Randon consolida crescimento e vê expansão na divisão de autopeças

Com expectativa de estabilidade econômica no País, a Randon, maior fabricante de implementos rodoviários da América do Sul, se aproxima de um patamar mais sustentável de vendas. Paralelamente, o negócio de autopeças deve continuar ganhando relevância no grupo. “Em 2018, conseguimos superar nossas expectativas. Crescemos no faturamento e nossos investimentos orgânicos foram ligeiramente abaixo do estimado”, declarou o diretor financeiro da Randon, Paulo Prignolato, em teleconferência para jornalistas. A empresa obteve lucro líquido de R$ 151,7 milhões em 2018, alta de 224,8% em relação ao ano anterior. Foi o segundo resultado anual positivo consecutivo da empresa, que enfrentou, juntamente com todo o setor, uma grave crise entre 2014 e 2016.A Randon atribui o crescimento da demanda a fatores como o envelhecimento da frota, juros em mínimas históricas e a safra agrícola positiva. “Há mais confiança e os números do mercado foram robustos”, aponta Prignolato.Conforme a Associação dos Fabricantes de Implementos Rodoviários (Anfir), em 2018 o segmento de reboques e semirreboques registrou aumento de quase 80% nos emplacamentos, totalizando mais de 44 mil unidades. O número, porém, ainda é inferior ao recorde de 70 mil alcançado em 2013.Para o presidente da entidade, Norberto Fabris, esse volume era artificial. “Foi uma bolha estimulada pelas condições de empréstimos do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social]. Por volta de 60 mil reboques e semirreboques seriam um número mais adequado para o nosso mercado.”O presidente do conselho de administração da Randon, Alexandre Randon, avalia que o mercado começou a voltar para patamares aceitáveis. “Ainda não atingiu o que era, após anos terríveis. Agora é esperar que a economia e o setor de infraestrutura cresçam para impulsionar as vendas.”Para a empresa, também causou impacto positivo a expectativa de uma retomada econômica mais vigorosa e o reposicionamento dos preços dos fretes após a greve dos caminhoneiros. “O tabelamento trouxe um fôlego após as vendas, os geradores de carga estão comprando frota própria. Mas não acreditamos que seja uma tendência de longo prazo, pois quem faz o preço do frete é o mercado”, destaca o vice-presidente da empresa, Daniel Randon.Para 2019, a projeção da companhia é de novo crescimento de receitas. “Há muita expectativa relacionada à mudança de governo e à aprovação de reformas importantes. Se ocorrerem, o Brasil vai ter outro ritmo de crescimento e atrair investimentos. Esperamos um desempenho melhor que o de 2018”, declarou o diretor-presidente da Randon, David Randon.A Anfir estima um avanço de 10% a 15% dos emplacamentos neste ano, totalizando de 99 mil a 104 mil unidades. No primeiro bimestre de 2019, o segmento de reboques e semirreboques registrou 71,86% de crescimento em relação ao mesmo período de 2018. Autopeças Daniel Randon detalhou que a maior parte da receita da empresa foi originária da divisão de autopeças, fortalecida pela demanda aquecida de veículos comerciais. “O setor de implementos gera mais valor, mas é mais regional. A tendência é o negócio de autopeças crescer, por ser mais global.”A Randon está buscando ampliar a relevância das receitas deste segmento geradas no exterior, por meio de exportações diretas e novas operações fora do Brasil. Em 2018, a companhia fez aquisições na Argentina, Uruguai e Índia. “As compras são motivadas pela perspectiva de expansão do portfólio de produtos e pela internacionalização da empresa”, explica Daniel Randon.Perguntado sobres os impactos da crise Argentina nas vendas de implementos, o executivo ressaltou a diversificação da empresa. “Somos muito fortes também no segmento de autopeças e em outros mercados. Nosso modelo é robusto. É claro que a crise no país vizinho causa problemas, mas em contrapartida, o desempenho das unidades norte-americanas é positivo e repõe parcialmente esse impacto.”