quarta-feira, 20 de março, 2013

Avanço de microcervejarias estimula setor de máquinas

Elas já são mais de 200 em todo o País e permitem ao consumidor brasileiro fugir da hegemonia da cerveja Pilsen, com a produção de bebidas com teor de malte acima de 80%, fabricadas com ingredientes especiais, seguindo receitas tradicionais. As microcervejarias ainda têm participação pequena na produção nacional - de 0,15% dentro dos 13,7 bilhões de litros fabricados no País em 2012, devendo chegar a 2% em 10 anos, segundo a Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe) - mas sua proliferação já estimula outro segmento: o de máquinas e equipamentos para a produção de cerveja em pequena escala.
São empresas como a paulista PKK e as gaúchas Roman e Serra Inox, que, com preços mais acessíveis do que as importadoras, ajudam empreendedores nacionais a criar pequenos negócios. "O mercado de microcervejaria começou a crescer por volta de 2002, 2003, e teve um avanço espantoso. Cada vez mais cervejeiros caseiros produzem boas cervejas e, quando chegam a uma receita definida, investem em equipamentos maiores e partem para a microcervejaria", conta o diretor comercial da PKK, Juvenal Bonifácio Jr. Segundo ele, o investimento inicial para uma produção caseira varia de R$ 5 mil a R$ 10 mil, já para uma microcervejaria, fica em torno de R$ 300 mil.

Com fábrica em Santana do Parnaíba (SP), a PKK produz atualmente 70% do que vende, importando o restante. "Antes a maioria era importação, porque quem investia eram empresas com capital para trazer produtos de fora. Hoje, este mercado mudou, são pessoas físicas. Isso estimulou a produção local de equipamentos", relata Bonifácio.
A empresa tem capacidade de produção de 50 toneladas mensais, e processa atualmente entre 35 e 45 toneladas ao mês, empregando 22 pessoas diretamente. O faturamento anual é de R$ 12 milhões, segundo o empresário. "Ano passado tivemos decréscimo na receita, devido à queda do investimento, mas este anos planejamos crescer 10%", projeta. Com investimento planejado de US$ 250 mil neste ano, o empresário está otimista. "Acredito que, até 2016, o mercado de microcervejaria cresça de 20% a 30%", diz.

O sócio diretor da Roman Máquinas e Equipamentos, Márcio Roman, tentou entrar no mercado fornecendo para as grandes cervejarias, mas foi junto aos produtores caseiros que encontrou seu espaço. "Desenvolvi equipamentos para fabricantes caseiros que estavam migrando para a produção industrial. Hoje já devemos ter entre 20 e 25 plantas instaladas", calcula.
Localizada em Bento Gonçalves (RS), a Roman emprega 18 funcionários, no processamento de até 10 toneladas de chapas aço ao mês. A utilização da capacidade é maior no meio do ano, quando os cervejeiros se preparam para a produção de verão. O faturamento anual é de R$ 10 milhões, segundo Roman, e a meta de crescimento é de 10% a 15% em 2013.
"Acredito que a tendência no número de cervejarias é aumentar e muito, mas as existentes devem se estabilizar num patamar entre 5 mil e 10 mil litros", avalia o industrial. Segundo ele, o que define o sucesso dos cervejeiros é a criatividade, e para ajudar nesse processo de produção customizada, a empresa deve lançar novos produtos ainda este ano.
A Serra Inox, também de Bento Gonçalves, é fruto da tradição da cidade na fabricação de equipamentos em aço inox, devido à produção vinícola da região, diz o sócio proprietário Marco Aurélio Dal Mar. "Temos foco principal em cerveja, mas trabalhamos também com o ramo farmacêutico, cosmético, químico e vinícola", afirma o empresário.
Dal Mar prefere não falar nos números de produção e faturamento da empresa, mas afirma que emprega 20 pessoas, fornecendo equipamento principalmente para manutenção e aumento de capacidade de micro e nanocervejarias. "Chegamos a um patamar em que muitas cervejarias já se estabilizaram, então melhorias de fábricas são um negócio mais concreto", acredita.
Segundo ele, o movimento de cervejeiros caseiros cresce, mas são poucos aqueles que conseguem dar o passo rumo à industrialização. "Acredito que o mercado de microcervejarias deve estagnar em dois a três anos, com a maturação das empresas existentes, que devem ocupar fatia maior do mercado, e uma reação das grandes multinacionais para barrar o crescimento das cervejarias artesanais", diz. Mas uma tendência forte no futuro, para o dono da Serra Inox, será a "nanoprodução" por bares e restaurantes, que poderão investir em marcas personalizadas, alimentando a demanda por equipamentos.
DCI
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