Tuesday, September 23, 2014

Fábrica da Chery inicia produção no último bimestre

A Chery reuniu ontem imprensa, autoridades, concessionários e empresários do setor para celebrar a inauguração da primeira fábrica de uma montadora chinesa no Brasil. A produção em escala comercial, porém, só está prevista para começar entre novembro e dezembro.
Até lá, a linha vai montar apenas algumas dezenas de carros que serão usados em testes de rodagem, com o objetivo de certificar se os veículos fabricados pela marca no país estão realmente preparados para as muitas vezes duras condições das estradas brasileiras.
Quem visitou ontem a nova fábrica da Chery em Jacareí, no interior paulista, viu um setor de montagem pronto, mas sem um veículo sequer na linha ou algum operário trabalhando - embora a empresa já tenha contratado 300 trabalhadores, sendo um terço deles profissionais dispensados pela GM na vizinha São José dos Campos.
A linha de soldagem também já está pronta, mas a cabine de pintura ainda não foi totalmente concluída. O funcionamento, ainda em regime de pré-produção, só vai começar mesmo em setembro, conforme informou a Chery.
Primeiro, a montadora vai fabricar a nova geração do modelo compacto Celer. Já o subcompacto QQ soma-se à linha no segundo trimestre do ano que vem.
Junto com a inauguração da fábrica, a empresa anunciou planos de abrir mais 33 concessionárias até o fim do ano, reiterou metas para ampliar o uso de peças nacionais nos automóveis que serão montados no Brasil e informou que vai iniciar campanha publicitária, como tentativa de quebrar a resistência de muitos consumidores brasileiros a carros chineses.
A fábrica, com capacidade inicial de 50 mil veículos por ano, chega num momento de baixa no consumo de carros no Brasil. Executivos do grupo, contudo, destacam as oportunidades de crescimento oferecidas pelo país no longo prazo, assim como a confiança na recuperação do mercado.
"Essa crise é passageira. Estamos confiantes de que o mercado vai chegar a 5 milhões por ano. Não sabemos quando, mas essa fase negativa vai passar", disse em entrevista coletiva a jornalistas Zhou Biren, presidente da Chery International e principal responsável pela expansão dos negócios da montadora fora da China.
Questionado sobre os motivos que levaram a Chery a investir num mercado que vem perdendo vigor, ele elencou o potencial consumidor de uma população de 200 milhões de habitantes, o rápido crescimento da economia em anos recentes e o avanço nas vendas de veículos que colocou o Brasil entre os quatro maiores mercados automotivos do mundo.
A marca traçou como meta 3% do mercado brasileiro em até quatro anos, quando, espera, a fábrica terá chegado a uma capacidade instalada de 150 mil automóveis por ano. O otimismo, disse Biren, ampara-se em resultados já obtidos no país: em 2009, ano de sua chegada, a Chery chegou a vender mais de 3 mil carros por mês.
A partir de 2012, os volumes caíram drasticamente com a sobretaxa a importações da nova política automotiva. Já neste ano, a marca responde por apenas 0,3% do total de carros de passeio e utilitários leves consumidos por brasileiros.
Apesar do momento negativo das montadoras, Luis Curi, vice-presidente responsável pela Chery no Brasil, lembrou das medidas lançadas pelo governo para irrigar o mercado de crédito e dos relativamente baixos índices de motorização no país ao justificar a visão positiva sobre o futuro do setor. Além disso, afirmou que a Chery disputará a faixa mais popular do mercado, formada por modelos de até R$ 40 mil, onde estão concentradas cerca de 60% das vendas.
No evento que marcou a abertura da fábrica, também não escaparam das discussões os custos de produção mais altos que a empresa terá que enfrentar no Brasil em relação à sua realidade na China. Diretores da Chery esperam compensar essa diferença com os menores custos de logística, dado o encurtamento das distâncias com o mercado consumidor, e a eliminação do imposto de importação de 35% nos dois modelos que serão produzidos na unidade.
Se isso parece ser insuficiente para reduzir os preços dos carros, Curi disse que, pelo menos, a marca poderá manter os valores da forma como estão hoje. Mesmo importado da China, o QQ, vendido por R$ 24 mil, é hoje o carro mais barato do país.
Dos 50 mil previstos no primeiro ano da fábrica, a Chery planeja elevar a capacidade da linha para 150 mil automóveis anuais até 2018. Produzir no local a nova geração do utilitário esportivo Tiggo também está nos planos.
A unidade de Jacareí, a primeira da montadora fora da China, ocupa 400 mil m2 de um terreno de 1 milhão de m2. Deve gerar mais de 3 mil empregos na região. No total, US$ 400 milhões foram desembolsados no empreendimento. Outros US$ 130 milhões foram destinados à fábrica de motores erguida perto da linha de montagem - dentro do objetivo de alcançar índice de nacionalização de 70% em dois anos.
O vice-presidente da República, Michel Temer, e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, assim como os ministros do Desenvolvimento, Mauro Borges, e do Trabalho, Manoel Dias, acompanharam ontem a cerimônia de inauguração da fábrica da Chery em Jacareí.
Valor Econômico - 29/08/2014
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