quarta-feira, 03 de fevereiro, 2016

Setor de sorvetes aposta em inovações

O setor de sorvetes que vivia um crescimento exponencial desde o início dos anos 2000, arrefeceu no ano passado em função do fraco desempenho da economia do país. De 2003 a 2014, o consumo de sorvete pelos brasileiros avançou de 685 milhões para 1,305 bilhão de litros, uma alta de 90,5%, segundo a Associação Brasileira das Indústrias e do Setor de Sorvetes (Abis).
O balanço de 2015 ainda não foi concluído, porém, a entidade estima que o volume vendido foi semelhante ao registrado no ano anterior. Em termos de faturamento, porém, o setor movimentou R$ 25 bilhões em 2015, cerca de 10% acima das vendas de 2014, mediante inflação oficial de 10,67% no ano passado. Para 2016, faltam projeções e sobram incertezas.
"O segmento que viveu um 'boom', deu uma estabilizada em 2015. Este ano também promete ser desafiador", avalia Eduardo Weisberg, presidente da Abis. Segundo ele, os custos das empresas aumentaram, pressionados pela alta dos preços da energia elétrica, da gasolina e dos ingredientes, especialmente os importados. "Não há quase nenhum espaço para repasses de preços".
O setor de sorvetes no Brasil é composto por 90% de micro e pequenas empresas e por 10% de médias e grandes. A Abis está acertando com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) programas de capacitação dos empreendedores para ajudá-los a superar os desafios de hoje. Entre os temas, administração financeira, gestão de pessoas, segurança alimentar, inovação e eficiência energética. A associação reforçou ainda as campanhas para promover o sorvete como alimento que pode ser tomado rotineiramente, para derrubar a imagem de item supérfluo ou apenas sazonal, consumido no verão.
A inovação também foi intensificada, diz o presidente da Abis. "Cada um busca seu nicho. São muitos lançamentos de produtos, a inovação está em tudo, inclusive nos processos", afirma.
O potencial do mercado é grande. Enquanto no Brasil o consumo per capita de sorvete é de 6,4 litros por ano, em alguns países da Europa chega a ser o dobro ou até o triplo. Nos Estados Unidos é de mais de 20 litros por habitante/ano. Nos vizinhos, Argentina e Chile, 9 litros por capita, anualmente.
A Sorvetes Rochinha, marca tradicional do litoral Norte paulista, conseguiu mesmo em cenário adverso ampliar suas vendas em cerca de 30% no ano passado. A companhia que era de estrutura familiar, teve melhoria na gestão com a entrada de sócios há dois anos. "Fortalecemos o posicionamento da marca no caminho da saúde, do consumo sem culpa, com menos calorias e frutas puras. Lançamos picolés funcionais e versões zero açúcar", diz Lupercio Moraes, diretor da Rochinha. Entre as inovações, o picolé Bronze, preparado com cenoura, morango, limão, gengibre e hortelã, ricos em betacaroteno para favorecer o bronzeado.
A Rochinha tem base forte nas praias paulistas - são mais de 200 carrinhos na areia e 11 lojas licenciadas. Porém, em dois anos, o número de pontos de vendas subiu de 450 para 800, a maioria em São Paulo, mas também no Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina. Para acessar novos mercados, optou por franquias. A primeira loja no modelo foi inaugurada neste mês, em Moema, na capital paulista.
Há cinco anos no mercado, a Bacio di Latte, especializada em gelato artesanal italiano, iniciou as operações em uma loja na rua Oscar Freire, na capital paulista e teve rápida evolução. Hoje são 32 pontos de vendas em São Paulo e interior paulista, além da cidade do Rio de Janeiro. Todos os estabelecimentos são próprios. Somente em 2015, foram inauguradas seis lojas e oito quiosques. Nos próximos dois meses, serão abertas mais cinco unidades.
Até 2017, a Bacio di Latte pretende estar em cem locais. No ano passado, as vendas avançaram 60%. O sucesso vem de uma demanda latente por produtos premium. Mas medidas para enfrentar a crise também foram necessárias. "Conseguimos compensar a desvalorização do real ao negociar com fornecedores. Adaptamos ainda os custos de mão de obra e aluguéis", explica Eduardo Tonolli, um dos sócios da empresa.
Também no ramo do típico sorvete italiano desde 1996, a Freddissimo Gelateria tem 22 lojas em São Paulo, Brasília, Salvador, Fortaleza e Recife, sendo duas próprias e as demais franqueadas. No ano passado, foram abertas duas unidades no primeiro semestre. Mas, depois, os investidores entraram em compasso de espera, conta José Diniz, diretor comercial da Freddissimo.
Em 2015, o faturamento da rede caiu 10% em relação ao ano anterior. "Algumas lojas de shoppings sofreram queda de quase 40% nas vendas porque diminuiu a circulação de pessoas", afirma Diniz. A marca buscou alguns fornecedores locais para reduzir impacto da alta do dólar e apostou mais em produtos regionalizados, como os gelatos de cajá-manga e umbu.
Valor Econômico
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