Friday, July 22, 2016

Atender cliente plus size é chance de negócio para pequeno e médio lojista

São Paulo - Apesar de mais da metade dos brasileiros admitirem estar acima do peso ideal, o varejo de roupas focado em tamanhos grandes tem só 3,5% deste mercado. A demanda reprimida, que ganhou relevância com a busca de jovens por moda para todos os tamanhos, abre espaço para pequenas e médias lojas de vestuário.
Segundo uma pesquisa do Sebrae, só 17,9% das lojas do varejo de moda possuem opções de compra para o mercado plus size, índice que cai para 3,5% quando analisada as lojas que só vendem tamanhos grandes. De acordo com o levantamento, 71% das pessoas que usam GG têm dificuldade para encontrar roupas em lojas comuns, sendo que 86% delas estão insatisfeitas com as opções de roupa disponíveis. "As mulheres estão mais exigentes. Além disso, uma parcela considerável da população a cima do peso é jovem, e eles impulsionam o mercado de moda", resumiu o presidente do Sebrae, Guilherme Afif.
Para ele, os empresários que entrarem nesse ramo, independente do porte, precisam ficar atentos às tendências. "A pesquisa revela que 70% dos consumidores de tamanhos grandes acham os produtos básicos, e só 16% falam que as opções despertam o desejo de compra".
Despertar o desejo de compra em mulheres plus size é justamente o intuito da Maison Zank. Segundo a sócia-proprietária Simone Azank, investir em um atendimento de qualidade é fundamental para fidelizar esse cliente. "As consumidoras que vêm pela primeira vez chegam aqui constrangidas, por acreditarem que não vão encontrar o número certo para a roupa escolhida. Nós atendemos essa cliente com total atenção e sempre focamos em oferecer todas as numerações. Para isso, trabalhamos nossos estoques para que nunca falte uma peça ou outra", explica a empresária.
Com duas operações em bairros nobres em São Paulo, a empresária comemora um avanço de 20% nas vendas do primeiro trimestre, na comparação com o ano passado. "A crise econômica fez com que a gente crescesse menos, mas mesmo assim não deixamos de avançar", afirmou ela ao DCI.
Dificuldades
De acordo com o levantamento do Sebrae, 59% dos entrevistados plus size citam a dificuldade de comprar vestidos de festas. Calças (56%) e lingerie (49%) também aparecem como peças raras nas gôndolas.
A loja de Simone comercializa peças personalizáveis que variam entre os tamanhos 42 a 60, e o foco é oferecer produtos que fujam do comum. "O consumidor não tem mais aquele apelo por preço. Ele quer fazer o dinheiro dele valer a pena. Por isso, é importante oferecer peças que estejam em linha com a moda e com o desejo dessas clientes. Quando é necessário, até personalizamos a roupa para que ela se sinta totalmente confortável", comenta a dona da loja.
Para este ano, Simone acredita que, mesmo ante à crise, será possível crescer 20% em faturamento - não aberto pela empresária -, na comparação com o ano passado.
Para ajudar a estimular esse setor com tanto potencial, acontece no próximo domingo (24), em São Paulo, o Fashion Weekend Plus Size. O evento mostrará as tendências de peças "GG" para o verão 2017. "Este evento será muito importante para, novamente, mostrar que as gordinhas não querem só peças básicas. Talvez por conta da crise, as indústrias e confecções voltaram a focar na produção de peças simples. Isso é tudo que a consumidora não quer mais", salienta a organizadora do Fashion Weekend Plus Size, Renata Poskus.
Micro e pequenas
Especialista no setor, Renata afirma que, a passos lentos, o mercado plus size tem crescido, e que o principal motor para esse avanço deverá ser protagonizado pelas micro, pequenas e médias empresas.
"Esse tipo de comerciante tem o contato direto com o consumidor, o que a grande rede não consegue fazer. Ela conversa e conhece com a sua cliente, sabe o que ela gosta e quer, então tem uma oportunidade enorme para ganhar ainda mais espaço", explica.
Por conta da dificuldade em encontrar lojas com estas características, a modelo e organizadora do Fashion Weekend Plus Size decidiu investir no mercado por conta própria.
"Investi R$ 20 mil na criação de uma loja eletrônica específica para esse público. Decidi criar peças que elas geralmente não encontrariam nas lojas fast fashion e tá fazendo o maior sucesso", conta.
No primeiro dia de e-commerce a loja, batizada de Maria Abacaxita, vendeu R$ 15 mil em itens. "Achei que as peças iam arrasar com as meninas mais jovens, mas me surpreendi quando a maior parte das vendas foram para as mulheres mais velhas", declara.
Entre 2013 e 2015, o setor de moda para tamanhos grandes cresceu 13% e, de acordo com os empresários ouvidos pelo DCI, o motivo é o pouco interesse das grandes marcas nesse público. Em 2014, a moda plus size movimentou aproximadamente R$ 5 bilhões no Brasil, o que representa apenas 5% do faturamento total do segmento de vestuário, de acordo com a Associação Brasileira do Vestuário (Abravest).
DCI
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