terça-feira, 11 de agosto, 2015

Wickbold compra Seven Boys e ultrapassa Panco

A Wickbold, fabricante brasileira de pães industrializados fundada por Henrique Wickbold e controlada por seus descendentes, fechou acordo para adquirir a concorrente Seven Boys, do japonês Jinko Yonamine, que se naturalizou brasileiro e adotou o nome Paulo. Fabio Medeiros, presidente da Wickbold, disse ao Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor, que a compra foi feita à vista, em dinheiro.
Com a aquisição, cujo valor é mantido sob sigilo, a Wickbold ultrapassa a Panco e se torna a segunda colocada no segmento de pães industrializados, atrás do grupo mexicano Bimbo (dono de marcas como Pullman e Nutrella), segundo a Euromonitor. Sua participação de mercado sobe de 13,5% para 28,7% com a aquisição.
Yonamine e sua filha, Iza Yonamine, que comandavam a Seven Boys, deixarão o negócio. A marca e a estrutura fabril e de distribuição serão mantidas. "A marca Seven Boys é bastante tradicional no mercado e tem uma vocação distinta da Wickbold, com foco em pães brancos e lanches. As marcas serão mantidas, com vocações diferentes", disse Medeiros.
A Wickbold enxergou na Seven Boys uma complementaridade das marcas e também da operação. A Wickbold concentra sua operação na região Sudeste, especialmente em São Paulo e Rio de Janeiro, e tem participação menor em Minas Gerais e na região Centro-Oeste. A Seven Boys, por sua vez, tem operação concentrada no Sul do país e em Minas Gerais.
A Seven Boys tem duas fábricas, em Porto Alegre e Belo Horizonte, e nove centros de distribuição. A Wickbold tem quatro fábricas, localizadas em Diadema (SP), Hortolândia (SP), São Paulo (SP) e Jacarepaguá (RJ), além de 9 unidades de distribuição no país. Sem citar números, Medeiros disse que espera obter alguns ganhos de sinergia com a união das duas empresas nas áreas de produção, distribuição e logística. A Wickbold e a Seven Boys assinaram um contrato de opção de compra no ano passado e o fechamento do acordo dependeria dos resultados de uma diligência feita na Seven Boys. A Wickbold contratou a PwC para a diligência e o escritório CWTP Sociedade de Advogados para a análise jurídica do negócio.
No primeiro semestre de 2015, o mercado de pães industrializados encolheu 1,5% em volume de vendas, segundo a Nielsen. Os especiais (com cereais, por exemplo), que representam 20,6% do mercado, tiveram crescimento de 8,1% no período. As linhas de pão branco, que representam 45,3% do mercado, tiveram queda de 0,3%. Arlete Correa, gerente de atendimento da Nielsen, diz que o mercado de pães segue tendência geral do mercado de consumo, de redução ou manutenção dos níveis de consumo do ano passado.
A indústria de pães industrializados movimentou R$ 2,62 bilhões em 2014, com um crescimento de 26% sobre o ano anterior. O volume produzido teve avanço de 12%, para 276 mil toneladas. Claudio Zanão, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães e Bolos Industrializados (Abimapi), diz que os pães industrializados estão presentes em 76% dos lares.
A Wickbold foi fundada há 77 anos pela família Wickbold e foi administrada pelos herdeiros do fundador até 2013, quando a companhia decidiu aumentar o nível de profissionalização do negócio. A empresa contratou Fábio Medeiros como presidente da companhia e também substituiu os diretores - que eram membros da família - por executivos do mercado. A mudança no quadro da diretoria foi concluída no começo de 2015. A Wickbold continua sendo controlada pela família fundadora, que agora participa apenas do seu conselho de administração.
Valor Economico
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