segunda-feira, 05 de fevereiro, 2018

Campus Party fica ‘adulta’ e mais diversa

A luta pela presença de mais mulheres no setor de tecnologia, uma das bandeiras mais importantes do setor, não ficou de fora da 11.ª edição da Campus Party Brasil, feira de tecnologia que se encerra hoje em São Paulo. Pela primeira vez, segundo a organização, a participação feminina superou os 40% entre os 12 mil campuseiros – nome dado aos participantes que acamparam durante a semana no Centro de Exposições do Anhembi. Muitas delas vieram à feira pela primeira vez. “É maravilhoso, quero voltar no ano que vem”, diz a estudante Karoline Bernardo, de 17 anos. De Porto Velho (RO), Karoline faz curso técnico em Tecnologia da Informação e veio com sua classe à feira. Ela se impressionou com o contingente feminino – mas não foi a única. “Os caras ficam impressionados quando digo que estudo tecnologia e não estou acompanhando nenhum namorado.” A feira também ficou mais “adulta”: os gritos e a correria dos campuseiros atrás de brindes de patrocinadores ficaram de lado em 2018. Na maior parte do tempo, o Anhembi estava calmo, com palestras cheias e pouca confusão. Há até quem tenha trazido a empresa inteira, como a startup PRTE, com nove funcionários, para participar da “festa”. “Aqui tem empresários e investidores e é uma boa forma de oxigenar as ideias”, diz Pedro Santana, de 32 anos. Também é o caso da empresária fluminense Renata de Almeida, de 32 anos, atualmente em sua quinta Campus. Na primeira, veio para acompanhar o namorado, programador. Nesta, já casada, voltou para trocar cartões – é dona de uma produtora de conteúdo digital. “A gente se diverte, mas trabalha 24 horas por dia aqui na Campus”, conta. De quebra, trouxe a irmã mais nova, Júlia, de 11 anos. Espírito. Principal palestrante da edição deste ano, o cofundador da Apple Steve Wozniak cancelou sua apresentação por motivos de saúde. “Fiquei bem triste, queria muito ver de novo ele falando após pegar um autógrafo na Campus de 2011”, diz o programador Jonathan Delgado, 28 anos – e oito como campuseiro. Para substituir o parceiro de Steve Jobs, a feira organizou uma mostra com as melhores ideias e projetos. “Levar os campuseiros ao palco no mesmo dia e horário em que ele estaria aqui é uma forma de mostrar como seu legado nos inspira”, diz Tonico Novaes, diretor-geral da Campus Party. Mesmo mais madura, a Campus ainda conserva certa aura anárquica: continuaram presentes os indefectíveis baldinhos de miojo, corridas de campuseiros com cadeiras na cabeça, competições de karaokê e videogame e, claro, a “Campus B” – programação “alternativa” na porta do Anhembi, onde os participantes comem pizza e bebem cerveja e catuaba – proibidos na feira. Para os campuseiros, os laços formados na feira compensam a viagem até São Paulo. “No começo, vinha para aprender”, diz Delgado. “Agora, é para rever amigos.”
O Estado de S.Paulo - 03/02/2018
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