sexta-feira, 06 de setembro, 2013

Fabricante quer reajuste de até 14%

Fabricantes brasileiras de papel-cartão pretendem reajustar a tabela de preços em até 14% a partir de 1º de outubro, segundo fontes ouvidas pelo Valor. Demanda relativamente aquecida e sobretudo a pressão de custos com matéria-prima e mão de obra justificariam a correção dos valores atuais.
Quarta maior produtora nacional, a Papirus já anunciou aumentos de 12,5% a 14% para seus produtos, numa tentativa de recompor margens pressionadas por custos em alta, disse o presidente, Antonio Claudio Salce.
Klabin e Suzano Papel e Celulose, as duas maiores fabricantes desse setor no país, estão avaliam a aplicação de reajustes, segundo fontes do setor. Procuradas, elas informaram, que não comentam valores de mercado. A Ibema, terceira no ranking de papel-cartão, também teria anunciado aumento de até 14%. Procurada, a empresa informou, por meio de assessoria de imprensa, que o cenário ainda não é favorável a reajustes e que não houve anúncio.

Para a Papirus, há espaço para correção dos preços e esse movimento é "necessário". Conforme Salce, os 14% propostos são formados por um resíduo da alta de custos que deveria ter sido integralmente repassada desde o fim de 2012 mais o impacto do dissídio coletivo de outubro. Esse percentual ainda não foi fechado. "Há um resíduo da tentativa de reajuste do início do ano, o aumento de custos do primeiro semestre e o dissídio", disse. "Não há como não repassar".
Em sua avaliação, embora o mercado doméstico não esteja "magnífico", as vendas estão dentro do esperado. No segundo semestre, há aceleração das encomendas em razão das festas de fim de ano e julho e agosto já mostraram esse movimento. "O que move o setor são produtos de consumo e a demanda está normal", afirma.
No ano passado, a Papirus vendeu 73 mil toneladas de cartão e obteve faturamento de R$ 220 milhões. Para 2013, a previsão é chegar a 76,5 mil toneladas, com receita bruta de R$ 255 milhões. A melhora de desempenho, conforme o diretor comercial, Amando Varella, será possível graças ao foco em mercados mais sofisticados e ao avanço sobre o mercado de concorrentes menores que enfrentam dificuldades econômicas.
A direção da Papirus reconhece que sua rentabilidade, no momento, está aquém do almejado. O desejo é atingir margem Ebitda (resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 25% e, com o reajuste de até 14%, esse indicador já poderá "beirar os 20%". "Precisamos recompor margens", afirma Salce.
A empresa vê ainda necessidade de surgimento de um terceiro grande competidor da indústria, com musculatura para concorrer em condições de igualdade com Klabin e Suzano, que lideram o mercado nacional de cartões com folga. Em 2010, Papirus e Ibema chegaram a assinar uma carta de intenção para fundirem seus ativos, o que daria origem a uma nova empresa, com faturamento anual de R$ 500 milhões. Os planos, contudo, não vingaram.
"O setor precisa de um terceiro competidor forte. Mais cedo ou mais tarde, vai ser necessário repensar isso", diz o presidente da Papirus. "Os planos não deram certo por questões das duas empresas. Mas [uma eventual fusão] está sempre no radar." Mas diz que não há nenhuma conversa em curso.
Em 2012, segundo a Bracelpa, entidade do setor, as vendas internas de papel-cartão somaram 530 mil toneladas, com alta de 3,5%. Já as importações avançaram 12,8%, para 44 mil toneladas.
Valor Econômico - 05/09/2013
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