Indústria de cosméticos para hotéis aposta em produtos de maior valor

São Paulo - A venda de cosméticos de maior valor para o setor hoteleiro pode garantir o faturamento das fabricantes de cosméticos. Isso porque, com a retração na ocupação dos hotéis no País, a demanda do setor está menor este ano.
A Realgem's Amenities, líder na fabricação de cosméticos para hotéis, viu as vendas recuarem nos primeiros seis meses do ano e agora trabalha para compensar as perdas com as encomendas do segundo semestre.
"Crescemos bastante no ano passado, o que torna mais difícil superar os números este ano. Somado a isso, temos uma situação econômica que não favorece", observa o diretor da fabricante, Mauro Carvalho de Oliveira.
Com foco no mercado de amenities, como são chamados os cosméticos para hotéis, a empresa registrou alta de 15% no volume de vendas em 2014 sobre um ano antes. O faturamento cresceu 25% em igual comparação.
Para 2015, entretanto, a expectativa é manter o volume de vendas ou avançar pouco em relação ao ano passado. Já o faturamento deve crescer aproximadamente 5%.
"Ainda temos sinalização de crescimento, mas percebemos que os hotéis foram bastante afetados pela retração na economia local", diz.
De acordo com estimativa feita pela Realgem's, o segmento de amenities pode chegar a faturar R$ 3 bilhões ao ano. A empresa levou em consideração dados que indicam uma oferta média anual de 457 milhões de diárias em hotéis, com taxa média de ocupação de 78% e custo médio de compra de kits de amenities por R$ 8 para fazer o cálculo.
"Mesmo com a queda na taxa de ocupação geral este ano, a demanda dos hotéis mais caros se mantém", conta ele.
O executivo destaca que a queda mais acentuada na demanda dos hotéis econômicos pelos amenities, não é resultado de uma política de corte de custos, mas sim reflexo da baixa taxa de ocupação desse tipo de estabelecimentos.
"Percebemos que os hotéis mais caros não foram tão atingidos pela desaceleração, então as vendas das nossas linhas de maior valor, destinadas principalmente a esses clientes, tem registrado melhor desempenho", revela Oliveira.
Com isso, a Realgem's tem conseguido minimizar o impacto da retração das vendas em volume, na qual as linhas mais baratas têm maior peso, com o valor faturado pelas linhas de maior preço.
Alternativas
O início da alta temporada de verão no setor hoteleiro - de dezembro a março - também é citada por Oliveira como um dos fatores que podem sustentar as vendas. "A expectativa é que o volume comercializado aumente nos próximos meses, com a retomada da demanda no setor ajudando a compensar as perdas do primeiro semestre", afirma.
A fabricante também está colocando uma linha de produto em promoção neste mês, ação que pode se manter em agosto, para estimular vendas.
"Optamos por trabalhar com margens menores em alguns produtos para tentar atrair mais os clientes com a linha em promoção, pois sabemos que é preciso ter alternativas para continuar crescendo", ressalta o executivo.
Outra aposta da Realgem's é o lançamento de novos produtos. "A nossa estratégia tem sido investir em novas linhas com inovação técnica e já identificamos que elas mantêm bom resultado nas vendas, mesmo com o cenário menos favorável", explica Oliveira.
Entre os produtos que se destacam, o executivo cita as linhas Talentos do Brasil e Nativa SPA, essa última resultado de uma parceria com o Grupo Boticário desde 2013.
"Nosso objetivo é fechar contratos com redes hoteleiras com propostas condizentes com Nativa SPA - linha premium de cuidados pessoais. Desta forma, além de ser um importante ponto de contato com o consumidor final, reflete também na presença de marca da empresa", explica a gerente de cuidados pessoais de O Boticário, Aline Mori.
Na avaliação da executiva, a alta do dólar tem influenciado diretamente os destinos das férias e a tendência é que o número de turistas no País aumente este ano, estimulando a demanda por amenities.
Ela destaca ainda o acréscimo de 400 hotéis na base do setor hoteleiro do País até a Olimpíada, em 2016, como outro fator que pode contribuir para ampliar as vendas. "Temos um mercado muito promissor para o segmento de amenities e, ainda não sentimos esse efeito [da desaceleração]", garante Aline.