Indústria de resinas prevê melhora, mas vê cenário político como ameaça

O setor de resinas termoplásticas, utilizadas em diversas indústrias como a automotiva, se prepara para um novo ciclo de crescimento do consumo, mas enxerga a instabilidade política como a maior ameaça a sua retomada.“Enquanto o setor de máquinas e equipamentos como um todo cresceu 7% em 2018, o segmento ligado à transformação do plástico avançou em torno de 20%. As expectativas são positivas, embora o quadro político ainda seja nebuloso”, declarou o vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamento (Abimaq), Gino Paulucci Júnior, em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (25).A diretora de assuntos técnicos da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Andréa Carla Barreto Cunha, acredita que esses investimentos são motivados por uma expectativa de recuperação do mercado. “A indústria está se capacitando, existe uma demanda reprimida da população.”Paulucci atribui o crescimento à reposição de máquinas antigas. “Esse aumento, especialmente entre as grandes transformadoras do mercado interno, reflete uma modernização do parque produtivo”, assinala. Ele ressalta que, apesar da queda da produção industrial, registrada em janeiro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a perspectiva é positiva para o ano. “Este ano não tem Copa do Mundo, nem eleições, e o Carnaval já passou. A tendência é ocorrer um impulso.” Para ele, a maior preocupação é com a aprovação da reforma da Previdência. “Esperamos que passe pelo Congresso.”Competitividade De acordo com dados da Abiquim, no ano passado, a produção de resinas teve queda de 5,2% na produção em comparação com 2017. “Não foi um ano bom. A demanda ficou estável e houve um grande aumento das importações”, aponta Andréa.A pesquisa mostra que a demanda interna pelo insumo teve aumento de 0,9%, enquanto as importações cresceram 11,3%. Já as exportações apresentaram queda de 6,2%. “Esse incremento da entrada do produto importado está relacionado com a nossa competitividade interna. Por questões de logística e disponibilidade de matéria-prima no Brasil, comprar da China é muitas vezes mais barato”, avalia Andréa.Ela conta que representantes da Abiquim, Abimaq e Instituto Aço Brasil, entre outras entidades da indústria, se reuniram ontem (25) com o presidente da República, Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, para discutir propostas para melhorar a competitividade do País.Paulucci destacou que a principal preocupação é com uma abertura muito abrupta de mercado. “Não vamos apenas reclamar, vamos levar dados que mostram que esse tipo de abertura traria ganhos apenas marginais e o prejuízo seria total”, esclarece.Após a reunião, o governo prometeu revogar medidas burocráticas e lançar um pacote de competitividade nas próximas duas semanas. “O governo disse que fará nos próximos dias um 'revogaço' de medidas que complicam o ambiente de negócios. Mas ainda não temos detalhes de quais serão”, afirmou o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Valente Pimentel. “É preciso limpar o terreno para que o empreendedor se sinta seguro e confortável para tocar os seus negócios”.Os executivos também levaram ao governo a necessidade de realização de uma reforma tributária com mais transparência e justiça na cobrança de impostos, isentando completamente as exportações.O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Antonio Megale, afirmou que o custo de capital de giro hoje é um dos maiores entraves enfrentados pela indústria. “Embora tenhamos hoje uma taxa de juros no nível mais baixo da história, ainda há um custo excessivo de crédito que tira competitividade dos produtos nacionais.”Já o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), José Ricardo Roriz Coelho, lembrou que o Brasil tem um déficit considerável em infraestrutura e que os investimentos feitos anualmente não cobrem nem a manutenção das estruturas.