quarta-feira, 12 de maio, 2021

BC vê 'retomada robusta' no 2º semestre e indica alta na taxa básica de juros

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central avaliou nesta terça-feira (11) que, a despeito da intensidade da segunda onda da pandemia ter sido maior que a esperada, o segundo semestre do ano deve mostrar uma "retomada robusta da atividade, na medida em que os efeitos da vacinação sejam sentidos de forma mais abrangente".
A informação consta na ata de sua última reunião, realizada na semana passada, quando a taxa básica de juros da economia avançou de 2,75% para 3,5% ao ano por conta das pressões inflacionárias.
De acordo com o BC, a pandemia produziu efeitos heterogêneos sobre os setores econômicos. "Enquanto o setor de bens opera com baixa ociosidade, o setor de serviços mostra dificuldades para se recuperar", avaliou.
O Copom informou, ainda, que os dados de atividade e do mercado de trabalho formal sugerem que a "ociosidade da economia como um todo se reduziu mais rapidamente que o previsto, apesar do aumento da taxa do desemprego".
Em março, o Banco Central estimou um alta de 3,6% para o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. Para o mercado financeiro, a expansão da economia será de 3,21% neste ano.
- Inflação e juros
Na ata do Copom, o Banco Central indicou que deverá elevar a taxa básica de juros da economia, em meados de junho, na "mesma magnitude" da última decisão, ou seja, em 0,75 ponto percentual "caso não haja mudança nos condicionantes de inflação". Com isso, a taxa passaria de 3,5% para 4,25% ao ano.
O Copom fixa a taxa básica de juros com base no sistema de metas de inflação, fixadas pelo Conselho Monetário Nacional.
Para 2021, a meta central é de 3,75%. Pelo sistema de metas, a meta será considerada cumprida se ficar entre 2,25% e 5,25% em 2021.
Para o ano que vem, a meta central de inflação é de 3,50% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar de 2% a 5%. Neste momento, o BC já está fixando a taxa básica com base na meta de inflação para 2022, uma vez que as decisões sobre o juro demoram de seis a nove meses para terem impacto pleno na economia.
Os analistas das instituições financeiras estimam que a taxa subirá mais nos próximos meses, atingindo 5,5% no fim de 2021, e 6,25% no fim de 2022.
Economistas avaliam que a alta recente da inflação está relacionada com o aumento dos preços dos alimentos, combustíveis e do dólar, que torna os insumos e os produtos importados mais caros.
"Com exceção do petróleo, os preços internacionais das 'commodities' continuaram em elevação, com impacto sobre as projeções de preços de alimentos e bens industriais. Além disso, a transição para patamares mais elevados de bandeira tarifária de energia elétrica deve manter a inflação pressionada no curto prazo", informou o Banco Central.
O BC, que manteve a avaliação de que de que os "choques atuais são temporários" na inflação, estimou, com base nas projeções do mercado para câmbio e juros, que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo ficará em torno de 5,1% neste ano e de 3,4% em 2022.
- 'Normalização parcial' do juro
Segundo o Banco Central, o Copom deverá continuar adotando a chamada "normalização parcial" da taxa de juros na próxima reunião, ou seja, uma alta que não leve a Selic, ao final de todo movimento, ao patamar do que chama de "taxa neutra de juros" - que permite o crescimento da economia, mas com inflação na meta. Analistas estimam que o juro neutro estaria ao redor de 6,5% ao ano no Brasil.
O BC avaliou, na ata, que elevações de juros sem interrupção, até o "patamar considerado neutro", implicam projeções para a inflação "consideravelmente abaixo da meta de inflação no horizonte relevante".
"O Copom reafirmou que essa visão para as próximas reuniões pode ser alterada caso haja mudança nas projeções de inflação ou no balanço de riscos, uma vez que a decisão continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, e das projeções e expectativas de inflação", concluiu.
G1 - 11/05/2021
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