terça-feira, 26 de janeiro, 2016

Rakuten deixa shopping virtual no país

O grupo japonês Rakuten está saindo da operação do modelo de shopping virtual ("market place") no Brasil, em decisão tomada pela subsidiária e apoiada pelo comando da matriz no ano passado. O formato local deve focar a prestação de serviços de tecnologia para varejistas na internet, área em que já atua.
Com US$ 6 bilhões em vendas anuais no mundo, a empresa perdeu mercado nos últimos dois anos no país, a base de lojistas diminuiu e as vendas pararam de crescer. O total de empresas com lojas instaladas no site caiu de 1,2 mil há um ano para 900 varejistas atualmente (em parte, reflexo da crise no consumo) e as vendas brutas estão estáveis há dois anos. Para analistas, a baixa exposição da marca Rakuten no mercado brasileiro também afetou o desempenho.
O grupo entrou no varejo brasileiro no fim de 2011, com lançamento do shopping virtual no ano seguinte. Desde então, piorou o ambiente de competição com a entrada da B2W (controlada pela Lojas Americanas) e da Cnova (do grupo Casino) no segmento - cada uma teria cerca de 2 mil varejistas em sua base atualmente.
No varejo, a batalha por espaço acirrou-se num momento de contração na demanda, e boa parte da receita do "market place" vem da comissão sobre vendas dos lojistas. Com a mudança, a Rakuten deixa de cobrar essa taxa das lojas e vai tentar compensar a perda vendendo um pacote mais rentável de serviços essenciais para o comerciante operar uma loja on-line, estando dentro ou fora de um shopping virtual. Ela já oferecia essas ferramentas, mas foram feitos ajustes.
São oferecidos serviços na área de produtos financeiros (antecipação de recebíveis e anti-fraude), na entrega de mercadorias e soluções para ajudar a loja a definir preço e estratégia de produtos no comércio eletrônico, por exemplo. Um único sistema interliga as ferramentas. O grupo japonês concorre neste setor com grandes grupos, como Vtex, EZcommerce e a B Seller, da B2W. Com a B Seller, a B2W já estaria cobrando, em certos casos, taxa de comissão sobre vendas inferior a 1%, para ganhar vendendo serviço, apurou o Valor.
Segundo especialistas, o que a Rakuten precisou fazer foi definir em qual segmento iria realmente concentrar as suas forças e recursos. "Ela precisava ganhar no 'market place' ou no serviço, e percebeu que isso não estava acontecendo nas duas áreas. Acabou tendo que se posicionar para continuar no mercado", disse Roberto Wajnsztok, co-foundador da consultoria OriginV. As mudanças foram parte de um projeto da subsidiária, apresentado à matriz em maio.
"Com a chegada da Amazon no Brasil, que deve acabar entrando para valer no 'market place' no país em algum momento, tudo vai mudar, a briga vai piorar. Não vamos esperar isso acontecer. Decidimos olhar para aquilo que podemos oferecer a mais ao cliente", disse Rene Abe, diretor de operações da Rakuten, e contratado para repensar o modelo no país.
O executivo diz que é possível indicar ao lojista as melhores configurações de frete e preço para cada consumidor. Antes, isso não estava sendo feito de maneira tão precisa. "Ainda é possível determinar em qual site ele vende melhor um produto específico ou tem uma margem maior, e trabalhar junto essa estratégia. Se ele tiver retorno previsto, ganhamos um percentual sobre esse retorno."
"Percebemos que o pequeno lojista no Brasil não gosta muito da ideia de estar dentro de um guarda-chuva dentro de um site cheio de marcas. No Japão, isso é muito bem aceito, mas aqui, ele quer ter a sua loja, o seu espaço", afirma o executivo. O site da empresa continua a existir, mas, em algumas semanas, quando o consumidor buscar um produto na loja da Rakuten, ele será encaminhado diretamente para o site dos lojistas.
Valor Econômico
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