quarta-feira, 23 de julho, 2014

Fast-food popular sofre ajustes

A estratégia das principais redes de fast-food do país, de vender sanduíches a alguns poucos reais, tem sido fundamental para aumentar as vendas, especialmente em períodos de desaceleração econômica. Mas ela está mudando.
Criada para aumentar tráfego e garantir vendas ao consumidor de menor renda, a política de preços acessíveis do McDonald's , desde 2009, e do Burger King, a partir de 2011, enfrenta reaju-stes de tabela - reflexo da escalada de custos e defesa de margem. O modelo fica mais flexível para continuar trazendo resultados às redes.

Desde janeiro de 2013, o McDonald's, operado no Brasil pelo grupo Arcos Dorados, promoveu três aumentos de preços em produtos promocionais, num ritmo superior ao verificado desde a criação da estratégia "Grandes Prazeres, Pequenos Preços", em 2009. A rede Burger King, por sua vez, com a ação "Preços Irresistíveis" tem feito lançamentos numa faixa de preços mais elevados.
No caso do McDonald's, no conjunto de cinco ofertas básicas (como cheesburguer, batata-frita pequena e sundae pequeno), o preço unitário de R$ 3,50 em 2012, foi a R$ 4 em janeiro de 2013; R$ 4,50 em dezembro; e em maio de 2014, já atingia R$ 5, informa a empresa em seu site. Portanto, uma alta de 43% entre 2012 e 2014. Por dois anos, entre 2009 e 2011, a empresa manteve cada produto em R$ 3, concorrendo diretamente com o comércio informal de alimentação nas ruas - este tipo de varejo cresce em períodos em que a renda fica estagnada e a economia dá sinais de arrefecimento, como o atual.
Controlado pelos sócios Vinci Partners e 3G Capital, o Burger King tem feito promoções com preços mais altos do que no passado. A rede lançou produtos novos neste ano a R$ 6,50, sendo que as promoções atuais de sanduíches não superam R$ 5,50. A empresa informou que começou a veicular campanha de um novo sanduíche de bacon (tamanho pequeno) a R$ 6,50. É o segundo produto neste ano colocado num nível de preços acima do preço de promoções.
Em outubro de 2012, a rede lançou um conjunto de sanduíches, além de uma porção de batatas-fritas e uma sobremesa pequena (sorvete), ao preço de R$ 5 cada. No início de 2014, um ano e quatro meses depois, o valor foi para R$ 5,50, alta de 10%.
Burger King, em nota, informa que "nos últimos anos, os ajustes de preços realizados nos restaurantes foram em linha com a inflação média do período". A companhia está satisfeita, com "alto índice de retorno".
"As redes precisam ter preços de entrada para trazer novos clientes para a base e para não perder aquele consumidor que ainda quer gastar, mas perdeu renda. A questão é que as empresas precisam fazer isso num momento de alta nos custos de imóveis e de mão de obra. "Não há como represar essas pressões por muito tempo", diz Alcides de Mattos Terra Júnior, consultor e ex-executivo do McDonald's. Para ele, as empresas vivem um dilema: se reajustam preços de forma mais contundente, podem perder vendas. E em negociações com fornecedores, se não tiverem escala, podem perder a vantagem.
Preços em alta no varejo tem relação direta com recomposição de margem ou com repasse de aumento nos custos dos produtos vendidos. "Alimentos e o papelão foram tendo altas, lideradas pelos custos da carne [após períodos de estiagem]. O que aconteceu é que isso [o aumento] aconteceu mais abruptamente do que pensávamos. Vamos tentar equilibrar essa pressão em 2014", disse em maio, a investidores, Germán Lemonnier, diretor financeiro da Arcos Dorados. Ele também citou despesas maiores com mão de obra. Sergio Alonso, diretor de operações da Arcos Dorados, disse em maio que o lançamento de novas promoções, como o Triplo Cheeseburger (que entre 2012 e 2013 teve aumento de preço de 20%) ajudou a empresa a "superar" o fraco ambiente em vendas no Brasil, onde a receita orgânica subiu 10% de janeiro a março.
/Valor Econômico - 23/07/2014
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