segunda-feira, 07 de janeiro, 2019

Consumidores chineses deixam de comprar novos produtos da Apple

Uma estudante de Xangai, na China, chamado Xu Yechuyi, queria comprar um novo iPhone no ano passado. Mas como ela não tinha dinheiro suficiente para comprar um na loja da Apple, optou por um iPhone 6S com três anos de uso, custando menos de um terço do que pagaria por um smartphone novo na loja. Xu, de 22 anos, faz parte de um grupo de milhares de consumidores que deixaram de ir às lojas para comprar um celular novo, passando a recorrer ao mercado de celulares de segunda mão na China. Eles continuam gastando dinheiro em produtos da Apple, mas esses recursos nunca chegam a Cupertino, onde a empresa americana tem sua sede. “Acho que há uma demanda real por esse mercado de segunda-mão de consumidores com pouco dinheiro como eu”, disse Xu. A tendência de comprar aparelhos de segunda mão é mais um desafio da Apple no maior mercado de smartphones do mundo – embora não seja o único obstáculo da empresa. Há algum tempo, a empresa vem perdendo espaço para fabricantes chinesas de celulares mais acesíveis, como a Huawei, a Oppo e a Vivo. Lançados inicialmente na China em 2009, os iPhones vendidos no país asiático ajudaram a Apple a conquistar lucros recordes. Mas, no ano passado, o lançamento do seu aparelho mais caro – comercializado no País pelo equivalente a US$ 1,3 mil – coincidiu com a desaceleração da economia e a desaceleração do mercado de smartphones. As vendas ruins da China levaram Tim Cook, presidente executivo da Apple, a enviar, nesta quarta-feira, 2, um comunicado a investidores no qual cortou a previsão trimestral de vendas de iPhone – foi a primeira vez que a Apple emitiu um alerta sobre sua previsão de receita antes de divulgar os resultados trimestrais desde o lançamento do iPhone, realizado em 2007. O mercado chinês foi apontado como o principal responsável pela queda. “Embora tenhamos antecipado alguns desafios nos principais mercados emergentes, não previmos a magnitude da desaceleração econômica, particularmente na China”, disse Cook, em mensagem a investidores. Várias empresas de tecnologia líderes chinesas também reduziram suas previsões de lucro no ano passado. Entre elas, estão a empresa Alibaba e o buscador Baidu, que mencionaram o impacto da guerra comercial em seus negócios. A confiança do consumidor impacta a economia chinesa desde o ano passado, afetando do varejo a vendas de carros. Analistas dizem que, enquanto a economia continuar desacelerando, o mercado de smartphones usados só tende a expandir. O grupo de pesquisa chinesa iiMedia prevê que existirão 144 milhões de usuários de smartphones de segunda-mão no País em 2019, um aumento de um terço em relação ao ano passado. “O ambiente macro não está a favor da Apple”, disse Kiranjeet Kaur, gerente de pesquisa sênior da consultoria IDC em Cingapura. "O poder de compra das pessoas está diminuindo." No oeste de Pequim, uma funcionária de uma empresa de conserto de aparelhos afirmou que percebeu um aumento na quantidade de usuários que procuram consertar iPhones antigos em vez de comprar novos. “Muitas pessoas optam por continuam usando seus iPhones antigos, trocando a bateria e atualizando o sistema para o iOS 12”, disse um usuário no serviços de blogs chinês Weibo, referindo-se ao sistema operacional recém-lançado pela Apple. Apoio a marcas chinesas. Nesta quinta feira, 3, páginas populares no Weibo se referiram à queda das vendas da Apple com comentários patrióticos. “Só tolos compram iPhones caros. Pessoas sãs, compram a melhor qualidade, com preço barato, como a Huawei”, escreveu um usuários em um comentário curtido centenas de vezes. “Apoie marcas chinesas!” O apoio a marcas locais ganhou força no ano passado depois que os Estados Unidos impuseram tarifas de importação em produtos chineses. Usuários de internet responderam pedindo um boicote à Apple – a empresa é encarada como um símbolo norte-americano. A fabricante chinesa Huawei também ganhou mais apoio após a prisão da vice-presidente financeira da empresa no Canadá, no mês passado. Em uma loja da Apple no distrito de compras em Pequim, o estilista Zhang Lijun estava pensando em comprar um iPhone X ou o concorrente Huawei P20, que roda no sistema operacional Android da Alphabet, dona do Google. "Eu acho que o preço é muito alto", disse ela, referindo-se ao iPhone. “A Huawei esteve em evidência nos últimos dois anos, talvez porque tenha aumentando a consciência sobre o suporte a marcas locais.”
O Estado de S. Paulo - 03/01/2019
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