Livraria Cultura quer dobrar fatia do e-commerce no faturamento da rede

São Paulo - Com um aumento de 6,51% nas vendas no primeiro trimestre de 2017, o setor livreiro ensaia uma recuperação para este ano. Apostando na melhora do cenário, a Livraria Cultura quer dobrar o percentual de suas vendas virtuais e alcançar um faturamento em linha com o registrado no último ano: de R$ 380 milhões.
"Nós acreditamos que, a partir dos recentes sinais de recuperação da economia, como o recuo da inflação, há uma perspectiva de melhora gradual que poderá se concretizar em 2018. Queremos duplicar a participação do e-commerce em nossas vendas, de 30% para 60%", admite o CEO da Livraria Cultura, Sergio Herz.
Após negar os rumores de uma possível fusão com a Saraiva, em meados de fevereiro, o executivo procura meios para elevar os ganhos da companhia através do e-commerce. Para este ano, a Livraria Cultura pretende chegar a R$ 380 milhões de faturamento, empatando com valores obtidos em 2016 - números, no entanto, aquém dos registrados em 2014, quando a rede ainda mantinha o ritmo de evolução ano a ano.
"O ano começou bem com a volta às aulas, mas as vendas recuaram depois do carnaval. Esses resultados têm origem no impacto da crise econômica que castiga o varejo como um todo. Estamos trabalhando para empatarmos com 2016. Acreditamos que a melhoria das vendas está diretamente relacionada com o reaquecimento da economia, fim do desemprego e volta dos investimentos e da confiança dos consumidores. Mas é claro que as turbulências no cenário político podem dificultar ainda mais essa jornada."
Com 70 anos de existência, a Livraria Cultura obtém 17 unidades espalhadas por dez grandes metrópoles brasileiras, além de uma loja física da vertente Geek.Etc.Br, localizada em São Paulo. A despeito da crise no setor, Herz se orgulha da experiência que as lojas proporcionam aos clientes. "Nossa estratégia é oferecer diferenciais que a concorrência não têm, tanto em termos de catálogo, como em serviços, atendimento, preço e multicanalidade. Além disso, estamos sempre investindo em nossas lojas, que são centros de cultura e entretenimento. Temos teatros, galerias de arte, cozinhas gourmets, salas de cursos e auditórios. Fazemos em média 4 mil eventos por ano, atraindo o público para uma interação diferente com o varejo", diz Herz ao DCI.
Estratégia on-line
Para aumentar o percentual do e-commerce no faturamento da rede, a Livraria Cultura está disponibilizando mais de 50 mil produtos no marketplace da Via Varejo, que administra os sites da Casas Bahia, do Ponto Frio e do Extra, desde a última semana. Com isso, a expectativa é aumentar em pelo menos 20% o volume de pedidos da empresa pela internet.
Outra novidade da rede para 2017 é o lançamento da plataforma de livros seminovos Sebinho. Com um intuito de valorizar o produto e a experiência do 'sebo', a Livraria Cultura almeja fomentar esse espaço com ofertas que podem chegar a 80% de descontos em relação ao preço médio de tabela.
Com um catálogo atualizado diariamente, por meio do programa de recompra de livros seminovos chamado '+ Leitores', o executivo acredita que o Sebinho é um caminho para incentivar o consumo consciente: "Nós lançamos o Sebinho para inovar. Introduzimos o conceito de marketplace, que reúne o melhor de tudo para nossos clientes. Eles encontrarão ótimas oportunidades de compras, tanto para livros novos como para seminovos. As ofertas do Sebinho são renovadas diariamente e os descontos vão de 30% a 80%."
Questionado sobre como o ingresso da Amazon impacta o mercado das livrarias no Brasil, Sergio Herz explica que não há como dimensionar os avanços da concorrente sem conhecer seus números: "O que posso dizer é que a Livraria Cultura aumentou o market share em 2016 para 17%. Quanto aos preços, o mercado é competitivo, há várias ferramentas que acompanham os preços praticados a todo instante; não acredito que haja um player mais agressivo", opina o CEO da Livraria Cultura.