quinta-feira, 11 de abril, 2019

Mercado doméstico melhora, porém patamar pré-crise ainda está distante

A melhora da oferta de crédito tem estimulado as vendas de motocicletas no início deste ano. No entanto, no atual ritmo, a produção ainda deve levar pelo menos dez anos para voltar aos patamares recordes do setor, de mais de dois milhões de unidades.“Há uma maior disponibilidade de crédito e a procura cresce gradualmente, no ritmo da estabilidade do mercado de trabalho. Neste momento, o consumidor opta pela compra de veículos, mas outros bens de consumo não apresentam o mesmo desempenho”, aponta o economista da Pezco, Yan Cattani.Dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo) mostram crescimento das vendas no primeiro trimestre, tanto no varejo (+17,9%), quanto no atacado (+15,7%). A produção registrou avanço de 6,6% no período e a entidade revisou sua projeção de alta, em 2019, de 4,2% para 6,1%.O presidente da Abraciclo, Marcos Fermanian, atribui o avanço a maior oferta de crédito e a melhora da confiança do consumidor “Há um viés positivo, mais baseado na expectativa do que em uma evolução real da economia. Quem toma crédito tem convicção de que possui emprego garantido”, disse ontem em coletiva de imprensa.O dirigente lembrou que, conforme o último relatório do Banco Central, o saldo de crédito para aquisição de veículos cresceu 14,1% no primeiro bimestre, para cerca de R$ 347 milhões. “A inadimplência está baixa e o consórcio também evoluiu”, assinala.Cattani ressalta que o aumento da tomada de crédito é expressivo, muito em função da base fraca. “Houve uma forte diminuição durante a crise, pois havia a expectativa de que a inadimplência pudesse aumentar, mas ocorreu o contrário, as pessoas interromperam a procura”, esclarece.Fermanian acredita que a opção pela motocicleta também reflete uma demanda reprimida. “Para boa parte da população do País, é o único veículo acessível, tanto pelo preço quanto pela economia de combustível. Em cidades menores, onde o serviço de transporte público é limitado, é um item necessário.”Ociosidade O presidente da Abraciclo estima que, no ritmo atual de crescimento, a produção só chegará à ocupação total do parque industrial em dez anos. “Em 2018, voltamos a produzir acima de um milhão de unidades pela primeira vez desde 2015. Estamos em fase de recuperação. Ainda não dá para dizer que a indústria está em um momento saudável.”Nos anos de 2008 e 2011, a produção de motos alcançou dois milhões de unidades. Mas após sucessivas quedas, chegou a 882 mil em 2017. “Esse encolhimento exigiu sacrifícios e impactou toda a cadeia de fornecedores e concessionárias. Caiu mais do que o esperado”, explicou Fermanian.Porém, ele afirma que o nível atual de utilização da capacidade é relevante e a tendência é de crescimento. “O Brasil é o sexto maior mercado do mundo. Um milhão de unidades por ano não é um número desprezível. O volume está aumentando e, daqui para frente, os fabricantes deverão fazer investimentos, começando por novas contratações.”
DCI - 11/04/2019
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