Gestão e novo portfólio são alvos das farmácias magistrais de médio porte

Com o aumento da representatividade em termos de faturamento dentro do segmento de farmácias de manipulação, pequenas e médias redes magistrais investem em profissionalização na gestão e ampliação do portfólio de produtos para os consumidores. “Desde o início da crise econômica, em 2015, o segmento tem se mostrado bastante resiliente diante deste cenário, com uma média de crescimento no número de unidades de 8,8% anualmente e um faturamento de R$ 5,7 bilhões”, argumentou o presidente da Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag), Marco Fiaschetti. De acordo com o dirigente da entidade, uma das conquistas que esse mercado vem demonstrando é justamente é a elevação no nível de profissionalização e adesão às tendências para aperfeiçoar o atendimento. “Os avanços na gestão desses pequenos e médios negócios podem ser verificadas sobretudo na utilização de big data e também de impressoras 3D para a personalização de medicamentos e suplementos”, afirmou Fiaschetti, destacando que o cruzamento de dados baseado em Inteligência Artificial (AI) e big data tornou o desenvolvimento de medicamentos personalizados mais assertivos. Ainda segundo ele, atualmente o mapeamento genético realizado nos laboratórios e o compartilhamento dessas informações com as pequenas e médias redes promoveu a produção de novos suplementos e medicamentos, considerando “possíveis tratamentos para a propensão de algumas doenças” que o paciente possa desenvolver futuramente.Com isso, o dirigente também lembra que houve uma abertura maior para outro nicho “promissor” para as magistrais: os suplementos. “Percebemos que as redes têm acompanhado o novo consumidor que enxerga a necessidade de cuidar da própria saúde antes de realmente desenvolver algum tipo de doença. Vemos também a chegada grande de consumidores na faixa de 30 a 40 anos em busca desse tipo de produto”, explicou ele, lembrando que a categoria de produtos cosméticos com “finalidade terapêutica” registra alta na demanda. Na mesma linha de raciocínio, a proprietária da rede magistral Khemeia, Ana Lucia Povreslo, conta que investiu na profissionalização e treinamento de seus colaboradores para elevar a eficiência de atendimento e personalização dos pedidos – uma vez que o negócio trabalha com margem de lucro baixa . “Trabalhamos com consumidores das classes C e D. Temos a necessidade de obter rotatividade no estoque e, para isso, decidimos realizar parcerias com os postos de saúde e também consultórios próximos da nossa localização, a fim de fornecer alternativas de medicamentos terapêuticos nesses locais”, afirmou ela. De acordo com a executiva, o tíquete médio está em torno de R$ 110, com maior demanda para remédios de hipertensão, para tratamentos ortopédicos e reumatismo. “Vemos a chegada de muitos médicos que estão fazendo residência e, por isso, estão mais abertos às sugestões de tratamentos terapêuticos personalizados para alguns tipos de patologia”, complementou Ana Lucia. Além disso, a executiva ressaltou que a profissionalização dos atuais 16 funcionários do negócio exigiu “grandes gastos” com a área de Recursos Humanos (RH), o que aumentou a necessidade de elevar a rentabilidade das vendas. Outro exemplo de rede magistral que aposta na diversificação de portfólio é a Formula – com 90 unidades em operação atualmente. “Temos nos concentrado em aumentar a rentabilidade das nossas operações, inclusive com alinhamento mais assertivo com nossos fornecedores e importadoras. Produtos das áreas de nutrição, dermatologia e genecologia têm apresentado um dinamismo muito grande nas regiões onde atuamos”, declarou o diretor executivo da rede, Bruno Costa. De acordo ele, nos últimos anos, o nicho de produtos mais voltados para a longevidade ganhou destaque. Ainda segundo ele, o tíquete médio da rede está entre R$ 220 e R$ 250. Já em relação ao faturamento, Costa afirma que o grupo como um todo deve atingir cifras de R$ 140 milhões – representando um incremento de 25% sobre 2018.