior problema é a instabilidade da moeda, que gera dúvidas entre os empresários”.
Refrigerantes e águas – Os dois segmentos do ramo de bebidas são grandes usuários do PET, mas têm características diferentes, a ponto de influenciar o ritmo da evolução do uso da resina. São mercados que precisam ser analisados caso a caso. No campo dos refrigerantes, as garrafas feitas com esse poliéster estão amplamente consolidadas na liderança entre os materiais de embalagem. As indústrias transformadoras que atendem o setor possuem, em sua grande maioria, linhas de produção com máquinas de grande porte. É um segmento estável e sem muitas novidades nos últimos tempos. Os investimentos necessários para ampliações são elevados e o momento da economia não ajuda.
No caso do mercado de águas minerais, a situação é diferente. Trata-se de um nicho de negócios com algumas situações bastante positivas atualmente para os fabricantes de garrafas PET. É preciso ressaltar que o uso da resina nessa aplicação não chega a ser novidade. “O PET detém em torno de 87% do mercado da água”, informa o presidente da Abipet.
Um dos aspectos relevantes a explicar o momento positivo se encontra no perfil dos transformadores. O segmento é formado por empresas diferentes das dos refrigerantes. Além de ser muito mais pulverizado, apresenta fábricas de pequeno e médio porte, muitas delas espalhadas nas diferentes regiões do país. “Não são necessários investimentos enormes para se instalar uma planta”, salienta Marçon.
Um fator muito importante para a evolução das encomendas no nicho da água é a segmentação das linhas de produtos oferecidos. Nos últimos anos, chegaram ao mercado diferentes formulações, com maior ou menor presença de gás ou de sais minerais e outros componentes, vendidas com o apelo de proporcionar efeitos positivos para a saúde dos consumidores. O marketing dos fabricantes apela para o lado imagem “medicinal” dos produtos. A diversificação se ampliou com a chegada, nos últimos anos, das águas minerais oferecidas com sabores de frutas. Outro fator positivo se encontra na oferta de garrafas em vários tamanhos. “Cresceu a procura por garrafas de pequeno porte, que as pessoas utilizam no dia a dia”, exemplifica.
Para completar o cenário, não deve ser esquecida a grande crise hídrica vivida no Sudeste, em especial no estado de São Paulo. Muitas localidades estão submetidas ao regime de restrição de fornecimento. A qualidade da água oferecida pelo poder público caiu em várias regiões e isso tem incentivado de forma importante o consumo dos produtos industrializados.
Leite, sucos, chás – Outros segmentos se mostram promissores para os fabricantes de embalagens feitas com a resina. “O uso do PET para a fabricação de embalagens de leite longa vida no Brasil chegou a resultados surpreendentes nos últimos três anos”, explica Marçon. Neste nicho, o presidente da Abipet não espera ocorrer um grande boom, mas um crescimento gradual. Isso se explica pelo fato dos produtores investirem na ampliação de sua capacidade quando suas linhas chegam ao limite de capacidade, ou quando seus equipamentos se tornam obsoletos e precisam ser substituídos.
Outra barreira se encontra no concorrente a ser batido. As embalagens cartonadas ganharam grande presença nesse segmento, a estimativa dos especialistas é de que elas dominam mais de 90% do mercado. O grande nome na fabricação dessas embalagens no Brasil é a empresa multinacional Tetra Pak. “Não é fácil desbancar material tão consolidado”, admite Marçon.
Apesar das dificuldades, é visível o aumento da participação das garrafas PET nas prateleiras dos supermercados. “Pelo menos quatro marcas importantes já estão fazendo a experiência”. Para Marçon, isso é apenas o começo de um processo. “Os laticínios devem avançar no uso do PET, pois estão percebendo as vantagens competitivas do plástico”. De acordo com a opinião dos transformadores da resina, uma vez implantadas as linhas de produção, o custo da embalagem plástica é vantajoso. A versatilidade das linhas de produção também é destacada. Com o PET podem ser criadas linhas com capacidade de 60 mil garrafas por hora. Com os cartonados, esse número chega a 18 mil.
Outras características apreciadas são a funcionalidade das garrafas, que facilitam o uso e permitem maior proteção ao produto depois de aberto. Também podem ser criadas garrafas com maior capacidade, como as de dois ou três litros, por exemplo. Ainda sob a ótica dos fabricantes das garrafas de PET, sob o aspecto do marketing, as embalagens plásticas são mais atraentes. Uma dificuldade se encontra na necessidade da garrafa ser opaca, condição necessária para a sobrevivência do produto. Uma das saídas adotadas para driblar a confusão é a injeção de pré-formas com duas camadas de resina.
Mesmo que o crescimento da participação do plástico entre os produtores de leite ocorra de forma lenta, o potencial do nicho merece atenção para lá de especial. O país é um dos maiores consumidores do mundo do produto no formato longa vida, com consumo anual calculado na casa dos 6 bilhões de litros, de acordo com entidades da indústria de laticínios.
Um mercado de grande potencial, no qual a participação do PET começa a ganhar corpo, é o dos sucos prontos para o consumo. Também nesse nicho, há forte concorrência das “caixinhas”, dominantes nas embalagens de um litro. As vantagens do PET nessa guerra são similares às verificadas no caso do leite. Com a vantagem de as garrafas não necessitarem de barreiras para proteção contra a luz. Isso traz um resultado final mais positivo. “As garrafas transparentes ressaltam a cor dos líquidos”, ressalta. No momento, a resina está ganhando mais espaço no caso dos sucos diferenciados, como os com sabores exóticos.
“O mercado de chás para nós também é muito promissor. O de energéticos dobra de tamanho a cada dois anos, com a ressalva de que se trata de um mercado pequeno”. Outro segmento também destacado como de ótimos resultados é o dos óleos comestíveis, no qual o PET vem substituindo as latas. “Nos grandes centros, mais em São Paulo, o PET dominou esse mercado. Nas cidades do interior as latas ainda são muito usadas”.
Reciclagem – A Abipet realiza, de tempos em tempos, o Censo da Reciclagem de PET no Brasil, no qual são apresentadas informações sobre o reaproveitamento da matéria-prima no país. “Estamos finalizando uma nova edição, que deve ser apresentada no início do próximo ano”. No último estudo, realizado em 2012, o total de garrafas PET recicladas por aqui alcançou o peso de 331 mil toneladas, 58,9% do total das unidades produzidas. “A quantidade de reciclados no Brasil é bastante significativa”. Na época em que o estudo foi realizado, a média nos Estados Unidos era de apenas 22% e a europeia era inferior a 40%.
Outra característica interessante do mercado é a de aproveitar totalmente os reciclados. Isso não ocorre em alguns países de economia forte. Na Alemanha, a porcentagem de reciclados está na casa dos 90%. Grande parte do material recolhido, no entanto, segue em containers para países africanos, com a justificativa de ajuda para o desenvolvimento da economia.
Ainda de acordo com o Censo de 2012, a indústria têxtil se beneficiou com 38% dos materiais reciclados no Brasil, seguida pelas de resinas insaturadas e alquídicas (24%), embalagens para alimentos e não alimentos (18%), laminados e chapas (6%), fitas para arquear (6%), tubos (2%) e outros. “No Brasil, o PET reciclado é aproveitado em aplicações inéditas em todo o mundo”.
EmbalaWeb
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