terça-feira, 22 de março, 2016

Com inovação, calçadistas faturam mais e economizam

Em períodos recessivos, é comum que a indústria procure adaptar o ritmo de produção à demanda mais fraca e corte gastos, inclusive com inovação. No Brasil, fabricantes de calçados reduziram custos e ampliaram exportações para compensar a queda das vendas internas. Mas algumas empresas tomaram outro rumo: investiram em inovações e registraram vendas acima da média.
A Kidy, fabricante de calçados infantis de Birigui (SP), é uma dessas empresas. Ela desenvolveu um tênis que aumenta de numeração. O calçado possui um dispositivo embaixo da palmilha que permite expandir o tamanho do tênis em até um número. Também lançou uma linha de tênis que funciona como se fosse um controle de videogame. Com a chinesa Aviation Industry Corporation of China (AVIC), a Kidy criou um chip com sensores inteligentes de movimento, que é inserido nos calçados. Com uma conexão sem fio, o tênis pode se conectar a tablets, smartphones, computadores ou TVs e controlar jogos por meio de movimentos para o lado esquerdo, direito, saltos e rolagens.
Outra aposta é o tênis que pode ir para dentro da máquina de lavar roupa. André Henz, gerente de desenvolvimento da Kidy, diz que essa linha está entre as de maior volume de vendas. O calçado é feito com fibras e poliéster mais resistentes, para possa ser lavado na máquina sem estragar. E as peças de metal são inoxidáveis.
"As inovações levam em conta demandas que já existem, mas ainda não são atendidas. Se a empresa trabalhar sem inovação, fica refém da guerra de preços", diz Henz. O executivo afirma que a Kidy trabalhou com metas "realistas" e fechou 2015 com vendas e produção estáveis. A empresa produz 20 mil pares de calçados infantis por dia. Para 2016, a previsão é manter o ritmo de vendas estável.
No ano passado, a produção do setor caiu 7%, conforme estimativa da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o mercado de calçados no Brasil encolheu 8,7%. As exportações tiveram queda de 4,2% em volume, para 124 milhões de pares, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
A consultoria Iemi Inteligência de Mercado estima para 2016 um incremento de 0,8% a 2,1% no consumo de calçados no país ante 2015, chegando a 773,9 milhões de pares. Para a produção, a consultoria prevê alta de 3,5% em volume, para 878,7 milhões de pares, e aumento de 7% nas exportações, para 132,8 milhões de pares.
Enquanto a Kidy desenvolveu produtos diferentes, a Arezzo e Co. investiu no comércio eletrônico da marca de bolsas e acessórios Schutz, para aproveitar o crescimento desse canal de vendas, que foi de 15% em 2015, segundo a e-bit. A companhia trocou a plataforma de comércio eletrônico que usava, da Rakuten, por um conjunto de softwares e serviços da SAP e passou a integrar a operação da loja virtual com a operação de varejo tradicional da marca Schutz.
Mauricio Bastos, gerente de canais para Arezzo e Co., disse que a maioria das operações é integrada. Um consumidor que busca um produto no site pode, por exemplo, saber se há pares disponíveis em lojas físicas próximas à sua casa, ou saber se um determinado produto já chegou na loja.
A troca de tecnologia melhorou o acesso ao site. O tráfego aumentou 24%. As vendas on-line subiram 83% em 2014, para R$ 44 milhões, e 23% em 2015, R$ 54 milhões. "O cliente que compra pela internet, em média, gasta 97% mais do que consumidores que só compram nas lojas físicas", disse Bastos. A companhia estendeu a experiência para a marca Arezzo no fim de 2015 e prevê lançar lojas virtuais para as marcas Anacapri, Alexandre Birman e Fiever.
A Via Marte, que produz calçados femininos em Nova Hartz (RS), optou por investir na área de logística. Um de seus problemas estava na distribuição. Em média, 2,8% dos calçados eram colocados na caixa errada, o que ampliava os gastos com logística para trocas. A companhia investiu R$ 56 mil para atualizar equipamentos e instalar softwares que tornaram mais preciso o processo de embalagem de produtos. Como resultado, a Via Marte obteve uma economia anual da ordem de R$ 500 mil com a mudança na área logística.
As companhias ficaram entre as vencedoras do Prêmio Direções Abicalçados do ano passado. As empresas vencedoras da edição deste ano do prêmio serão divulgados no dia 28 de abril.
Valor Econômico
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