segunda-feira, 12 de setembro, 2016

Impressão de livros sob demanda visa absorver perdas com itens esgotados

São Paulo - Em um momento em que o setor livreiro sofre com a retração do consumo, um dos maiores grupos do ramo no Brasil, a BookPartners, investe em um novo modelo de negócios: a impressão sob demanda. Visando suprir o problema dos altos custos com estoque, a solução permitirá trazer de volta à ativa inúmeras obras fora do catálogo das editoras.
"A inspiração para começarmos a investir nessa estratégia veio de todo o dinheiro que estávamos perdendo com os livros esgotados", afirma o presidente da empresa, Carlos Henrique de Carvalho Filho, em entrevista exclusiva ao DCI. A holding, que controla a Cia. dos Livros, a editora B4, e duas distribuidoras do setor, calcula que só no ano passado cerca de R$ 7 milhões deixaram de ser ganhos com esses produtos, englobando um total de mais de 120 mil exemplares que foram procurados por consumidores, mas que por estarem inativos não tiveram a venda efetivada.
"E esse valor é subdimensionado, porque só estamos computando nessa estatística a primeira solicitação desse livro. Então as demandas seguintes eu já nem estou considerando. Esse número é apenas a ponta do iceberg", completa o diretor de operações, Mauro Azevedo.
Dentro desse cenário, e após três anos de pesquisa e adequação da infraestrutura, o sistema entrará em operação no final deste mês. A expectativa da companhia para o negócio é ambiciosa, e só em termos de parceiros editoriais a previsão é de que a solução conte com a adesão de cerca de 20% dos 1.600 parceiros que o grupo possui hoje em dia, além de contar com o catálogo da própria editora da holding, a B4 Editores. "Temos também algumas editoras norte-americanas que demonstraram interesse em trabalhar conosco, e com as quais estamos em fase de negociação", conta Azevedo, sem querer citar o nome das empresas interessadas.
Como funcionará?
Pela óptica do consumidor, o sistema não trará grandes complicações: assim que o cliente comprar o produto, uma ordem de impressão será emitida e o livro produzido e entregue. "A única diferença entre o livro que temos hoje em estoque e o sob demanda será o prazo de entrega. Enquanto no formato tradicional o prazo de postagem é de 24 horas, no novo sistema ele será de sete dias", diz Azevedo. "Mas esse era um produto que o consumidor antes não encontrava no mercado. Agora ele poderá comprá-lo, mas terá que esperar um pouco mais", acrescenta o executivo.
Do ponto de vista operacional, Carvalho aponta que o grande desafio passou pelo desenvolvimento do software que controla o fluxo de trabalho e pela mudança na mentalidade das gráficas. "O mais difícil é você conseguir gerir todo o processo para produzir um livro de cada vez. A impressão é continuamente variável, então a principal adaptação teve que vir das gráficas", explica.
Vantagens
Atualmente, para se colocar um novo livro no mercado o investimento inicial é muito alto, apontam os dois executivos. Antes mesmo de começar a comercializar o produto, é preciso realizar a impressão, estocagem e distribuição do item. "E sempre há o risco de perder essa mercadoria, ou por obsolescência ou por ser um livro que o mercado não aceite, que não tenha o volume de vendas que o editor esperava", afirma Azevedo. Ou, nas palavras de Carvalho, "lançar um novo livro hoje é como dar um tiro no escuro".
Por todos esses aspectos muitas obras que fazem parte do catálogo das editoras acabam não sendo reimpressas, mesmo que ainda tenham demanda, e alguns títulos nem sendo lançados. "O risco e o investimento para conseguir manter o produto ativo são muito altos, e a impressão sob demanda vem justamente para suprir esses problemas", sintetiza Carvalho, acrescentando que, apesar do foco inicial serem os livros fora de catálogo, há uma possibilidade imensa de negócios futuros.
Sobre os custos de se imprimir um produto em uma quantidade pequena, o presidente da BookPartners afirma que de fato ele é maior do que na impressão em grandes volumes, mas que, ao mesmo tempo, a economia que o sistema sob demanda gera nas outras etapas da cadeia acaba compensando essa diferença. "Você tem que olhar a cadeia de custos como um todo. Quando você olha somente para o custo gráfico, você efetivamente vai encontrar uma diferença. Mas olhando toda a cadeia, onde você deixa de ter o custo inicial de logística; o capital investido no estoque; o custo de armazenagem e o risco de perda desse material, a vantagem é imensa", explica.
Em relação aos planos futuros para a solução Azevedo sinaliza que a ideia é evoluir o processo de forma que em um curto prazo de tempo o editor se preocupe somente com a gestão do conteúdo, e toda a parte de gestão do processo de impressão possa ser absorvido dentro desse modelo.
"Nossa ideia é poder trabalhar até com sistemas híbridos, onde o editor possa ter uma tiragem curta, de mil, dois exemplares - para fazer um abastecimento inicial de giro de mercado -, e depois dê sequência ao processo de venda através do sistema de impressão sob demanda", finaliza.
DCI
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