sexta-feira, 27 de julho, 2018

Leilão de distribuidora da Eletrobras tem resultado melhor que o esperado

Mesmo sem disputa, o leilão da Cepisa, distribuidora da Eletrobras, teve resultado acima do esperado pelo mercado e rendeu um bônus de outorga de R$ 95 milhões ao Tesouro Nacional. Para especialistas, este foi um termômetro positivo para o próximo certame, que ocorre em agosto. “O leilão foi positivo. Um ativo que causa prejuízo ainda conseguiu arrecadar um montante. Isso traz uma boa expectativa para o leilão das demais distribuidoras, que acredito que terá maior interesse”, avalia o sócio da Mesa Corporate Governance, Luiz Marcatti. Além do bônus, o arremate da Equatorial Energia pela Companhia de Energia do Piauí inclui o pagamento do valor simbólico de R$ 50 mil pelas ações, o compromisso de investir R$ 720 milhões e reduzir a tarifa de energia em 8,5%. O lance foi o único do leilão, promovido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e realizado na Bolsa de São Paulo (B3) nesta quinta-feira (26). “A Equatorial era a principal interessada, mas chamou a atenção a agressividade do lance, considerando que a chance de ter outros competidores era baixa”, avalia a diretora da Thymos Energia, Thais Prandini.Para Marcatti, o fato de ter havido uma única proposta se deve à atratividade da região. “É preciso conhecer o local para operar, não é uma região que concentra tanto consumo”, aponta Marcatti. A Equatorial já atua com distribuição próxima ao Piauí, com as Centrais Elétricas do Pará (Celpa) e a Companhia Energética do Maranhão (Cemar). “O ativo tem tudo a ver conosco. A logística é diferencial, amplia nossa eficiência operacional”, declarou o presidente da Equatorial, Augusto Miranda, em coletiva de imprensa.O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Ronaldo Fonseca, minimizou a importância de ter sido feito apenas um lance. “O que importa é o resultado. O consumidor terá serviço com mais qualidade e preço razoável, que é exatamente o que o governo queria.” A Cepisa atende 1,2 milhão de usuários em 224 municípios do estado do Piauí. Miranda destacou a experiência da Equatorial na recuperação das distribuidoras. “Havia muito ceticismo em relação à Cemar e hoje nos orgulhamos da qualidade do serviço. Mais recentemente, adquirimos a Celpa e hoje a empresa já demonstra resultados satisfatórios.” O executivo classificou como natural a resistência de funcionários da Cepisa ao processo de privatização. Os servidores da distribuidora iniciaram uma greve de 48 horas na quarta-feira (25), em protesto contra o leilão. “Vamos tentar mostrar que os processos da Celpa e Cemar foram tranquilos. Primeiramente vamos sentar com a diretoria atual e entender o quadro de funcionários. Vamos privilegiar os valores da casa. Caso não tenha, vamos buscar no mercado. Mas o primeiro passo é o diálogo.”Demais distribuidoras A Cepisa é uma das seis distribuidoras de energia do Norte e Nordeste que ficaram sob controle da Eletrobras após acumular dividas e prejuízos. O próximo leilão está previsto para 30 de agosto, quando serão oferecidas a Eletroacre, Amazonas Energia, Boa Vista Energia e Centrais Elétricas de Rondônia. A Companhia Energética de Alagoas (CEAL) teve seu leilão suspenso em virtude de decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). A liminar, proferida pelo ministro Ricardo Lewandoski, foi concedida em um processo de autoria da Procuradoria-Geral do Estado de Alagoas. “A nossa expectativa é que a venda da CEAL ocorra junto com as demais em agosto, mas temos que aguardar a decisão judicial”, declarou o superintendente de desestatização do BNDES, Rodolfo Torres. A realização do certame depende da aprovação de um Projeto de Lei que destrava a venda das distribuidoras. “A expectativa é que o PL seja aprovado e o leilão ocorra no final do mês. Mas a questão da CEAL é mais complicada, não deve ser resolvida a tempo”, diz Thais. O ministro de Minas e Energia (MME), Moreira Franco, celebrou o processo de privatização das empresas. “Estamos realizando um esforço para acabar com um apartheid energético. As regiões Norte e Nordeste sofrem com condições inferiores de serviço por ineficiência dessas distribuidoras”, declarou a jornalistas.
DCI - 27/07/2018
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