quinta-feira, 25 de junho, 2015

Mercado de eletrônico e bebida deve desacelerar nos próximos cinco anos

As vendas de eletrônicos e bebidas não alcoólicas terão crescimento mais tímido nos próximos anos. Segundo analistas, apesar da retração econômica, a desaceleração é esperada mesmo em um cenário favorável devido a mudança no perfil de consumo.
O mercado de produtos eletrônicos, cuja média de crescimento anual entre 2009 e 2014 foi de 9,4%, deve registrar alta anual de apenas 3,2% até 2019, aponta levantamento da consultoria Euromonitor Internacional.
Na categoria de bebidas não alcoólicas, o crescimento médio das vendas no varejo também será menor, passando de uma média anual de 7,6% para 5,4%, no mesmo período de comparação .
"Em muitas categorias que acompanhamos, quando comparamos os últimos anos com os próximos, a taxa média de crescimento será menor. Embora a demanda seja a mesma, a questão é saber quando o dinheiro voltará a fluir na ponta", afirma o diretor-geral da Euromonitor no Brasil, Marcel Motta.
No setor de eletrônicos, o preço dos produtos aparece como um dos fatores que contribui para essa desaceleração das vendas.
"Um maior reajuste de preços em produtos considerados de necessidade básica também impacta esta categoria, porque o consumidor está com o bolso mais apertado e acaba optando por diminuir a frequência de compra de bens considerados supérfluos", diz o analista de pesquisa da Euromonitor, Leonardo Freitas.
Para o diretor da área de informática da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Hugo Valério, a desaceleração já era esperada após o boom na venda de computadores, notebooks e celulares nos últimos anos.
"Esse é um dos fatores que ajuda a explicar esse movimento: o fato da base de comparação dos últimos anos ser muito grande, então naturalmente é mais difícil sustentar esses índices de crescimento", observa Hugo Valério.
Ele conta que, desde 2004, o setor era beneficiado pela desoneração fiscal somada ao crescimento da renda. A deteriorização da economia, combinada ao fato de que boa parte da demanda para esses produtos já foi atendida, contribui para a menor expansão.
"O que salva o setor agora é a demanda por smartphones, um produto de menor valor e que está em alta", afirma ele.
Bebidas
Na categoria de bebidas, as novas taxas e impostos aprovados pelo governo federal estão entre os fatores que devem levar a um crescimento mais fraco nos próximos anos.
"Além da desaceleração econômica no Brasil, que tem impactado o consumo em lares da classe média, as empresas de bebidas não alcoólicas também enfrentam o impacto da alta do dólar nos custos da matéria-prima, embalagens e logística", cita a analista da Euromonitor, Renata Martins.
Segundo ela, a tendência é que a redução da renda leve os consumidores a escolherem a compra de bebidas para consumo em casa ao invés de consumir os produtos fora do lar.
A comparação entre a média de crescimento das vendas de bebidas em serviços de alimentação, como bares e restaurantes, e bebidas no varejo confirmam esse movimento de migração (veja no gráfico).
"Essa queda no ritmo de expansão do setor não era esperada antes, mas agora nós sabemos que teremos anos ruins pela frente", afirma o presidente da Associação de Fabricantes de Refrigerantes do Brasil (Afrebras), Fernando Rodrigues de Bairros.
Ele atribui a perspectiva negativa à retração no consumo, reflexo do cenário econômico desfavorável, a tributação incidente no setor e aos problemas de concorrência desleal.
"Hoje a concentração é o maior problema do setor, porque torna o ambiente menos competitivo, prejudicando o crescimento de maneira geral", revela o dirigente.
Com o mercado crescendo menos, ele acredita que a pressão sobre pequenas e médias será maior. Nesse cenário, as gigantes do setor geralmente ganham mais espaço.
Bairros destaca que nem o avanço das bebidas com apelo saudável, uma das principais apostas do setor, será suficiente para reverter a tendência de desaceleração. "Isso ajuda, mas não salva o setor porque ainda é pouco expressivo em volume", acredita.
Inovação
Para Hugo Valério, da Abinee, no setor de eletrônicos a capacidade da indústria de entregar produtos inovadores ainda é o principal fator que pode alavancar as vendas.
"Vejo o consumidor mais cauteloso, mas ainda continuará interessado em lançamentos de maior valor agregado", reforça Leonardo Freitas, da Euromonitor.
DCI
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