Cursos preparatórios buscam espaço para além das regiões metropolitanas

Com forte atuação nos grandes centros urbanos, os cursos preparatórios de medicina e advocacia pretendem ampliar suas operações para regiões afastadas. A oferta escassa de conteúdo especializado em cidades longínquas e a falta de preparo durante a graduação são alguns dos fatores para a evolução dessa demanda. Um dos exemplos de cursos preparatórios – conhecidos popularmente como cursinhos – é o SJT Educação Médica. “Há 15 anos, tínhamos no mercado a entrada de 10 mil formandos. Atualmente, esse número subiu para 22 mil. Cerca de 80% desses recém-formados desejam entrar em alguma residência médica, que muitas vezes são extremamente concorridas”, disse ao DCI o diretor geral do curso SJT Educação Médica, Daniel Galelli. De acordo com ele, um dos objetivos do curso é ampliar o escopo de atuação para as Regiões Norte e Nordeste do Brasil, em virtude da alta demanda por instituições de preparação para exames para recém-graduados. “Atualmente, temos 186 unidades. Temos cidades prioritárias no Norte e Nordeste do País para a evolução desses cursos, como por exemplo Salvador e Goiânia, onde existe crescimento populacional também”, argumentou ele. Sem revelar o número de alunos matriculados, o executivo conta que a demanda cresce de 20% a 25% anualmente. Além disso, a maioria dos estudantes começa a realizar os módulos preparatórios – que têm variação de preços entre R$ 300 até R$ 1500 reais – a partir do penúltimo ano da graduação em medicina. Outro player do mercado que vem observando esse movimento nos últimos anos é a editora Saraiva, que criou um curso preparatório para o exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) denominado como Saraiva Aprova. “O crescimento hoje em dia é mais lento do que o registrado anteriormente. Isso acontece muito em função da competitividade que esse segmento adquiriu. Estamos com cinco mil alunos ativos na plataforma online”, diz a coordenadora de conteúdo da Somos Educação, Isabella Sanchez.De acordo com a executiva, a aposta da instituição é na segunda fase do exame, a qual “exige preparo em virtude do nível de competitividade”. “Vemos na segunda fase o nosso ‘pote de ouro. Temos três opções de curso ’”, explicou ela. Segundo Isabella, por mais que os estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo sejam polos consolidados de alunos, “a entrada de alunos do nordeste tem sido cada vez mais frequente”. Além disso, Isabella argumenta que um dos desafios na atuação desse segmento educacional está vinculada à “grande” defasagem em termos de conceitos básicos que esses alunos apresentam. “Os cursinhos precisam se virar para absorver essas deficiências de conteúdo. A maior parte desses alunos vem de faculdades de massa”, afirmou ela. Com atuação no mesmo segmento, a instituição Damásio Educacional tem 10 mil alunos matriculados no curso de direito e apresenta crescimento médio de 15% no volume de estudantes. “Em razão do crescimento no número de universidades no nordeste, começamos a ter muitos alunos também nessa região. Acredito que vai ser um movimento natural”, argumentou a diretora de cursos preparatórios, Vanessa Pancioni. De acordo com a executiva, os cursos são divididos em módulos que podem durar entre um mês e seis meses. Para ela, com a tendência de expansão do curso para regiões do Brasil mais afastadas, o movimento natural é que a utilização do Ensino à Distância (EAD) fique mais frequente nesses locais. “Atualmente, temos cerca de 200 unidades franqueadas. Mesmo que a grande maioria dos alunos consuma o conteúdo por meio das plataformas virtuais, a disponibilidade de espaços físicos para o estudo também é muito importante”, afirmou Vanessa. Ainda de acordo com ela, uma vez que a complexidade das provas vem aumentando nos últimos anos, o curso tem se aprimorado em correções “individualizadas” em relação às demandas dos alunos e também no foco na estrutura das redações e do pensamento jurídico. O valor das mensalidades do curso preparatório não foi divulgado.