segunda-feira, 20 de janeiro, 2014

Com a Copa, indústria aposta nos calçados esportivos

A estabilização nos índices de crescimento do setor e a concorrência com outros bens de consumo estão forçando os fabricantes de calçados a colocar os pés no chão. Para amenizar os reflexos dessas tendências macroeconômicas, algumas marcas apostam em oportunidades de mercado, principalmente com a Copa, para melhorar os resultados.
"Durante três anos seguidos o segmento obteve uma expansão anual de 10%. Agora, observamos um esgotamento do consumo no mercado interno. A inflação, a concorrência com outros bens e a renda comprometida geram um impacto direto no setor", disse o presidente-executivo da Associação Brasileira de Calçados (Abicalçados), Heitor Klein, durante coletiva realizada na 41ª edição da Couromoda, em São Paulo.
Diante deste cenário, o Grupo Amazonas aposta na linha oficial de sandálias da Copa do Mundo, licenciada pela Fifa, para elevar suas vendas no Brasil. "Além do varejo em geral, essas unidades serão comercializadas em quiosques montados nos estádios que receberão os jogos. No Maracanã, por exemplo, serão montados quiosques em todos os acessos, somando mais de 20 espaços", diz o supervisor de marketing da Amazonas Brands, Rafael Wirz.
De acordo com o executivo, mais de 1 milhão de pares serão colocados no mercado e devem chegar às lojas no próximo mês. Os preços sugeridos ao varejo são de R$ 29,90 e de R$ 39,90.
Segundo Wirz, o setor de sandálias ainda é beneficiado pelo alto consumo no Nordeste, aonde o inverno é menos rigoroso, o que mantém as vendas durante todo o ano. "Em 2013, nós registramos uma alta expressiva na produção e nas vendas, que praticamente dobraram ante o mesmo período de 2012. Isso nos deixa otimistas para este ano", acrescenta Wirz.
Outra empresa que pretende surfar na onda da Copa é a Bull Terrier, fabricante de calçados para a prática de esportes de aventura. Para este ano, a marca projeta um aumento em torno de 5% na produção e nas vendas.
"Acreditamos que o mercado registrará uma melhora em 2014 e a Copa do Mundo, de uma certa maneira, acaba estimulando a prática de esportes. Contamos com isso", diz o gerente comercial da Bull Terrier, José Balduino.
A marca deve lançar 20 novos produtos neste ano e quer chegar à outras regiões do País, aonde sua presença não é tão forte. "As regiões Norte e Nordeste estão na nossa mira. Hoje, 60% das nossas vendas estão concentradas no Sul do Brasil, enquanto o restante fica na região Sudeste", acrescenta. Com uma fábrica em Franca, no interior de São Paulo, a Bull Terrier já utiliza 90% da sua capacidade e trabalha em um turno durante o ano inteiro.
No mesmo segmento de calçados para esportes de aventura, outra empresa planeja aproveitar o mundial para crescer. É o caso da Braddock. "A Copa do Mundo no Brasil fará com que as pessoas circulem mais pelo País. O acesso às novas paisagens deve aumentar a busca por calçados confortáveis e apropriados para esses locais", explica a consultora de marketing da Braddock, Fernanda Martins, ao DCI.
Para 2014, a marca planeja um crescimento de 10% a 15% na produção e nas vendas. Os preços da nova linha de produtos variam entre R$ 229 e R$ 279, e as classes A e B são o público alvo da empresa.
"Tem algumas regiões no País que ainda queremos explorar também, como o Vale do Paraíba (SP). Hoje, o Sudeste e o Sul concentram a maioria das vendas da companhia, cerca de 70% a 80%", afirma Martins.
Segundo a executiva, o aumento nos preços de algumas matérias-primas, como o couro, forçará a empresa a realizar um reajuste nos preços finais. "Essa alta, no entanto, deve ficar abaixo do crescimento registrado pelos insumos. Em média, esse ajuste ficará em 4%", finaliza Martins.
E ao que tudo indica, até as marcas de calçados infantis querem aproveitar a oportunidade oferecida pela Copa. Um exemplo disso é a Klin, que desenvolveu a nova linha Klin Seleções.
"Em 2014 vamos aproveitar as oportunidades de mercado para oferecer algo diferenciado e obter bons resultados", diz o gestor de negócios da Klin, Otávio Facholi.
A nova linha será formada por cinco tipos de sapatos que virão acompanhados por um cachorro de pelúcia que late e grita gol. Cada sapato representa uma nação: Brasil, Alemanha, Itália, Espanha e Japão. "Já iniciamos a produção e as entregas devem começar em março, seguindo pelos meses de abril e maio", afirma Facholi.
Os preços sugeridos giram em torno de R$ 99 a R$ 120. Em relação a um possível reajuste de preços, o executivo ressalta que até este momento a empresa conseguiu segurar. "A pressão existe e aparece em todo início de ano. Para reverter isso, contamos com a parceria dos fornecedores, que também tentam segurar os preços para não prejudicar o consumo", acrescenta.
Para este ano, a companhia espera estabilidade na produção, que em 2013 avançou 5,5% ante 2012. Ontem, o presidente da Couromoda, Francisco Santos, afirmou que os negócios fechados na feira abrem "perspectivas de um bom ano, com possível crescimento de 3,5% sobre 2013".
Diário Comércio Indústria e Serviços – 17/01/2014
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