terça-feira, 04 de outubro, 2016

Hotelaria aposta em eventos para crescer no próximo ano

São Paulo - Após um semestre com baixa ocupação, o aluguel de espaços dentro dos hotéis volta a reagir, antes mesmo do serviço de hospedagem. Com perspectiva econômica melhor para 2017, empresas apontam retomada de lançamentos, convenções e treinamentos. Contudo, negociação de preço deve continuar sendo prioridade de clientes.
"O próximo semestre será melhor. Este ano foi um teste cardíaco", diz o vice-presidente de marketing e distribuição do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB), César Nunes. Segundo ele, com a instabilidade econômica, as empresas deixaram a contratação para última hora, o que acabou com a previsibilidade da receita dos hotéis e deu força de negociação para o contratante.
Em termos de faturamento, ele aponta que no primeiro semestre o resultado ainda foi bom (igual ou maior que o mesmo período de 2015), contudo, nos últimos seis meses do ano, a ocupação esteve ruim. "Mas para o próximo semestre já vemos as empresas retomando a contratação com antecedência."
Outro fator que deve impulsionar o volume de novos negócios é a busca por espaços menores. "Este ano, os eventos de grande porte [realizados em centros de exposição] tiveram uma queda no número de participantes e, consequentemente, em tamanho. Isso beneficiou os hotéis e a tendência deve continuar", ressalta. Em média, os espaços nos hotéis têm capacidade para 1,2 mil pessoas.
"Além disso, o aumento do dólar trouxe eventos que tinham migrado para outros países", complementa. Para Nunes, com a oscilação da moeda americana é possível que os eventos que migraram no passado, voltem para o País.
Precificação
Mesmo com a retomada do volume de eventos, ele explica que as negociações continuam acirradas. Segundo ele, antes de 2014, os hotéis podiam se dar o luxo de não aceitar um preço, por conta da demanda aquecida. Contudo, com uma queda de 30% no número de solicitações de orçamento, os hotéis devem estar mais flexíveis. "O preço teve redução entre 5% e 10% na comparação com 2014", explica.
"Mas quando falamos em flexibilização, não são apenas os valores", aponta. Além de negociar o preço, ele indica que o número de serviços ofertados no 'pacote' aumentou. Entre eles, o early check-in e late check-out para quem se hospeda no hotel, e flexibilidade de horário para montagem e desmontagem do evento.
Outro desafio é a redução da malha aérea no País. "Com a crise, as companhias reduziram a oferta de assentos e o Nordeste foi o mais afetado", explica. Com isso, a perspectiva é que destinos nessa região percam alguns eventos para locais com maior conexão aérea.
Além disso, o executivo aponta a falta de espaços no País. "Nos Estados Unidos, cidades com 200 mil ou 300 mil habitantes tem centro de convenções", diz. Além disso, o problema não é apenas de regiões distantes dos grandes centros. "Campinas, por exemplo, é carente de espaço", comenta. Exemplo disso é o novo centro de convenções da rede Royal Palm que deve inaugurar em 2018 e já está com agenda completa até 2020.
Para ele, um dos fatores que prejudicou a construção de novos espaços foi o período de crescimento do mercado imobiliário que valorizou demais os terrenos e inviabilizou projetos para eventos. "A crise deu um pouco de espaço para novas construções", completa.
Sem crise
Pensando nesta falta de espaço, a Rede Tauá inaugurou neste final de semana um novo salão para eventos com capacidade para 3 mil pessoas na sua unidade de Atibaia (SP) que exigiu investimento de R$ 21 milhões. Segundo a diretora comercial da rede, Lizete Ribeiro, apesar do momento econômico, o resort recebeu um grande número de orçamentos. "Existe uma carência por espaços na região."
Para ela, mesmo próximo de São Paulo, o modelo de resort em sido um atraente. "Estamos no intermediário. Não somos um hotel de luxo nem econômico", aponta. Em 2016, o único mês que ficou abaixo do desempenho de 2015 foi junho.
"Mesmo com negociações mais fortes com as empresas, elas não deixaram de fazer o evento", diz. Para complementar o serviço Mice, ela aponta que a rede realizará um aporte de R$ 75 milhões na construção de novos quartos e área de lazer. "Temos focado em associação e confederações que realizam eventos grandes e na maioria dos encontros de classes as famílias vêm junto", ressalta.
A perspectiva para 2017 é que a unidade de Atibaia tenha alta entre 16% e 20% na receita, sendo que 60% vem do Mice. Em 2015, os três resorts da rede faturaram R$ 125 milhões.
DCI
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