São Paulo - As cidades do interior do Brasil ainda têm sido observadas com muita atenção pelas administradoras e incorporadoras de shopping centers que operam no País. Isso porque, além de demandar investimento mais baixo em comparação com as capitais, os empreendimentos nos pequenos municípios contam com concorrência menor.
Por esses motivos, para entidades e empresários do setor consultados pelo DCI, as regiões afastadas das grandes metrópoles são vistas como peça fundamental para o desenvolvimento orgânico e saudável do mercado. "O futuro dos shoppings passa por essa interiorização. É uma peça fundamental para a evolução do nosso mercado. Por isso, a maioria dos novos espaços está concentrada neste tipo de cidade, menor, mas também desenvolvida", explica o presidente da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), Glauco Humai.
Não à toa, em 2015, 75% dos shoppings inaugurados no País estavam localizados em cidades do interior. Neste ano, cerca de 66% dos empreendimentos lançados também foram abertos nestas cidades. Caso a recuperação econômica se concretize, a previsão da Abrasce é de que este movimento seja mantido pelos próximos anos.
"Em época de recessão [econômica], o investidor fica mais voltado a negócios em mercados mais maduros, como é nas grandes capitais brasileiras. Porém, nesses locais os investimentos a serem realizados são mais altos, pois envolvem uma complexidade e concorrência maiores", afirma Humai.
Para ele, empreendimentos como shoppings não podem ser vistos apenas como centros de compras, mas deve ter funções que atraiam o maior número de visitantes possível, como escritórios e espaços corporativos. Já no interior, a necessidade é cobrir a população com acesso a uma estrutura maior de consumo.
Filão de mercado
Uma das administradoras que têm se voltado às pequenas cidades é a Saga Malls. Até 2020, a empresa deve inaugurar seis complexos de compras, metade deles em cidades como Anápolis (GO), Sobradinho (DF) e Aparecida de Goiânia (GO), espaços que devem receber aportes de R$ 1 bilhão.
De acordo com o diretor de gestão e operações da Saga Malls, os empreendimentos no interior vão além da motivação financeira, mas também social. "A Região Centro-Oeste do Brasil cresceu muito nos últimos anos, mas não tinha equipamentos como estes que estaremos inaugurando nos próximos anos. As pessoas anseiam por um centro de compras, por espaços modernos e bem-estar. É isso que vamos levar a eles", garante.
O grupo paranaense Tacla, que administra cinco empreendimentos no Sul do País, parte para a mesma estratégia: fortalecer o interior das regiões em que atua. "Lançamos um grande shopping em Umuarama, a 105 quilômetros de Maringá. É uma cidade que está se desenvolvendo rápido e que precisava de um complexo como o que estamos construindo", comenta o diretor do Grupo Tacla, Aníbal Tacla.
Com mais de 24,4 mil metros quadrados de área locável, o empreendimento deve se tornar o maior da região, com cinco lojas âncoras, 112 lojas satélites, 20 restaurantes, quatro salas de cinema e espaço de lazer. O investimento total é de R$ 50 milhões. A abertura está prevista para acontecer no primeiro semestre de 2018.
Além dele, o Grupo Tacla vai inaugurar outros três complexos até aquele ano. Um outlet em Porto Bello (SC), um megashopping em Curitiba (PR) e um empreendimento híbrido, com shopping, outlets e power center (lojas de construção de decoração) em Campo Largo (PR). "Ele foi inspirado em um complexo na região metropolitana de Paris, que reúne um shopping, lojas de outlets e de construção. Acreditamos que seja uma tendência para o nosso setor e estamos felizes de sair na frente", diz Tacla.
Hoje, de acordo com a Abrasce, cerca de 100 cidades localizadas no interior possuem shopping centers. Caso a economia volte a dar sinais positivos, a projeção é de que este número aumente muito. "O País tem mais de 5 mil municípios, se não tivermos uma outra crise econômica nos próximos anos, o mercado de shoppings deve avançar consideravelmente no interior", diz Humai, da Abrasce.
DCI
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