terça-feira, 01 de outubro, 2013

Cerveja especial ganha paladar de consumidores populares

A maior demanda por cervejas especiais (premium) chama a atenção de grandes varejistas, como o Pão de Açúcar, que vendia 12 rótulos dessa categoria em 2010 e hoje conta com mais de 150.
"Atualmente oferecemos 15 tipos diferentes da bebida, oriundas de 16 países", afirma o comprador nacional de cervejas do Grupo Pão de Açúcar, Robson Grespan. "O consumo de cerveja no Brasil está mudando claramente. Pessoas que ganham acima de dois salários já procuram cervejas diferenciadas".
Caracterizadas por ingredientes de melhor qualidade e maior valor agregado, as cervejas especiais são procuradas principalmente pelas classes A e B. Essa camada da população é responsável por 55% do potencial de consumo de bebidas fermentadas este ano, um total de R$ 3,3 bilhões, de acordo com o Ibope Inteligência.
De olho neste cenário, players especializados se mostram otimistas com o potencial do mercado brasileiro - o terceiro maior mercado do mundo em termos de consumo por volume, segundo levantamento da consultoria Mintel - e a alta demanda existente. O segmento cresce mais do que grandes marcas, que dominam o mercado mas apresentaram recentemente redução nas vendas, caso da Ambev, com queda de 4,4% no primeiro semestre.
Para o criador do festival Beer Experience, que reúne mais de 40 cervejarias artesanais, André Cancegliero, o setor evolui muito ano a ano. "Há seis anos vemos crescimento exponencial. Hoje são mais de 30 varejistas especializados neste nicho", relata Cacegliero. A terceira edição do evento espera de 10 mil a 15 mil visitantes este ano, mais que os 2.500 de 2011, e a expectativa é movimentar até R$ 2 milhões só com vendas de cervejas no dia do evento.
Um dos expositores no evento é o Mr. Beer, varejista de cervejas especiais e importadas que atua pelo sistema de franchising. "Atuamos há quatro anos e hoje temos cerca de 85 lojas. A ideia é encerrar o ano com algo em torno de 100 operações", afirma o diretor do player, Humberto Ribeiro. "Lidamos com um mercado ainda incipiente, mas que cresce cerca de 15% ao ano".
O Mr. Beer evolui acima desse percentual. A rede faturou quase R$ 13 milhões em 2012, e deve encerrar este ano com um faturamento girando em torno de R$ 30 milhões, crescimento de 130%. "Esse incremento se deve muito ao maior número de lojas e também à maturidade alcançada por outras. A tendência é que tenhamos algo perto de 150 operações em 2014, naturalmente com uma desaceleração do ritmo de crescimento", ressalta Ribeiro.
A rede possui dois formatos de lojas: os quiosques em shopping centers, que oferecem pelo menos 100 rótulos de cervejas, entre premium e importadas; e as lojas de rua, que tem de 250 a 300 rótulos, além de possuir harmonização com alimentos. De olho nesse mercado, o player diversificou suas vendas. "Pelo menos 50% de nosso portfólio é composto por cervejas exclusivas aqui no Brasil, e no ano que vem devemos implementar nossa marca própria. Hoje já vendemos também um kit para o cliente produzir sua própria cerveja em casa, que custa em média R$ 590", conclui o diretor.
Outros canais
Além do crescimento no varejo físico especializado, outros canais também buscam uma fatia deste mercado. O número de clubes de compras de cervejas, que oferecem uma entrega mensal de rótulos em troca de uma taxa mensal, tem aumentado. É o caso da The Beer Planet, aberta recentemente, que além deste formato, possui também uma loja virtual.
"Reconhecemos que o consumidor quer provar novas cervejas, mas não tem muita orientação. Juntamos então no mesmo lugar um e-commerce, que fornece o máximo de informação possível, e o clube, em que o usuário conta com uma curadoria de sommeliers", afirma o diretor-executivo do The Beer Planet, Eduardo Caldas.
O player oferta mais de 300 rótulos, e a ideia é chegar a 500 ainda este ano. "Estamos extremamente satisfeitos com os resultados até aqui, e a expectativa é chegar ao final do terceiro ano de funcionamento com 10 mil assinantes" aponta o empresário.
No entanto, este nicho ainda enfrenta diversos obstáculos e, ainda que cresça ano a ano, está longe de alcançar a mesma representatividade das marcas maiores. "Por um lado, o mercado cresce, todo mundo vê isso, mas hoje temos muitos produtos no Brasil, há uma concorrência feroz neste mercado, com mais de mil marcas brigando por um pequeno pedaço", relata o diretor da Uniland, importadora de cervejas, Renato Lima.
Para o empresário, os resultados são positivos, mas não se trata de um cenário ideal. "Esse ano crescemos 20% ante 2012, mas tivemos algumas complicações, como em setembro, devido à alta do dólar", afirma Lima. "O final do ano vai trazer boas vendas, há muita demanda, mas a oscilação cambial vai ter um impacto e pode trazer uma revisão para baixo das nossas projeções", conclui.
Diário Comércio Indústria e Serviços – 27/09/2013
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