sexta-feira, 22 de fevereiro, 2019

Siderúrgicas voltam a lucrar e podem registrar mais um ano de crescimento

Com a retomada gradual da demanda interna e vantagens em relação aos preços internacionais, as siderúrgicas brasileiras voltaram a lucrar em 2018. Para este ano, a expectativa do mercado é que as empresas tenham novamente um desempenho operacional positivo, mas a rentabilidade depende de fatores como câmbio e oferta global.“O que favoreceu o aumento de preços do aço no ano passado, no Brasil, foi a subida das cotações no mercado internacional em 2017 e 2018, além da depreciação do real ante o dólar. No entanto, esperamos alguma reversão desse movimento no curto prazo, levando em conta que os preços internacionais já mostraram queda significativa nos últimos meses”, avalia o analista da Tendências Consultoria, Felipe Beraldi. O analista da Mirae Corretora, Pedro Galdi, acredita que há espaço para reajustes no mercado interno desde que a diferença de preço entre o produto nacional e o importado fique em pelo menos 15%. “Do contrário, não vale a pena importar, até porque é sempre um risco para o empresário.” Porém, ele acrescenta que a sinalização das siderúrgicas locais de continuar aplicando aumentos de preços pode não vingar. “Precisamos aguardar para ver se o mercado irá absorver esses reajustes.”Nesta quinta-feira (21), duas gigantes do setor demonstraram crescimento robusto em 2018. A Gerdau reportou lucro líquido de R$ 2,3 bilhões no período, revertendo prejuízo de R$ 339 milhões em 2017. Já a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) obteve um resultado líquido de R$ 5,2 bilhões no ano passado ante R$ 111 milhões em 2017.Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado da Gerdau alcançou R$ 6,6 bilhões no ano passado, alta de 54% sobre 2017. O Ebitda da CSN cresceu 26% na mesma base, para R$ 5,8 bilhões. Galdi destaca que, apesar da Gerdau ter registrado, em 2018, queda da produção de aço bruto (-4,8%) e também das vendas (-2,5%), a empresa se beneficiou das operações nos EUA. “No caso da CSN, o crescimento expressivo do lucro se deve principalmente aos ganhos financeiros de câmbio e queda da Selic”, analisa. Ainda no final da semana passada, a Usiminas reportou um lucro líquido de R$ 829 milhões em 2018, quase o triplo do registrado no ano anterior.Em meio ao quadro de melhora dos resultados, executivos da siderúrgica mineira e da CSN já declararam ao mercado que devem aplicar novos reajustes em 2019. No entanto, Beraldi pondera que a produção global de aço está crescendo em um ritmo forte, ao mesmo tempo em que o cenário de desaceleração da economia chinesa tem ficado mais claro. “Além disso, após as eleições no Brasil, houve alguma valorização do câmbio na margem, o que também dificulta a implementação de novos aumentos de preços do aço no mercado interno”, assinala.Por outro lado, no mercado interno, Galdi vê uma melhora contínua da demanda por aço diante da previsão de crescimento de 3% do Produto Interno Bruto (PIB). “O empresário vai continuar adiando a decisão de investimento enquanto o governo não conseguir aprovar a reforma da Previdência. Com essa aprovação, a tendência é de um aumento da confiança e consequente alta do consumo”, observa. Mineração As altas expressivas do minério de ferro no ano passado vêm beneficiando também as siderúrgicas. A receita líquida do braço de mineração da CSN alcançou R$ 5,98 bilhões em 2018, incremento de cerca de 30% sobre 2017. “A mineração foi um dos fatores que contribuiu para o resultado da empresa”, pontua Galdi.No entanto, as siderúrgicas devem enfrentar desafios no setor da mineração, após o rompimento da barragem de rejeitos da Vale em Brumadinho (MG), já que órgãos públicos têm adotado cada vez mais restrições ao uso de estruturas antigas. Neste cenário ainda incerto, a Usiminas pode enfrentar desafios adicionais para vender seu braço de mineração (Musa). “Depois do desastre de Brumadinho, todo o mercado está muito mais cauteloso”, comenta Galdi.Já a CSN informou ontem a analistas que até 2021 pretende trabalhar somente com barragens a seco. “Essa vai ser uma tarefa bastante trabalhosa”, acrescenta o analista.
DCI - 22/02/2019
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