segunda-feira, 25 de março, 2013

Diamantes e ouro em garrafa de US$ 900 mil

Quem diria que a água também viraria uma celebridade. As versões de luxo, finas ou premium como são chamadas, são cada vez mais procuradas. O mundo toma mais água mineral incentivado por uma busca de saúde e forma física. Mas também porque muitos rótulos entraram na categoria dos produtos "must have".
Há quatro anos uma garrafa da americana Bling H2O, cravejada com 10 mil cristais Swarovski, foi leiloada em Dubai por US$ 23 mil. Também nos Emirados Árabes, no ano passado, foi lançado um exemplar de água mineral em embalagem para colecionador. Era revestida por ouro e diamantes, com partículas de ouro comestível no líquido, e custava US$ 900 mil.
Águas com nome, estirpe e roupa bonita não figuram só no almanaque das extravagâncias. Elas são cada vez mais valorizadas por sua "virgindade", critério que pode ser associado a exclusividade. Trata-se de seu índice de "intocabilidade" humana, ou seja, uma água que vem de lugares ermos dos Andes, do Himalaia etc, e na qual os terráqueos praticamente ainda não encostaram um dedinho. Numa explicação técnica, uma água é considerada mais virgem quanto menos nitratos estiverem presentes em sua composição.
Um dos exemplos mais famosos nessa categoria é a norueguesa Voss, que chegou ao Brasil há dois anos. Ela é extraída de uma região inóspita da Noruega e se tornou um objeto de desejo por ser embalada em frascos que lembram perfumes e que foram desenvolvidos por um ex-designer da Calvin Klein. Custa, em média, R$ 12 na garrafa de vidro.
A estratégia da marca, que no Brasil é importada e distribuída pela Casa Flora, é estar nos lugares mais "cool" e luxuosos. A Voss está em 180 pontos de venda no país como os hotéis Fasano, Emiliano, restaurantes estrelados e delicatessens selecionadas.
"O consumo de águas premium ainda está só no começo no Brasil, mas é crescente. Até 2014, vamos chegar a 300 pontos com a Voss e ocupar 10% do mercado de águas importadas no país, o equivalente a 150 mil litros", diz Evelee Franco, gerente da marca na Casa Flora.
O consumo de águas premium também cresce em função do reconhecimento de sua função gastronômica. Há cinco anos, por exemplo, a Associação Brasileira de Sommeliers (ABS) iniciou um curso sobre o serviço de águas para atender o mercado. "Os consumidores viajam mais e ficam mais exigentes. Por sua vez, os profissionais são cada vez mais cobrados e precisam ter subsídios até para montar uma carta de água nos restaurantes", diz o especialista Mario Telles, que ministra o curso na associação. "Enquanto o consumo de vinhos está estável, o de água mineral só cresce ", diz ele.
Em linhas gerais, as águas minerais se dividem por critérios como a presença de minerais, o pH - alcalino e ácido -, e se são gasosas ou não. No Brasil, 90% da água consumida é sem gás e com baixo índice de sais minerais. "Na Europa, com a presença maior de águas mais mineralizadas, o consumidor está acostumado a versões mais encorpadas", explica Telles. Nos Estados Unidos, 65% da preferência também é por não gasosa. Na Itália, o interesse maior é pelas águas com bolhas.
Por essas variáveis, é possível fazer harmonizações gastronômicas que tiram a água do papel de coadjuvante. Saladas vão bem com versões bastante gasosas, destaca Telles. "A combinação dá uma sensação agradável de frescor." Sobremesas, por sua vez, vão casar melhor com águas de pH quase neutro. "As alcalinas puxam para o sabor de 'sal de fruta' e vão bem com grelhados e queijos fortes, como o reblochon." Os pratos mais gordurosos ficam melhor acompanhados de águas com índice alto de minerais. "Um leitãozinho da Bairrada, por exemplo, vai bem com a portuguesa Pedras Salgadas", afirma Telles.
Valor Econômico
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