sexta-feira, 16 de julho, 2021

Embalagem Plástica Flexível fica mais reciclável

Embalagens plásticas flexíveis acondicionam quantidades crescentes de alimentos, artigos de higiene e limpeza, objetos de uso cotidiano, insumos industriais e agrícolas, entre inúmeros outros produtos.
Apenas no ano passado, informa a Abief (Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Plásticas Flexíveis), no Brasil sua produção somou quase 2,1 milhões de toneladas, equivalentes a quase um terço do total de resinas transformadas no país nesse período, quando cada brasileiro consumiu, em média, 9,7 kg dessas embalagens.
Tamanha grandiosidade não deixaria de fomentar indagações sobre sua sustentabilidade, até mesmo pela quantidade de resíduos que gera.
Mas as embalagens flexíveis também propõem questões específicas para a reciclagem (vertente fundamental da economia circular).
Uma delas: a logística da coleta desses resíduos, geralmente leves, dificulta a reciclagem mesmo das embalagens monomateriais (quase sempre de PE, PP, PET ou PVC).
Questiona-se também a viabilidade da reciclagem das embalagens multimateriais, que combinam diversas resinas, e contribuíram decisivamente para a expansão das embalagens flexíveis.
Essa contestação da reciclabilidade das embalagens multimateriais é, porém, refutada por Leda Coltro, pesquisadora do Instituto de Tecnologia de Alimentos – Ital.
“Desenvolvemos para a Rede de Cooperação para o Plástico um estudo técnico que avalia a reciclabilidade das embalagens plásticas, rígidas e flexíveis.
Ele mostrou que várias embalagens flexíveis, inclusive com mais de um material, são perfeitamente recicláveis”, enfatiza.
O estudo, diz Leda, gerará um software a ser lançado no Brasil que poderá avaliar, em uma escala de A a E, a reciclabilidade das embalagens, e tomou por base o software Recyclass, da União Europeia, adaptado para a realidade brasileira.
“Embalagens flexíveis de PE ou PP com um percentual máximo de plástico que confere barreira – como poliamida ou EVOH – são recicláveis também. E as empresas buscam respeitar esse limite, até porque esse material de barreira geralmente é mais caro”, ressalta Leda.
- Reciclabilidade de embalagens com poliamidas (PA)
A reciclabilidade de embalagens com poliamidas (PA) é ratificada por recente estudo feito pela UBE com um filme de cinco camadas com 15% de copoliamida, que mostrou que a presença de PA não compromete a reciclagem do filme na cadeia do PE.
Esse percentual de 15% de poliamida, observa José Angel Prieto, engenheiro de serviços técnicos da UBE, é usual nas embalagens.
“Mas nossos estudos mostram que mesmo com 30% de poliamida a embalagem pode ser inserida na cadeia normal de reciclagem de polietileno”,destaca o profissional da UBE, empresa que fornece poliamidas para stand up pouches, sacos a vácuo, termoencolhíveis, entre outras embalagens flexíveis.
- Embalagem: Só Polietileno
Estudos sobre a reciclagem das embalagens flexíveis multimateriais não impedem os fornecedores de resinas de buscarem produtos que possibilitem estruturas de embalagens mais simples, se possível, feitas com uma única resina.
A Dow, por exemplo, desenvolveu uma solução de stand up pouch confeccionado apenas de PE.
“Ela já está sendo utilizada aqui no Brasil, em mercados como alimentos congelados e limpeza doméstica”, informa Marcus Carvalho, gerente de marketing para alimentos e especialidades plásticas da empresa.
“Também desenvolvemos uma solução para a termoformagem sem PA, para embalagens de produtos frescos de origem animal”, acrescenta.
No portfólio de PE da Dow, há opções como a resina Elite AT que, ao proporcionar características de barreira, permitiu que no ano passado a marca colombiana de café Pergamino passasse a ser comercializada em uma embalagem feita com essa resina, sem a metalização usual.
No Brasil, em parceria com a fabricante de embalagens Videplast, a empresa desenvolveu o VP30, filme de PE que, mais resistente, permite a produção de filmes menos espessos e, portanto com menos resina, já utilizado em embalagens de arroz.
“Temos também a linha de resinas Innate TF, que permite a produção de PE bi-orientado, já em uso em outros mercados e em desenvolvimento na América Latina, pois exige máquinas específicas. É uma potencial ferramenta para estruturas monomateriais de PE”, enfatiza Carvalho.
Também a Braskem construiu, em parceria com a fabricante de embalagens Antilhas, um stand up pouch feito apenas de PE, para uso em alimentos e produtos de higiene pessoal e doméstica.
E, em um projeto conjunto com a Vitopel, desenvolveu uma resina de PP que possibilitou substituir um filme de PET/PE por uma solução BOPP/BOPP em embalagens de cereais infantis da Nestlé.
“Importante ressaltar que não houve qualquer comprometimento da barreira ao oxigênio e ao vapor d’água nessa solução, com as vantagens de menor peso da embalagem; manutenção da velocidade na linha de envase; e reciclabilidade total”,ressalta Américo Bartilotti, diretor dos negócios de embalagens e bens de consumo da Braskem.
Já existem, ele relata, também tecnologias de embalagens monomateriais transparentes, com altíssima barreira ao oxigênio e ao vapor d’água, que competem com soluções multimateriais nas quais são incluídas resinas como PA, EVOH, PVDC, PVOH (por “altíssima barreira”, ele considera valores de oxigênio abaixo de 1 cm³/m².dia.bar, e umidade abaixo de 0,3 g/m².dia).
“Soluções monomateriais com esse nível de proteção podem ser desenvolvidas por dois caminhos: um deles é a metalização transparente, que ainda não temos no Brasil, mas que alguns produtores de filmes – como Celplast, Jindal, Amcor – já divulgam fora daqui”, especifica Bartilotti.
“Há também a opção por coating, que a Braskem já avalia e testa”, acrescenta.
- Antonio Carlos Santomauro
https://www.plastico.com.br/economia-circular-embalagem-flexivel-fica-mais-reciclavel/ Plástico Moderno - 12/07/2021
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