quarta-feira, 29 de janeiro, 2014

Já iniciou a reacomodação de novos projetos de celulose

A postergação do cronograma de implantação da primeira fábrica de celulose de eucalipto da Braxcel, do grupo GMR, para algum momento a partir de 2022, não foi o primeiro sinal de reacomodação de novos projetos da indústria ao longo dos próximos dez anos. Antes disso, a Suzano Papel e Celulose, no começo do ano passado, já havia suspendido por tempo indeterminado a implantação de uma nova unidade fabril, no Piauí, originalmente prevista para 2016.
Mesmo que motivada não somente por questões relacionadas ao mercado - com ênfase para o receio de que tantos empreendimentos resultem em excesso de oferta e pressão sobre margens -, mas também por aspectos pontuais de cada projeto ou empresa, uma nova distribuição das fábricas de celulose na linha do tempo já começou a ser delineada - e existe a possibilidade de que outros movimentos sejam anunciados no curto e médio prazos.
Há algum tempo, tanto Fibria quanto Suzano, as duas maiores produtoras mundiais da matéria-prima, defendem abertamente uma nova rodada de consolidação da indústria em lugar do crescimento indisciplinado da oferta. Esse posicionamento vem na esteira do elevado volume adicional pretendido pelos produtores, considerando-se projetos já em andamento ou apenas anunciados. O tamanho das novas máquinas - que, em termos tecnológicos, já podem a chegar a 2 milhões de toneladas por ano cada uma - também contribui para "degraus" de oferta cada vez maiores, o que amplia a pressão inicial sobre os preços da matéria-prima.
Ao longo deste ano, um total de 2,8 milhões de toneladas, proveniente da fábrica da Suzano no Maranhão e de Montes del Plata, no Uruguai, deve chegar ao mercado. Isso sem considerar as 350 mil toneladas por ano da Oji Paper em Nantong, na China, que podem entrar em operação ainda em 2014. No próximo ano, será a vez da expansão de 1,3 milhão de toneladas da CMPC Celulose Riograndense. Em 2016, a Klabin pretende inaugurar a fábrica de Ortigueira (PR), com produção de 1,5 milhão de toneladas por ano, e há possibilidade de a Fibria pôr em operação a segunda linha de Três Lagoas (MS), com 1,75 milhão de toneladas.
Para 2017, a Eldorado Brasil já anunciou planos de uma nova linha, de 2 milhões de toneladas, em Três Lagoas (MS), que será seguida de outra rodada de crescimento em 2020. Entre 2017 e 2018, a Eco Brasil Florestas também quer colocar em atividade seu projeto no Tocantins, de 1,5 milhão de toneladas anuais.
Mesmo que se considere o fechamento de fábricas de alto custo, sobretudo no Hemisfério Norte, é crescente a percepção de que até haveria espaço para o volume adicional total planejado pelos produtores, mas em um intervalo de tempo mais amplo do que o esboçado atualmente. Foi nesse contexto que os debates sobre a consolidação do setor, que no passado motivaram estudos dentro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), ganharam força.
Entre os produtores, não há expectativa de um "desastre" na relação entre oferta e demanda - embora todos admitam que os preços deverão recuar à medida que os projetos cheguem a mercado. Ainda assim, são muitos os sinais de que as margens poderão permanecer pressionadas por um longo período e que o retorno do investimento poderá ser afetado de maneira importante se não houver ajustes de calendário.
Valor Econômico - 29/01/2014
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