terça-feira, 01 de outubro, 2013

Norte-americana SEL deve começar a produzir no Brasil

A fornecedora americana de equipamentos para o setor elétrico e sistemas de proteção industrial Schweitzer Engineering Laboratories (SEL) planeja instalar sua primeira fábrica no Brasil em 2014. A planta, que vai abrigar a montagem dos painéis onde são instalados os equipamentos importados, deve ser localizada em Campinas, no interior paulista. A produção local é parte de estratégia da companhia para dobrar de faturamento no País até 2017.
A empresa adiou seu plano de começar a produzir no Brasil este ano, frente às incertezas de mercado provocadas pela aprovação, ao final de 2012, da Medida Provisória (MP) 579, que estabeleceu a renovação antecipada das concessões de geração e transmissão do setor elétrico, para reduzir as tarifas de energia. "Adiamos o plano para o ano que vem, quando devemos encontrar um local para ter uma planta de montagem de painéis", adianta o diretor geral da SEL no Brasil, Fernando Ayello.
Com filial no País desde 2000, sediada em Campinas, a SEL planeja instalar no município sua nova unidade. A fábrica deverá empregar cerca de dez pessoas, na produção inicial de 80 a 100 painéis por mês. "Nós importamos os produtos da matriz e aqui fazemos a montagem dos painéis, que vão para as subestações. Atualmente, compramos esses painéis de fornecedores locais. Vamos eliminar isso e passar nós mesmos a fazer as montagens dos equipamentos", diz. Hoje, a SEL possui fábricas nos EUA e México.
Outra novidade no Brasil será a abertura de dois novos escritórios comerciais até 2015, em Porto Alegre e Rio de Janeiro. Também é estudado um terceiro escritório em Recife, a depender de contratos fechados na região. As novas frentes se somarão às quatro atuais, em Salvador, Curitiba, São Paulo e Belo Horizonte.
Empresa jovem
Fundada em 1982, a SEL chegou ao País primeiro indiretamente, através de fornecimentos para grupos multinacionais que venceram leilões de energia no final da década de 1990. Após participar do fornecimento para o Linhão Norte-Sul da Eletronorte, a empresa decidiu finalmente instalar-se no País. "O Brasil representa hoje cerca de 12% do faturamento global da companhia, enquanto em multinacionais semelhantes, fica na faixa de 4% a 5%", compara, ressaltando a importância dos países emergentes, frente à saturação dos maduros.
A empresa tem realizado crescimento de 25% a 30% ao ano no País desde 2006, segundo Ayello. O avanço é fruto de uma mudança de estratégia. "Mudamos nosso conceito de negócios no Brasil. Antes revendíamos produtos e dávamos suporte, passamos a fazer engenharia e oferecer soluções completas", conta. Assim, a venda de sistemas passou de uma participação inicial de 5%, para 60% do faturamento nacional em 2013 - sendo o restante referente à venda de produtos avulsos.
Nos últimos 12 meses, a empresa fechou nove novos contratos com grandes companhias dos segmentos de transmissão e distribuição e industrial, no valor total de R$ 60 milhões. Na área de indústria, por exemplo, dois fornecimentos foram para refinarias da Petrobras, que somam R$ 11 milhões em sistemas para minimizar o impacto de blecautes.
Em transmissão, a companhia fechou um grande fornecimento, de mais de R$ 5 milhões, à Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), para a entrega de 300 relés de distância e sobrecorrente. Já em distribuição, Ayello cita contrato no valor de R$ 12 milhões com a Companhia Paranaense de Energia (Copel), de equipamentos para abastecer obras da empresa por dois anos.
Impacto regulatório
Neste segundo semestre, a redução de receita das empresas do setor elétrico, efeito da MP 579, começa a impactar os negócios da fornecedora. "O nosso tipo de produto leva um tempo para sentir, pois não estamos na primeira linha dos fornecedores. Até agosto estávamos indo bem, mas a partir de setembro começamos a sentir o que os outros players já falavam no início do primeiro trimestre deste ano", conta Ayello.
Segundo ele, o número de consultas diminuiu, os pedidos estão sendo postergados e a velocidade de decisão de compra foi reduzida. "O pessoal está segurando o investimento", avalia. Na área industrial, a empresa também sente uma queda, segundo o executivo, em função da Petrobras. "Não pode subir a gasolina, para conter a inflação, aí segura investimento e, como consequência, várias indústrias que dependem da Petrobras também seguram", diz.
Assim, a empresa projeta crescer de 12% a 15% no ano, abaixo da média recente. Mas, no futuro, espera recuperação, passando a fornecer também para a área de infraestrutura, onde ainda não atua. A retomada dos investimentos da Petrobras com o pré-sal, a renovação das concessões de distribuição e a adaptação das empresas do setor elétrico aos novos patamares de receita também prometem reanimar a demanda. "As concessionárias terão que se adaptar a essa nova realidade. Uma das formas é reduzir custos, automatizar, melhorar processos. E é isso exatamente que fazemos", conclui.
Diário Comércio Indústria e Serviços – 30/09/2013
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