quarta-feira, 09 de agosto, 2017

Roupa íntima ganha 'status' de acessório e impulso na produção

São Paulo - Esconder a lingerie sob a roupa é coisa do passado. Hoje, peças íntimas servem até de acessório para dar mais estilo ao visual e com o "novo status" a indústria de moda íntima já começa a trilhar novos caminhos. A expectativa é de que a produção nacional cresça 3% este ano sobre 2016.
De acordo com o levantamento do IMEI - Inteligência de Mercado, as confecções brasileiras devem entregar mais de 800 milhões de peças este ano ante 778,9 milhões produzidas no exercício passado.
A expansão da atividade, apesar de o País ainda mostrar um consumo interno baixo, se deve principalmente ao design das roupas brasileiras e a às novas tecnologias aplicadas nas peças íntimas, avalia o presidente do conselho da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel. "O segmento avançou muito em termos de inovação e a lingerie se tornou um acessório", afirma o dirigente.
Mas não foi só isso. Desde o começo do deste ano as vendas de bens de consumo semiduráveis, que inclui roupas e calçados, vem registrando melhora significativa em relação a 2016, observa o diretor do IMEI, Marcelo Prado.
"O clima contribuiu bastante com o mercado de vestiário, sobretudo no inverno. Tivemos semanas de frio próximas de datas importantes como Dia das Mães e Dia dos Namorados, o que acabou levando mais consumidores às compras", avalia o consultor, acrescentando que uma vez dentro da loja o cliente acaba comprando também artigos de necessidade e não só presente. "Quase ninguém sai de casa para comprar cueca, calcinha, meia. Porém, dentro da loja fica fácil para converter o negócio", ressalta.
Segundo ele, com as vendas melhores este ano, quando comparadas a 2016, os varejistas demonstraram mais confiança para realizar novas encomendas. "O inverno salvou este ano. As mercadorias tiveram mais giro, os varejistas ficaram mais confiantes e, com capital na mão, podem partir para encomendas de final de ano e verão", comenta Prado.
Mesmo assim, na opinião dele, o mercado doméstico ainda vai apresentar uma oferta acima da demanda em 2017 e 2018. "Saímos do fundo do poço [registrado em 2016], mas somente em 2021 vamos retomar o pico de demanda visto em meados de 2010", acredita o diretor do IMEI.
A coordenadora da linha de lingerie da Berlan Têxtil, Bruna Fernandes, nota um aumento da demanda especialmente no segmento de maior valor agregado. De acordo com ela, a confecção apresentou um amplo crescimento em 2017 frente ao ano passado, devido a maior oferta de inovação nos tecidos: funções de combate à celulite e à hidratação da pele estão em alta e ganham força. "O segmento de moda intima deixou de ser roupa escondida, ganhou status de acessório e sai para a rua", pondera.
Já a diretora da Fruit de la Passion, Marie Alba Romeu, diz que a demanda "está um pouco melhor" este ano em relação a 2016, entretanto, a prudência deve ditar o tom dos negócios.
"A demanda ainda está tímida. Além disso, o setor de lingerie em específico tem passado por transformações de conceito. Muitas monomarcas entrando no mercado de varejo, o que gera uma nova dimensão para o setor. Precisamos ter uma atenção maior para entender estas mudanças para adaptar neste novo cenário", pontua Marie.
Exportação
Hoje, além de fabricação própria, em São Paulo, a Fruit de la Passion conta com oito lojas próprias e revendas espalhadas pelo País, e também busca exportar, conforme conta a diretora da empresa. "Como a marca ainda não é conhecida internacionalmente, estamos utilizando as ferramentas de comunicação presente nas redes sociais e revistas locais".
Atualmente, os modelos da confecção estão em algumas lojas nos Estados Unidos, Reino Unido, França, Paraguai, Chile, Portugal e Angola.
A Berlan Têxtil também está olhando para o mercado internacional, revela Bruna Fernandes. "A empresa voltou a exportar há dois anos e os embarques têm ganhado espaço no faturamento". A coordenadora nota ainda que "quando a empresa leva suas coleções para outros países, os compradores ficam encantados" com o design da marca.
Na visão do presidente do conselho da Abit, Fernando Pimentel, o reconhecimento da qualidade e do design dos produtos brasileiros colabora para um aumento das exportações, mas questões ligadas ao câmbio e burocracia ainda colocam dificuldade para o setor de vestuário como um todo.
O consultor Marcelo Prado considera saudável a exportação de pelo menos 10% da produção. No entanto, o Brasil vende para outros países apenas 1%. "O câmbio tira a competitividade brasileira e as pequenas [quase 97% do mercado] tem dificuldade de exportar", conclui o diretor da consultoria.
A previsão é de que os embarques de peças do segmento de moda íntima e para dormir não ultrapassem, 8,4 milhões de peças, um crescimento de 11,5% na comparação com o último ano, calcula o IMEI.
DCI - 09/08/2017
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