quinta-feira, 06 de abril, 2017

Mercado brasileiro de linha branca só voltará a crescer no ano que vem

São Paulo - A venda de eletrodomésticos deve retomar o crescimento só no próximo ano. A Euromonitor estima alta de 5,9% nas vendas de 2018, porém, antes o volume comercializado chegará a 22,35 milhões de unidades ou uma queda de 0,4% em 2017 sobre um ano antes.
"Em 2017, devemos começar a ver crescimento em muitas categorias, mas os efeitos da recessão econômica não cessarão inteiramente durante este ano, com sinais mais fortes de recuperação aparecendo em 2018", comentou o analista da Euromonitor International, Elton Morimitsu, em relatório.
As duas maiores fabricantes de linha branca em atividade no País, Whirlpool e Electrolux, já destacaram uma perspectiva negativa para a demanda brasileira.
Em relatório, a Electrolux apontou uma demanda ainda fraca no Brasil este ano, mas com baixo impacto para sua operação na América Latina. Já a Whirlpool, dona das marcas Brastemp e Consul, prevê produção estável em 2017, conforme divulgação recente.
Apesar da percepção das empresas, o presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), Lourival Kiçula, acredita na interrupção da trajetória de queda ainda em 2017. "Parece que o brasileiro está voltando às compras, o que dá um fôlego para o setor. Temos os recursos [das contas inativas] do FGTS [Fundo de Garantia do Tempo de Serviço] entrando e uma renda adicional é sempre um estímulo ao consumo", disse ele.
Kiçula observa, porém, que as vendas provenientes dos recursos extras não serão suficientes para compensar as perdas acumuladas pela indústria nos últimos anos.
Atrativo
A adversidade contribuiu para o avanço da brasileira Atlas Eletrodomésticos, que tem conseguido ampliar as vendas dentro e fora do País após a saída da Mabe (Dako e Continental), que encerrou as atividades no Brasil em 2016.
"Tivemos uma condição favorável de ocupar os espaços deixados pela Mabe no mercado e fizemos isso de forma intensa nas redes de varejo e ampliando as exportações", contou o diretor comercial da Atlas, Clóvis Simões.
O executivo afirmou que as vendas de fogões da Atlas saltaram 12% em volume no último ano. Mas ao analisar o segmento, como um todo, houve uma baixa de 10% no período.
"Nas exportações, ampliamos a presença em mercados nos quais já tínhamos atuação na América Latina, Central e na África e ocupamos também o espaço que eram da Mabe nessas regiões", acrescentou.
As exportações da Atlas cresceram 17% no ano passado e atualmente representam cerca de 12% do total comercializado pela companhia. Para 2017, a estimativa do executivo é ampliar em até 8% o volume de vendas, mesmo sem o incremento oriundo da Mabe.
"Entramos em um ciclo de competição normal, pós-saída da Mabe, e nos preparamos para isso com investimentos na linha de produção e no desenvolvimento de produtos. Percebemos que agora não é mais uma questão das grandes vencerem as fabricantes menores. Vai ganhar espaço [no Brasil] quem conseguir responder mais rápido às mudanças do mercado", disse Simões.
Segundo ele, a Atlas tem investido no desenvolvimento de produtos com mais tecnologia nos últimos anos, para fazer frente a concorrência. "O brasileiro tem valorizado cada vez mais o ato de cozinhar e, por isso, ele quer produtos com algum diferencial, uma oportunidade para nós", destacou ele.
Na avaliação do presidente do grupo Eletrolar, Carlos Clur, é a oferta de tecnologia que vai garantir o estímulo à demanda no setor e permitir que as indústrias ampliem as margens.
"Mesmo que as vendas fiquem estáveis em volume, podemos ver expansão em valor", disse Clur, responsável pela principal feira do setor no País.
Segundo ele, a venda online também está crescendo no setor, mas o número de companhias que oferecem produtos direto para o consumidor final ainda é baixo. "A maioria ainda opta pelo varejo", citou.
DCI - 06/04/2017
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