terça-feira, 23 de fevereiro, 2016

Mercado de azeites perde fôlego com aumento de preço e recessão

O mercado de azeites, que crescia a taxas de dois dígitos ao ano na primeira metade da década, viu seu ritmo de expansão cair pela metade a partir de 2015. Uma combinação de quebra de safra na Europa e desvalorização do real frente ao euro e ao dólar piorou as condições de importação de matéria-prima para as indústrias. Na outra ponta da cadeia, fabricantes enfrentam pressão de varejistas para segurar o reajuste nos preços, no momento em que consumidores, com menos renda disponível, reduzem suas compras.
De acordo com dados da consultoria Nielsen, as vendas de azeite no país apresentaram crescimento de 2,6% em volume no ano passado, para 56,8 milhões de litros, e alta de 6,3% em valor nominal gerado, chegando a R$ 1,48 bilhão. O preço médio de venda chegou a R$ 26 por litro, ante R$ 25,08 em 2014. A categoria representa 4,8% do mercado total de óleos vegetais. O mercado de óleos vegetais cresceu 1% em volume no ano passado e 3,8% em receita.
A Gallo Brasil, dona de uma participação de mercado de 30%, informou que as vendas estabilizaram em 2015, após ter crescido em torno de 17% ao ano nos cinco anos anteriores. Para Walter Celli, vice-presidente da Gallo Brasil, a desaceleração é reflexo da crise econômica. "O consumo no Brasil ainda é restrito. Acredito que esse mercado ainda pode crescer 50% nos próximos cinco anos", disse Celli. Para 2016, o executivo estima que a companhia manterá sua participação de mercado, acompanhando o desempenho da categoria. "O mercado pode crescer um pouco ou cair um pouco, em função do cenário atual", disse.
A Gomes da Costa, que representa a marca espanhola Carbonell no Brasil, informou que suas vendas cresceram entre 3% e 4% em 2015, com uma perda no ritmo de vendas no segundo semestre. "Os preços internacionais subiram muito por causa da quebra de safra na Europa. O impacto no Brasil foi maior por causa da desvalorização do real", disse Luiz Manglano, gerente de marketing da Gomes da Costa.
O azeite vendido no Brasil é importado principalmente da Europa. A Gomes da Costa informou que espera para este ano uma queda pequena no mercado de azeites e crescimento entre 1% e 2% nas vendas da Carbonell. O aumento será obtido com ampliação na rede de distribuição, lançamento de linhas e saída de alguns concorrentes importados do mercado. "As empresas enfrentam dificuldades para repassar ao varejo o aumento nos custos, a negociação ficou mais complicada", afirmou Manglano. De acordo com o executivo, o preço médio do azeite importado subiu 45% no último ano.
Fernanda Gomes Correa, gerente de atendimento da Nielsen, diz que, por ser uma categoria ainda pequena no segmento de óleos vegetais e por ser consumido principalmente por pessoas com renda mais alta, o azeite sofre menos o impacto da crise econômica. "Marcas de preços mais baixos ganham mais espaço à medida que os consumidores com restrição financeira buscam balancear o orçamento", afirma Fernanda. Ela considera provável uma substituição, nos próximos meses, de parte do consumo de azeite por óleos vegetais como de soja e canola.
Robson Munhoz, diretor de relacionamento do varejo e indústria da Neogrid, disse que a substituição já tem acontecido nas redes varejistas. Em novembro de 2015, o nível de ruptura no varejo (que mede a falta de produtos) chegou a 16,69%. Em dezembro, o índice voltou para 13,08%. "Os varejistas têm segurado as compras, devido à perspectiva de recessão e à elevação nos preços das indústrias. Isso gera a ruptura", disse Munhoz.
A consultoria Euromonitor International estima que o mercado de azeites tenha movimentado 85,6 milhões de litros em 2015 e gerado faturamento de US$ 791 milhões. Para o período de 2015 a 2020, a consultoria projeta para a categoria um crescimento médio anual de 5,4% em volume e de 7,1% em receita. Entre 2010 e 2014, o crescimento médio anual foi de 12,7% em volume e de 21,1% em receita.
Valor Econômico
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