Habib's investe para manter preço baixo

O grupo Habib's, dono de redes de fast-food, vai aplicar R$ 35 milhões na criação de três empresas de produção e distribuição de alimentos e na transferência e ampliação de sua fábrica de pães e sorvetes. O objetivo é ter controle sobre o padrão dos produtos e conseguir manter a estratégia de preços agressivos. O projeto também dará fôlego para a companhia expandir sua presença no varejo.
Estão em execução os projetos de um centro de armazenagem e distribuição de sorvetes e congelados (como batata pré-frita), uma processadora de vegetais e outra de frutas e sucos congelados. Todos serão inaugurados ao longo dos próximos dois anos em municípios paulistas. Além de atender a demanda interna, a ideia é que, posteriormente, as unidades forneçam para terceiros.
O grupo, dono das marcas Habib's (comida árabe), Ragazzo (italiana) e Box 30 (salgadinhos) já tem 14 cozinhas industriais e empresas de diversos setores, como "delivery", confeitaria, laticínios, consultoria e publicidade.
A fábrica de pães e sorvetes será transferida de Diadema para Itapevi (SP). Maior e com novas linhas, a unidade vai permitir à companhia explorar o varejo, com a marca Habib's Gourmet. O grupo já vende pastel de belém, bolo de bacalhau e empada em alguns supermercados paulistas e, dentro de três meses, quer colocar mais 15 itens nas gôndolas, como massas, salgados e sobremesas geladas. Depois, a ideia é expandir o projeto para outros Estados.
O Habib's também vai testar um novo modelo de loja em São Paulo, com uma área de autosserviço para vender esses produtos. "Os novos projetos já vão seguir este novo conceito", diz Mauro Saraiva, diretor das empresas e indústrias do grupo, que abre cerca de 40 lojas ao ano e reforma de 30 a 40.
O investimento em novas empresas tem como objetivo manter o padrão de qualidade da rede e fazer com que o preço ao consumidor seja o mais baixo possível, segundo Saraiva. A empresa vende alguns produtos a menos de R$ 1. Desde agosto, uma campanha oferta esfihas de frango, bolinhos de bacalhau e quibes pequeno por R$ 0,69.
De acordo com Saraiva, todos os sucos vendidos pelo Habib's são feitos com fruta in natura, e a nova fábrica em Lins (SP) visa garantir a demanda. "Não usamos polpa e, num mercado cada vez mais industrializado, os fornecedores ficam escassos", diz.
A unidade de processamento de vegetais ficará em Monte Alto, a 350 km de São Paulo, e será usada para que a companhia tenha uma alternativa em épocas de alta nos preços dos alimentos. "A ideia é ter um 'pulmão' para abastecer nossas fábricas, assim não estaremos tão expostos a preço", afirma Saraiva. A companhia vai usar tomates e cebolas congelados quando a cotação estiver desfavorável.
Nos primeiros meses deste ano, quando o preço do tomate subiu mais de 300%, o grupo conseguiu fazer acordo com produtores, mas ainda assim sentiu impacto. O tomate e a cebola são usados na esfiha de carne, carro-chefe da rede. Em 2012, foram vendidas 680 milhões de esfihas de todos os sabores disponíveis no cardápio.
As 14 cozinhas industriais, chamadas de centrais de produção, produzem 90% do cardápio. Os quibes do Habib's, por exemplo, são feitos nesses locais, que abastecem diariamente os restaurantes, onde são fritos. A central paulistana, em Itapevi, responde por metade da produção. O centro de armazenagem e distribuição de congelados também ficará em Itapevi e vai gerar uma economia de 50% na estocagem de itens como batata pré-frita, sorvetes e massas.
O Habib's foi fundado pelo médico Alberto Saraiva, primo de Mauro, há 25 anos. Hoje são 430 lojas Habib's, entre abertas e para abrir, em 112 cidades do país. A marca Ragazzo tem 38 pontos, e a Box 30 tem 10. Esta última é a mais nova - criada há quase três anos - e ainda não começou a ser franqueada.
Num ano em que o consumidor está com o bolso apertado e donos de restaurantes reclamam da diminuição do fluxo de clientes, o grupo planeja crescer 14%.