Thursday, October 15, 2015

MG quer assumir projeto de fábrica de fertilizantes suspenso pela Petrobras

O governo de Minas Gerais planeja assumir, ao lado de um sócio privado, um ativo da Petrobras no Estado. Trata-se do projeto da fábrica de fertilizantes nitrogenados que a estatal começou a construir no ano passado na cidade de Uberaba. Em julho deste ano, no entanto, em meio a uma revisão global de investimentos, a companhia anunciou a suspensão das obras.
A equipe do governador Fernando Pimentel (PT) vem discutindo com bancos um modelo de negócios que viabilize uma eventual aquisição do projeto em conjunto com investidores, segundo afirmou ao Valor uma pessoa do governo que conhece as negociações. A Petrobras informou que 30% do avanço físico do empreendimento já foi concluído. Mas não respondeu à reportagem, por meio de sua assessoria de imprensa, se pretende vendê-lo.
A responsável pelas obras é a construtora Toyo-Setal, uma das implicadas nas investigações de corrupção em contratos com a Petrobras, reveladas pela Operação Lava-Jato. Segundo o secretário de Desenvolvimento de Minas, Altamir Rôso, o projeto já consumiu de R$ 1,1 bilhão a R$ 1,2 bilhão. Ele disse que diversos equipamentos encomendados para a planta já chegaram.
A pedra fundamental da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados 5 foi lançada com pompa em maio de 2014 pela presidente Dilma, em cerimônia que também reuniu a então presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, ministros e o então pré-candidato do PT a governador de Minas, Fernando Pimentel. Na época, a Petrobras disse que a planta começaria a operar no primeiro semestre de 2017 e que teria capacidade de produzir 519 mil toneladas de amônia (base dos fertilizantes) por ano. Essa seria a quinta indústria desse tipo no Brasil. O país é altamente dependente de fertilizantes importados por falta de oferta local.
Altamir Rôso afirmou que a Petrobras não tem recursos para continuar a construção e que o governo de Minas tomou a frente para encontrar um investidor. "Pode ser para comprar todo o projeto ou uma parte", disse. "O governo de Minas Gerais quer viabilizar o investimento e tudo o que se faz hoje passa pela iniciativa privada". O secretário afirmou, porém, que não está a par que o governo tenha planos de assumir o empreendimento ao lado de um sócio. Mas confirmou que há conversas por parte da equipe de Pimentel com bancos sobre um modelo de negócios capaz de atrair capital privado.
Pimentel apresentou um orçamento para 2016 sem margem para investimentos. Um plano de aquisição do projeto da Petrobras poderia exigir recursos de estatais, como da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) ou da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig). A Cemig tem um papel-chave na planta de Uberaba. Isso porque caberia à Gasmig, sua controlada, construir um gasoduto para abastecer a unidade. Um projeto com o trajeto do duto chegou a ser feito, mas foi engavetado.
"No plano de negócios da Petrobras não está explicitado um prazo e uma reserva de valor para investimento na planta de amônia", disse em julho passado ao Valor o presidente da Cemig, Mauro Borges. " A Cemig não vai investir no gasoduto sem ter um contrato firme de consumo desse gás. Estamos em tratativas com a Petrobras."
Valor Economico
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