São Paulo - Os baixos níveis de estoques dos clientes e a demanda aquecida, sobretudo da China, seu principal mercado, devem garantir aumenta das vendas para a fabricante de celulose de eucalipto Fibria ao longo do segundo semestre de 2017.
"Temos uma visão positiva e otimista para o segundo semestre deste ano. É um período mais desafiador, porém a demanda está positiva", disse ontem, durante teleconferência com jornalistas, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da companhia, Guilherme Cavalcante.
O momento positivo do mercado de papel, tanto na Europa quanto na Ásia, resultou em um aumento da demanda. Tudo isso, combinado com uma oferta restrita da commodity, devido a algumas paradas não programadas e ao atraso na entrada de novas capacidades pelo mundo, que reduziu os níveis de estoques dos clientes, desencadeando uma sequência de aumentos de preços durante todo o primeiro semestre, destacou a empresa no relatório de administração que acompanha o balanço.
Dessa forma, a produção da empresa cresceu 3% no segundo trimestre em comparação ao mesmo intervalo de 2016, atingindo 1,330 milhão de toneladas, mas as vendas avançaram num ritmo superior, de 14%, para 1,534 milhão de toneladas. Em termos de dias de estoques, a Fibria encerrou o período com 52 dias, equivalente 890 mil toneladas, ante 54 dias de um ano antes (930 mil).
A receita líquida da companhia, por sua vez, totalizou R$ 2,775 bilhões entre abril e junho, um incremento de 16%, na comparação anual. O avanço do faturamento foi puxado pela evolução do volume vendido e pela alta de 11% no preço médio líquido da celulose em dólar, parcialmente compensado pela desvalorização 8% do dólar frente ao real. Em termos de custo caixa de produção de celulose, o valor ficou praticamente estável, em R$ 660 por tonelada.
A distribuição da receita líquida de celulose, considerando os volumes da Klabin, ficou concentrada na Ásia (36%) e Europa (34%).
Expansão
O cenário de demanda externa positivo vai contribuir para absorver o aumento de produção, a partir de setembro. Os executivos da companhia confirmaram que a nova planta de produção de celulose, em Três Lagoas (MS), passará a operar ainda no terceiro trimestre deste ano. Ao final de junho, cerca de 96% da execução física das obras estava finalizada. Os investimentos no Projeto Horizonte 2 vão somar R$ 7,5 bilhões. Desse montante, 69% já foram aplicados até o mês passado, restando cerca de R$ 2,4 bilhões a ser investido. A nova planta vai elevar a produção em 1,95 milhão de toneladas ao ano.
Apesar dos resultados positivos no lado operacional, a companhia registrou prejuízo líquido de R$ 259 milhões no segundo trimestre, revertendo um lucro líquido de R$ 745 milhões de igual intervalo do ano passado. A piora na última linha do balanço foi consequência, no período, de despesas de R$ 789 milhões, ante ganhos de R$ 1,095 bilhão. Em partes, impulsionadas pelo câmbio. "Qualquer movimento de variação cambial impacta no lucro, mas sem efeito caixa", explicou Cavalcante.
Eldorado
O presidente da Fibria, Marcelo Castelli, afirmou que a companhia segue interessada na concorrente Eldorado, que pertence à holding de investimentos J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista.
"Há muitas sinergias que podem ser criadas, mas vamos desembolsar um valor máximo e que faça sentido ao acionista", comentou, sem dar mais detalhes sobre quanto a Fibria estaria disposta a pagar pela operação concorrente.
Uma negociação, porém, depende de desistência, por parte da chilena Arauco, que já assinou um acordo preliminar com a J&F. A operação poderá movimentar algo como R$ 11 bilhões, o que inclui os passivos da Eldorado.
"O fechamento da aquisição vai depender dos sócios da Eldorado. Estamos monitorando e aguardando o desfecho".
Castelli comentou ainda que o fato de as duas empresas terem terras próximas, no Mato Grosso do Sul, poderia gerar sinergias operacionais "acima das expectativas iniciais". "O ganho comercial é o único que ainda não conhecemos", disse.
DCI – 26/07/2017
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